Aston Martin DBS e V8: Supercar aristocrático

01/01/2021

DB4, DB5, DB6… Nos anos 60, estes modelos são sinónimos de grande turismo, mas com um touch of class, tipicamente britânico. Pilotos de Fórmula 1, estrelas de rock, monarcas e até um agente secreto de Sua Majestade, todos contribuíram (ainda que involuntariamente) para lhes conferir uma aura muito particular.

Com a delicada tarefa de suceder a tão prestigiada linhagem, é apresentado, no salão de Londres de 1967, o novo DBS. As linhas da autoria de William Towns, são mais modernas, sem as curvas que caracterizavam os antecessores e devem permitir a colocação do novo motor V8.

Infelizmente, o prometido V8 não está pronto aquando da apresentação e é com o já conhecido 6 cilindros em linha de 282 cavalos que o DBS começa a sua carreira. Percebendo que uma potência idêntica para um peso em alta é susceptível de afastar os potenciais clientes, é proposto o pack Vantage como extra (sem custo adicional), que permite alcançar cerca de 325 cavalos.

É só no final de 1969, que o prometido V8 é instalado no DBS. Concebido, uma vez mais, por Tadek Marek, o novo motor de 5.340 cm3 já ultrapassa os 300 cavalos (a potência exacta não é comunicada oficialmente pela Aston Martin), permitindo ao DBS chegar perto dos 260 km/h.

O ano de 1972, é de grandes mudanças para a Aston Martin, que é vendida por David Brown ao grupo Company Developements Ltd. A evolução do DBS reflecte essas mudanças, desde já com o nome, que perde as iniciais “DB” (de David Brown) para ser agora designado por V8. A frente passa a ter duas ópticas grandes e uma nova grelha. Pouco tempo depois, a Aston Martin decide ir contra a corrente ao substituir a injecção Bosch por quatro carburadores Weber.

Embora as linhas do AMV8 continuem a seduzir a jet-set mais elegante e sofisticada da época, um cabriolet Volante vem completar a gama em Julho de 1978. No mesmo ano, surgem ainda umas pequenas actualizações em Outubro, que integram uma bossagem do capot mais pronunciada, um discreto aileron na traseira ligeiramente redesenhada e no habitáculo, uns acabamentos em madeira so british. O AM V8 com essas “October Introductions” passa a ser conhecido internamente como “Oscar India”, a partir do alfabeto fonético.

À semelhança dos modelos anteriores, o AMV8 teve direito à sua versão Vantage, sendo em 1977 que surge, finalmente, a versão (ainda) mais desportiva do modelo, nomeadamente, graças ao aumento dos quatro carburadores duplos Weber, que permitem chegar perto dos 400 cavalos, e mesmo ultrapassá-los com o X-Pack, disponível a partir de 1986, quando o V8 regressa à injecção. Ou seja, acima dos 390 cavalos do Ferrari Testarossa! No final dos anos 80 é substituído pelo Virage.

O DBS foi o veículo de Lord Brett Sinclair (Roger Moore) na série “The Persuaders!”, e claro, de James Bond, durante a sua célebre estadia em Portugal (“Ao serviço de sua Majestade”). Mais tarde, em 1987, o agente 007 utiliza um V8 em “007 Risco Imediato”, voltando a contar com ele no próximo “No Time to Die” em 2020.

Mesmo sem ter a notoriedade de um Ferrari, o Aston Martin V8 mostrou ser uma alternativa credível aos supercars de Maranello, opondo à exuberância do italiano, um charme discreto e raro.