Mazda Capella Rotary e RX-2, o início da expansão dos motores Wankel

A Mazda foi a marca que mais utilizou os motores rotativos Wankel, em vários dos seus modelos e em diferentes configurações. Poucas foram as marcas que avançaram com a produção de automóveis com estes motores, só a NSU nos seus últimos anos de actividade e a Citroen em pequenos números, além de outras que só produziram protótipos como a Mercedes-Benz, a Chevrolet e a Opel.

 

Estes motores rotativos foram inventados pelo alemão Felix Wankel, no início dos anos 60, mas foi na Mazda onde encontraram maior sucesso, devido ao seu baixo peso, dimensões compactas, poucas peças móveis e boa potência para a cilindrada. Os motores Wankel da Mazda iniciaram a sua produção em 1965, com o lançamento da primeira série do Mazda Cosmo.

Em Maio de 1970, a Mazda lança uma berlina, para rivalizar com as outras berlinas nipónicas, como o Toyota Corona e o Nissan Bluebird, designada Mazda Capella, ou Mazda 616 na Europa e Mazda 618 nos EUA. Além disso, posicionava-se a meio da gama, acima do Mazda Familia e abaixo do Mazda Luce. Estava disponível de carroçaria de quatro portas e na coupé de duas portas. Foi o primeiro modelo de produção em massa da Mazda desenvolvido para ser equipado com motores Wankel. Por curiosidade o nome Capella é o nome dado à estrela mais brilhante da constelação de Auriga e é também um antílope africano.

Os motores inicialmente disponíveis eram o 1,5 litros de 92 cv e o 1,6 litros de 100 cv, ambos de quatro cilindros em linha e uma árvore de cames à cabeça. Mas a mais interessante motorização era o motor Wankel, equipado no Mazda Capella Rotary no Japão, designado Mazda RX-2 para os mercados de exportação. O nome inicialmente previsto seria R612, mas a Mazda achou por bem que ficaria melhor RX-2 e assim iniciou-se um legado com os modelos RX a estarem associados aos motores rotativos. Estes modelos equipados com motor rotativo tinham o nome de código S122A, passando a CB12S a partir do facelift de Fevereiro de 1974. Um dos elementos diferenciadores, em relação às demais motorizações, é que utilizavam um emblema RE na frente e traseira, que significava Rotary Engine.

Os motores Wankel tinham uma cilindrada de 1.146 cc e utilizavam duas velas por câmara de combustão. A primeira versão, a S122A, utiliza o motor 12A, que tinha por base o motor 10A, com dois rotores, mas o diâmetro aumentou de 60 para os 70mm, debitando assim 130cv e 156Nm de binário. A segunda versão, a CB12S utiliza já o motor 12B, com maior fiabilidade e agora com um só distribuidor, com a potência a manter-se inalterada, além disso vinha equipado com o sistema REAPS, um sistema anti-poluição. O Mazda RX-2 vendido no mercado norte americano tinha uma potência de 120 cv, passando a 102cv em 1972, devido às normas anti-poluição. A alimentação de combustível era feita por um carburador de quadruplo corpo Hitachi-Stromberg. Os motores estavam acoplados a uma caixa manual de quatro velocidades na primeira série e de cinco velocidades na segunda, podendo vir equipado, como opção, com uma caixa automática de três velocidades JATCO.

No Japão, com a pequena cilindrada do motor rotativo, deu uma grande vantagem ao nível dos impostos aos seus compradores, sendo ainda mais potente que as versões com o motor tradicional. O Mazda RX-2 também foi construído na Nova Zelândia, pela Motor Industries International, a partir de 1972 e o Capella na África do Sul, primeiro pela Illings e depois pela Sigma, onde a versão com motor Wankel debitava 132 cv e a meio de 1976 é lançada a versão limitada Capella RS com suspensão mais baixa e jantes Rostyle.

No campo da competição, a Car and Driver participou no SCCA com um RX-2 preparado pela Roy Woods Racing. O motor 12A foi modificado por Jim Mederer, da Racing Beat, melhorando a admissão e os carburadores.

Em 1978, o Mazda Capella recebeu a sua segunda geração, mas sem motores Wankel disponíveis na sua gama, no entanto, este perduraria por muitos mais anos noutros modelos da Mazda.