Tração total em equação para a Fórmula 1

28/10/2017

Já falámos do passado de forma detalhada na possibilidade da configuração de 4 rodas motrizes passar a ser uma realidade na Fórmula 1 a partir de 2020. Para os novos regulamentos, está-se a ponderar o uso de uma configuração semelhante ao que existe nos Híbridos do WEC, com motores elétricos dianteiros, para recuperação e aplicação de energia elétrica.

Os sistemas de tração integral não são novidade na F1 mas desde 1982 que estão banidos da competição. Mas para que a F1 se mantenha como a categoria rainha quer na competição quer na inovação, o sistema de tracção integral terá de ser equacionado pois a indústria automóvel caminha nesse sentido.

O que parece certo é o aproveitamento das atuais unidades motrizes, para que as equipas não tenham de gastar rios de dinheiro na investigação e desenvolvimento de novas unidades. Para compensar a falta de inovação desse lado e para manter a F1 como o pináculo da tecnologia, a utilização de motores elétricos no eixo dianteiro poderá trazer um elemento diferenciador e que possa atrair novas marcas. As marcas do grupo VAG (Porsche e Audi) estão familiarizadas com o uso desta configuração e tem motorizações que podem ser adaptadas à realidade atual da F1. Como os rumores da entrada na F1 por parte da Audi e da Porsche são cada vez mais fortes, o uso deste sistema poderia ser um chamariz para pelo menos uma delas. Provavelmente a Porsche!

A maioria dos construtores estão a desenvolver carros de tração integral com motores individuais para cada roda / eixo e é por muitos considerado o futuro do automóvel. Os LMP1 Híbridos já mostraram a eficiência deste sistema e a Porsche conseguiu extrair 400 cv dos motores eléctricos do eixo dianteiro, um número que dificilmente será atingido na F1, caso se opte por essa via, por restrições de peso e de acomodação da tecnologia. Mas a introdução deste sistema na F1 poderia fomentar o desenvolvimento e melhoria da tração integral. Não há modalidade como a F1 para ir além dos limites conhecidos. Lembram-se dos níveis de eficiência dos motores antes e depois de 2014?

O grande problema que se coloca nesta decisão é a questão central da F1 neste momento… os custos. Desenvolver um sistema deste género poderá ser dispendioso o que prejudicará logo as equipas mais pequenas e colocará em causa a premissa de uma F1 mais ‘barata’. Além disso, esta tecnologia poderá dar uma vantagem difícil de alcançar a médio prazo às equipas que consigam um sistema mais eficiente. Poderemos ter um caso semelhante ao das novas unidades motrizes que só agora começam a atingir níveis equiparados em todos os construtores, com a Mercedes a ter o domínio completo durante quatro anos. Repetir isso seria um golpe para as aspirações de uma F1 mais atrativa para novos públicos. É preciso ponderar muito bem que caminho seguir para que esta situação não se repita e ter uma F1 competitiva.