“Papa” Cattaneo toma rapidamente consciência da perícia e habilidade de um jovem Gordini, sendo que muitas vezes o encontrava fora do horário de trabalho a dar forma às suas próprias preparações. Pouco a pouco os clientes da garagem exigiam que as reparações e alterações fossem concretizadas pelas mãos habilidosas do jovem mecânico prodígio de Cattaneo, especializado no trato de Fiat, Hispano-Suiza, Bugatti, e Isotta-Fraschini.
Tal o êxito, a mente de Gordini deambulava na ideia de se estabelecer em nome próprio, e tal era o vinco O ideológico que antes do final de 1926 tinha já a sua licença profissional, e com o auxílio de Arduino Cipriano inaugura uma oficina precisamente em frente à de Talbot. A notoriedade rapidamente se seguiu, e a vida pessoal passa de novo a tomar um papel de relevo, estabelecendo de novo contacto com a sua mulher e filho, com o pensamento de lhes poder dar uma vida melhor em Paris. Aldo estabelecer-se-ia com o seu pai, aprendendo o ofício passo a passo e acabando por competir com as cores da Gordini.
De entre todos os clientes regulares de Gordini nos anos que se seguiriam, há um cujo nome deverá ser destacado, o Maharajá de Kapurthala. Colocá-lo-ia em contacto directo com a Fiat, muito em parte pelas soberbas alterações que levou a cabo no seu Balilla para a Coppa d’Oro. Tal foi a satisfação do Maharajá que rapidamente colocou nas mãos de Gordini diversos automóveis que possuía, incluindo um Bugatti Type 37 em 1929 com o qual teve autorização a viajar de Paris a Bolonha. Esta viagem a Itália culminou com uma visita à sede da Fiat em Turim, para solicitar um ponto de distribuição em Paris. A marca italiana era há altura comercializada em França pela Pigozzi, mas Gordini estava convencido em negociar directamente com a central, e a sua entrada com pompa e circunstância ao volante de um Type 37 certamente terá ajudado nas pretensões. Neste mesmo ano, Gordini adquire nacionalidade francesa e altera o seu nome para Amédée.
Gordini executou as suas primeiras experiências com um Fiat 514 com objectivo de participar no Rally Paris-Niza. Terminaria esta primeira prova na 28ª posição, mas alcançaria a sua primeira vitória em 1933 na rampa de Suresnes.
A representação da Pigozzi para a Fiat em França limitava-se à montagem de automóveis, que acabavam por ser comercializados sob o apelido do proprietário da empresa. A política de importação francesa dificultava imensamente a importação, e como tal Pigozzi fundaria a Société Industrielle de Mécanique et de Carrosserie Automobile (SIMCA). Esta criação coincide com a falência da Donet-Zédel, acabando a sua moderna fábrica em Nanterre por se tornar a sede da SIMCA. O negócio seria tripartido, com a inclusão de Gordini para o propósito de providenciar a “magia” necessária para diferenciar os automóveis SIMCA-Fiat dos restantes.
Como demonstração inicial, empreende-se na alteração de um Fiat 508S Balilla para a prova de resistência Coppa d’Oro de 1935, similarmente ao que havia anteriormente feito para o Maharajá de Kapurthala. O pequeno automóvel de 995 centímetros cúbicos termina na 6ª posição à geral, vencendo na categoria até 1100 centímetros cúbicos às mãos do próprio Amédée Gordini. Seguia-se a vitória no Grand Prix d’Orleans. As vitórias contribuíam para a notoriedade que o mesmo almejava, além de darem um impulso ao início da SIMCA. Seguiam-se as 24 Horas de Le Mans.
Relutante em manter o Balilla em competição depois do sucedido, Gordini altera o seu foco para um SIMCA-Fiat de 1500 centímetros cúbicos, que leva à vitória geral no Grand Prix de Marne no circuito de Reims, apenas um mês depois do abandono em Le Mans.
Com passos firmes Gordini estabelecia-se como sinónimo de um exímio preparador, sabendo-se à partida que a presença de um qualquer bólide por si preparado numa grelha de partida era sinal de luta acesa pela vitória.