Talvez não seja das histórias mais conhecidas, mas o Príncipe Filipe, Duque de Edimburgo, e marido da rainha Isabel II, que morreu esta sexta-feira, aos 99 anos, chegou a utilizar viaturas elétricas. Isto não obstante ser um conhecido “petrol head”.
Após visitar a Antártida e o Atlântico Sul em 1956-57, o Príncipe Filipe passou a desenvolver trabalho na sensibilização para as questões ambientais.
Nesse contexto, o Duque de Edimburgo depois de ter tido em mãos um veículo elétrico na década de 1960, passaria a condutor regular de elétricos na década de 1980.
“Só o fiz porque era divertido!”
Na década de 1960, a imprensa salientou o facto de que o príncipe Filipe, ao guiar um veículo elétrico, revelava um interesse em reduzir a poluição.
Contudo, quando elogiado por fazer uso deste meio de transporte ecológico, ele respondeu de forma autodepreciativa à revista “cor-de-rosa” HELLO!: “I only did it because it was fun!” (“Só o fiz porque era divertido!”).Um Bedford Lucas Electric à medida do príncipe
Já na década de 1980, o Duque de Edimburgo, apaixonado por automóveis, chegou igualmente a ser condutor frequente de uma Bedford Lucas Electric.
Na realidade, pode até afirmar-se que o princípe Filipe foi proprietário desse veículo, já que se tratou de uma prenda do fabricante na altura para a Casa Real, especificamente a pensar em Filipe.
A história remonta a 1977, quando o Príncipe Consorte Filipe visitou a fábrica da Lucas em Solihull, onde lhe foram revelados vários protótipos de veículos elétricos.
O Duque de Edimburgo mostrou-se interessado na novidade, e quando o fornecedor de componentes Lucas começou a trabalhar com a GM para criar um veículo elétrico comercial, a empresa construiu uma “van limusine” baseada no Bedford CF e moldada de propósito para o Príncipe britânico.
Internamente, o fornecedor de componentes Lucas pressionou, então, a GM para que avançasse para a produção destes furgões (embora não na forma de limousines, mas antes como veículos comerciais).
Com o apoio também do governo britânico, os responsáveis americanos da GM aceitaram e a Bedford CF Electric entrou no mercado em 1982.
O modelo seria construído numa parceria entre a Bedford (sigla do Grupo GM), Lucas, Chloride Group e o governo do Reino Unido num esquema de apoio a 5 anos (até 1987).
Este recorte de jornal, de 2002, recorda este episódio:
Todavia, com o reduzido número de unidades vendidas e com o aproximar do fim do acordo entre GM e Lucas, a montagem da Bedford CF Electric cessou.
O CF Electric foi, contudo, o primeiro veículo movido a eletricidade produzido em série com base numa plataforma para veículos com motores de combustão.
Apesar de elétrico, o veículo tinha uma pequena particularidade: possuía um pequeno aquecedor a gasóleo para fornecer o aquecimento para o habitáculo!
De Buckingham até Windsor
Esta Bedford Lucas Electric era utilizada pelo Duque de Edimburgo para circular por Londres e para se deslocar entre o Palácio de Buckingham e o Castelo de Windsor, um trajeto muito curto de cerca de 1 km de extensão.
O exemplar desse veículo elétrico da Bedford Lucas está no Museu Heritage Motor Centre, em Gaydon.
100 km de autonomia
O veículo Lucas Bedford Electric Van dispunha de m motor elétrico Lucas CAV 40 kW montado transversalmente, acionando o eixo traseiro através de uma unidade de redução de dois estágios com travagem regenerativa.
Uma bateria de 216 volts foi instalada sob o piso do compartimento de carga, composta por baterias de 36 x 6 volts.
O veículo media 4310 mm de comprimento, 1950 mm de largura e 1950 mm de altura.
Apresentava um elevado peso de 3500 kg, muito por “culpa” do pack de baterias que pesava 1000 kg.
A autonomia era de 100 km e a velocidade máxima era de 80 km/h.
Este furgão de passageiros Lucas Bedford foi um exemplo de uma tentativa dos principais construtores automóveis (também da General Motors que detinha a Bedford) de produzir em série veículos comerciais totalmente elétricos, em resposta ao choque petrolífero do início dos anos 1970.