Morreu o príncipe dos Lotus que adorava o Circuito de Vila Real

11/04/2018

John Miles foi um piloto inglês que correu nos circuitos portugueses de Vila Real, Montes Claros e Cascais. Escreveu, num artigo publicado em Inglaterra, que o Circuito de Vila Real foi o melhor de todos aqueles em que correu.

Nasceu em Londres, a 14 de junho de 1943, no seio de uma família com pouca relação com automóveis, já que o pai, a mãe e a irmã mais velha eram actores e a sua irmã mais nova dedicou-se à música clássica.

Miles tinha mais em comum com dois tios, que o ajudaram a dar os primeiros passos na mecânica e nas corridas.

Como qualquer aspirante a piloto nos anos 50, Miles começou a correr em Austin Seven, passando depois para um pequeno desportivo Diva GT, com o qual obteve excelentes resultados, em 1964.

No ano seguinte iniciou uma colaboração com a John Willment Racing e, em 1966, venceu 15 das 17 corridas do Campeonato GT Autosport, com um Lotus 26R.

Foi também nesse ano que veio a Portugal, correndo primeiro em Montes Claros, onde terminou em terceiro. Seguiu-se Vila Real, onde venceu as corridas de Turismo, em Ford Cortina Lotus, e de Sport e GT, com o Elan. Seguiu-se Cascais, onde terminou em segundo na corrida de Sport e GT.

Voltaria a Vila Real em 1968 com o Lotus 47 e também com um Brabham BT21, para a corrida de F3. Na primeira terminou em quinto e venceu a categoria até dois litros, na segunda, terminou em terceiro.

Integrado no Team Lotus desde 1967, teve a sua oportunidade na Fórmula 1 com o Lotus 63 de quatro rodas motrizes, quando os pilotos principais Jochen Rindt e Graham Hill se recusaram a conduzi-lo.

Após o acidente de Graham Hill no final de 1969, Miles passou a segundo piloto da equipa de F1. Os resultados não apareceram, com excepção de um quinto lugar na África do Sul e, após o acidente de Jochen Rindt, em Monza, Miles foi substituído por Reinée Wisell.

Miles continuou a correr durante mais alguns anos, tendo como destaque o título de campeão britânico de carros de Sport, com um Chevron B19 da DART Racing, em 1971, e a vitória, com Brian Muir, nas 6 Horas de Paul Ricard, no ano seguinte.

A seguir, pendurou o capacete e dedicou-se durante alguns anos à mecânica, depois ao jornalismo aplicado aos ensaios de automóveis com a Autocar. Fundou também uma editora de jazz, que promoveu o trabalho de vários músicos britânicos.

Nos anos 90 voltou a colocar os seus dotes de engenheiro e preparador ao serviço de diversas empresas, como a Lotus Engineering, prestando apoio a projetos como o Lotus Elan M100, o primeiro Ford Focus e muitos outros.

Seguiu-se a Aston Martin, onde participou no desenvolvimento do DB7 GT, Vanquish e Vanquish S.

Desde 2002, colaborava com a empresa de componentes Multimatic.

Acabou por influenciar, de forma discreta e até anónima, muitos modelos que as pessoas conduzem no seu dia-a-dia.

John Miles morreu este domingo passado, na sequência de um avc. Tinha 74 anos.

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