Euro NCAP: Uma estrela para Dacia Spring, zero para o Zoe

11/12/2021

Nos testes de segurança Euro NCAP, o Dacia Spring conquistou uma estrela e o Renault Zoe nenhuma.

O Renault Zoe entra para a história dos testes Euro NCAP mas não pelas melhores razões. Um dos elétricos mais populares do mercado tornou-se o terceiro carro na história do Euro NCAP a receber zero estrelas. Mas nem sempre assim foi, o modelo 100% elétrico da marca francesa recebeu, em 2013, cinco estrelas.

Um dos motivos para a franca pontuação prende-se com o airbag que protege apenas o tórax do passageiro deixando desprotegida a cabeça. De acordo com a NCAP, nos impactos frontais, o veículo mostrou baixa proteção para o tórax e joelhos nos passageiros da frente. Para quem viaja atrás, a segurança foi considerada como marginal para o tórax e baixa para a cabeça.

No teste de impacto lateral, os resultados também não foram os mais tranquilizadores. A NCAP pormenoriza que a proteção da cabeça do motorista é insuficiente, uma vez que chocou diretamente com a estrutura utilizada na simulação. A proteção torácica também foi considerada marginal.

A classificação com zero estrelas do Renault Zoe está também relacionada com a falta de sistema de segurança ativa, tais como aviso de saída de faixa e travagem de emergência automática (AEB) que a empresa de testes de segurança Thatcham considera que pode “reduzir colisões frontais e traseiras com lesões em 56%”. O Renault Zoe conseguiu uma classificação de apenas 14% na categoria Safety Assist, que é cerca de 61% abaixo da média de 2021. Contudo, a marca francesa já anunciou que a partir de março de 2022 o modelo Zoe terá de série o sistema AEB.

A Euro NCAP atualiza frequentemente os níveis de exigência nos seus testes, por isso, Matthew Avery, membro do Euro NCAP e chefe de investigação da Thatcham, afirmou que “quando testámos pela primeira vez o Zoe ele teve uma pontuação razoável, mas se se mantiver o mesmo modelo passados 10 anos não terá a mesma classificação”.
Euro NCAP

Dacia Spring conquista uma estrela

O modelo 100% elétrico da Dacia também não obteve boa pontuação nos testes de colisão que revelaram ter alto risco de lesão torácica para o condutor e para a cabeça do passageiro traseiro. Apesar de estar equipado com o airbag de proteção de cabeça, o Spring obteve apenas 49% de pontuação para a proteção do ocupante adulto. O risco para os passageiros do banco traseiro, no caso de ser criança, aumentou para 56%. O resultado prende-se também com a falta de sistema de segurança ativa.

Joana Cardoso, diretora de comunicação do Grupo Renault em Portugal, salientou que “o Renault ZOE iniciou a sua comercialização em 2013, altura em que foi classificado por este mesmo organismo com cinco estrelas. O que sucede, é que os critérios de exigência dos testes têm sido substancialmente alterados – cinco vezes em oito anos – o que leva a esta classificação” querendo assim tranquilizar os proprietários do Zoe afirmando “que o veículo não deixou de ser seguro pois cumpre todas as normas de segurança e homologações necessárias para ser comercializado”.

A mesma responsável recorda que “os testes atualmente não refletem uma média ponderada de todos os critérios avaliados, pois a classificação final é aquela em que o automóvel obtiver pior classificação, a mera ausência por exemplo de algum (ou alguns) ADAS (Advanced driver-assistance systems), pode degenerar numa pior classificação, o que de resto aconteceu no ZOE ensaiado (versão Life de entrada de gama)”. No Spring, Joana Cardoso diz que o resultado está em linha com o que a marca esperava precisamente pelas razões acima explanadas e recorda que “estas tecnologias encarecem o produto. E para ter modelos com preço acessível têm de ser feitas algumas concessões, naturalmente sem colocar em causa a segurança dos nossos clientes. Os critérios Euro NCAP alteram ao longo dos anos, tornam-se mais exigentes e rigorosos mas isso não quer dizer necessariamente que os veículos são inseguros”, conclui.

Há elétricos 5 estrelas

A pontuação menos favorável nestes dois modelos não deixa contudo os veículos elétricos mal posicionados no que respeita à segurança. Por exemplo, o Fiat 500e conseguiu quatro estrelas, com uma pontuação de 76% no que respeita à segurança dos impactos frontais e laterais com passageiros adultos, 80% quando se trata de crianças, 67% para os sistemas AEB e ADAS com 67%. O número de estrelas máximo foi também conquistado, este ano, pelo IONIQ 5, o modelo 100% elétrico da Hyundai conseguiu uma pontuação de 88% para a segurança do passageiro adulto, 86% para as crianças, nos sistemas AEB arrecadou 63% e 88% para ADAS. Um outro exemplo com boa pontuação foi o Honda e, que obteve quatro estrelas, conseguidas com 76% na segurança dos adultos e 82% para as crianças. No sistemas AEB foi classificado com 62% e segurança ativa teve 65%.