Hudson Hornet, o verdadeiro míssil dos circuitos

03/06/2019

Quando pensamos em automóveis, fabuloso não é de modo algum o termo que vem à cabeça de qualquer entusiasta! Seguramente que atendemos às suas características mais proeminentes, como a velocidade, a robustez, a beleza das suas linhas, etc. Posto isto, fabuloso, não é um termo nem de perto nem de longe, comum de se associar a um automóvel. Fica para a história automobilística o “O Fabuloso” Hudson Hornet como o primeiro e único automóvel designado com tal. Mas primeiro vamos às apresentações.

A Hudson Motor Car Company era uma marca inovadora que, pela qualidade dos seus automóveis, competia com as mais proeminentes marcas no mercado americano. Na era em que os cromados significavam estatuto e opulência, assim os Hudson reflectiam as suas linhas aerodinâmicas e elegantes.

Pioneira no uso da carroçaria unicorpo/monobloco, onde o chassis faz parte da estrutura do veículo, os seus modelos conferiam vantagens claras na estrada aos seus condutores. Outra das inovações que esta marca introduziu em 1948 foi precisamente a step down, onde o chão do automóvel ficava significativamente mais baixo do que o nível do chassis, podendo chegar aos doze centímetros. Esta forma de construir os automóveis conferia um centro de gravidade mais baixo, e deste modo, dava qualidades claras em curva, aceleração e estabilidade.

O Hudson Hornet nasceu em 1951 e incorporava várias características muito distintivas. A construção unicorpo, já tradicional da Hudson, a step down, as linhas aerodinâmicas, e um motor de seis cilindros em linha 5.0 de alta compressão, capaz de debitar 145 cavalos. Acoplado a uma transmissão de três mudanças com overdrive ou com a famosa transmissão Hydramatic da Cadillac – GM , conseguia performances de 14 segundos dos 0-100 km/h, apenas um segundo mais lenta para a Hydramatic. Uma das curiosidades associadas à sua transmissão, era sem dúvida o facto de ser feita de cortiça prensada, sim, cortiça! O que conferia uma suavidade única.

O Hudson Hornet era comercializado nas versões coupé, sedan e descapotável (com opção de tecto rígido).

Desde o seu lançamento, o Hudson foi pensado para ganhar, de tal modo que a Hudson acreditava que a melhor publicidade para o saturado mercado automóvel americano, era na pista de corrida, que na altura movia já bastantes adeptos e curiosos.

O Fabuloso Hudson Hornet, estreou-se logo em 1951, numa altura em que as pistas de terra batida representavam quase a totalidade dos percursos.

Feito para ser estável e veloz, no primeiro ano o Hornet acumulou 13 vitórias. O Hornet era descrito como um verdadeiro míssil nos circuitos.

Em 1952, equipado com o mesmo motor, um dos maiores de seis cilindros do mundo, foram feitas adaptações como a carburação dupla Twin H-Power que lhe rendia 170 cv e uma alucinante velocidade máxima que permitia vencer qualquer oponente na altura.

Era com espanto que as massas assistiam ao triunfo de um motor de seis cilindros contra os potentes V-8’s que equipavam praticamente a totalidade dos automóveis quer comerciais, quer de corrida.

O Hudson Hornet venceu por três anos consecutivos a competição nas pistas da NASCAR, ficando em segundo lugar em 1954. Fica para a história um carro que provou ao mundo que nem só de grandes motores se fazem carros. A sua arquitectura permitiu reduzir bastante o centro de gravidade, o que tornava sua estabilidade e dirigibilidade única e muito apreciada para a época. Anos mais tarde, foram feitos testes em túnel de vento, onde comprovaram que as suas linhas ditas streamline, isto é, aerodinâmicas, permitiam reduzir a resistência do vento em cerca de 20% comparativamente aos automóveis da altura.

A título final, o fabuloso Hudson Hornet fica mais uma vez gravado na história, e também no coração das pessoas, ao marcar presença no filme animado da Disney, Carros. Lá, a personagem Doc, faz uma alegoria perfeita ao saudosismo do passado, mas também marca a presença de Paul Newman, que dá a sua voz de corredor, ao humilde clássico que apenas venceu 100 corridas na NASCAR.

Edgar Freitas / Jornal dos Clássicos