Ford Capri, o preferido dos jovens europeus nos anos 70

18/01/2020

Ford Capri, 1969.
O popular coupé da Ford demorou a conquistar o seu lugar como automóvel de colecção, mas nunca deixo de ter uma legião de seguidores, que idolatram as suas qualidades e ignoram algumas limitações.

No papel, o Capri tinha tudo para ser um grande sucesso comercial, um objectivo facilmente atingido, já que em dois anos vendeu mais de 400 .000 unidades. Nasceu para ser um automóvel de afirmação de clientes jovens, que precisavam de um veículo fiável e acessível, mas que pretendiam distanciar-se da imagem “quadrada” de uma berlina.

O Ford Cortina era um automóvel de pai de família europeu, como o Ford Falcon nos Estados Unidos. O Capri seria então o Mustang da Europa, o “pony” car, com aspecto desportivo, mas muito racional por baixo das linhas sedutoras.

O Capri era produzido em Inglaterra, na Bélgica e na Alemanha, mas o país de origem influenciava algumas competências diversas. A gama era muito alargada, sendo que, no série 1, objecto deste artigo, estavam disponíveis doze motorizações diferentes.

Do lado dos ingleses tínhamos os motores Kent, de 1,3 e 1,6 litros, os Essex de 2,0, 3,0 e 3,1 litros. Do lado alemão, a gama de motores Taunus ia dos 1,3 aos 1,7 litros, e os Cologne V6, dos 2,0 aos 2,6 litros. Acresce ainda o motor Pinto 2,0 litros. Para além desta dúzia de opções, surgia ainda o fora-da-lei da história, o motor Windsor V8, de 5,0 litros, utilizado na África do Sul para fazer o formidável Capri Perana. De notar que a própria arquitectura dos motores era também diversa, com quatro cilindros em linha (Kent e Pinto) e em V (Taunus, Cologne e Winsor).

Voltando aos modelos mais acessíveis, em Portugal os mais comuns eram os 1300 e 1600, com alguns 1700 GT. Os modelos de seis cilindros eram consideravelmente mais raros, mas alguns vieram cá parar, particularmente os 3000 GT. Um automóvel poderoso para a época e o mais acessível no mercado com uma velocidade máxima anunciada de 200 km/h.

As versões realmente desportivas eram o 2600 RS, com cabeça de motor em alumínio feita pela Weslake e o RS3100, ambos dando origem a automóveis de competição ganhadores.

Valores ainda acessíveis

Em Portugal os mais comuns são mesmo os 1300 e 1600, nas suas diversas especificações, desde os 52 cv (DIN) aos 80 cv do 1600 GT. No mercado, acaba por ser mais importante o seu estado de conservação, já que um restauro rapidamente supera o valor comercial. Valores entre os 6000 (1300) e os 8000 euros (1600 GT) serão adequados para muito bons exemplares.

Os 1700 GT XLR, com o look desportivo que inclui capô preto mate e jantes rostyle, têm um valor um pouco superior, a rondar os 9500 euros.
A partir daqui é sempre a subir, com os 2000GT a valerem 10500 euros. Um dos modelos mais equilibrados é o 2300GT, de 125 cavalos, cujo valor pode atingir os 17 000 euros. O 3000 GT, com 138 cavalos, ronda os 24 000 euros, o menos interessante 3000E fica-se pelos 19 000 euros.

As versões desportivas falam outra língua, mais parecida com a utilizada em Wall Street. Há dez anos podia comprar-se um 2600RS por 20.000 euros, mas agora o dobro não chega para um bom exemplar. Não há no mercado abaixo de 45 000 euros. O 3100RS é mais raro, mas o seu valor não é mais alto, sendo mais procurado no mercado inglês.

As séries 2 e 3 prolongaram a vida do Capri até 1987, apesar do seu melhor ano ter sido 1973. A última série, sobretudo com os modelos 2,8 com motor de injecção continuaram a tradição de oferecer boas prestações e um comportamento divertido em troca de um investimento reduzido. Muito poucos vieram para Portugal na época. Apesar de se manterem muito acessíveis, os custos de importação no nosso acabam por inviabilizar a sua aquisição.

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