Nos anos 70 havia uma categoria, o Grupo 5, em que os automóveis eram autênticos protótipos, mas tinham a silhueta do seu homólogo de estrada. Foi então, que a Porsche substituiu o programa de competição dos 908 e 917 na Europa, pelo novo 911 RSR. Na América do Norte continuava a campanha do 917 no Cam-Am. A luz verde foi dada ao projecto pelo Dr. Fuhrmann, sendo encabeçado por Norbert Singer.
Inicialmente, os motores eram naturalmente aspirados, mas com a crise petrolífera de 1973, a solução passou pela adição de um turbo-compressor. Foi então que, em 1974, apareceu o Porsche 911 Carrera RSR Turbo, com um turbo KKK adicionado ao motor de seis cilindros opostos arrefecidos a ar, com injecção mecânica Bosch. O limite para a categoria era de 3.0L, mas com o acréscimo do turbo, a cilindrada era multiplicada por 1,4 e por isso a capacidade deste motor fixava-se nos 2142 cc, o limite máximo. Dependendo da pressão do turbo, a wastegate era regulada pelo piloto, a potência poderia ir dos 450 aos 500 cv às 7600 rpm. O motor tinha como base o do 911 2.2, com um curso de 66 mm e um diâmetro de 83 mm, utilizando bielas em titânio. A taxa de compressão foi reduzida para os 6.5:1. Atingia velocidades de 310 km/h e chegava aos 100 km/h em 3.2 segundos. Acoplado ao motor estava a caixa 915, reforçada para este modelo, sem diferencial.
Sendo um modelo de competição e com um regulamento bastante permissivo, tudo o que não era necessário foi retirado do automóvel. Desse modo, o peso total do 911 RSR Turbo fixava-se nos 825 kg, referindo que a base deste automóvel utilizava uma monocoque em aço do 911 de estrada. As maiores alterações estavam na traseira, com suspensão de mola e amortecedor, ao invés das tradicionais barras de torção. As molas eram feitas em titânio. O depósito de combustível saiu da frente, para dentro do habitáculo, para estar numa posição mais central.
Este é um dos 911 mais extremos de sempre, com um gigante aileron traseiro e abas bastante alargadas. Utilizava jantes de 17” e o spoiler traseiro estava equipado com condutas NACA, para arrefecimento do motor e o intercooler estava montado por debaixo do spoiler. As aberturas no lip frontal, serviam para levar o ar para os radiadores de óleo. A janela traseira foi alterada para melhorar a aerodinâmica.
Além de todos estes “adereços”, obviamente não poderia faltar a decoração da Martini Racing, bastante icónica no seio da Porsche. O Carrera RSR 2.1 Turbo foi um modelo com sucesso na competição, mesmo contra os protótipos construídos de raiz para o efeito, como os da Matra, Alfa Romeo e Mirage. Gijs van Lennep e Herbert Müller, ficaram em segundo lugar à geral, nas 24h de Le Mans de 1974. Este modelo só competiu durante um ano, tendo culminado no Porsche 935, que daria vários triunfos à marca de Zuffenhausen nos seis anos seguintes.Tiago Nova/Jornal dos Clássicos
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