Norseman, o Chrysler que permanece no fundo do Atlântico

26/07/2019

Na noite de 25 de Julho de 1956, ao largo do estado de Massachusetts na costa Este dos Estados Unidos dois transatlânticos navegavam em rota de colisão. O impacto tornara-se inevitável e as consequências do mesmo viriam a ditar o naufrágio de um dos mais emblemáticos paquetes italianos de sempre, o Andrea Doria. No porão do navio seguia o Norseman, um concept car que não era sequer suposto encontrar-se a bordo do paquete malfadado e que permanece, até à actualidade, na escuridão das profundezas do Atlântico.

O Chrysler Norseman nasceu da criatividade do prolífico designer Virgil Exner, o qual foi responsável por mais de 20 modelos diferentes de automóveis para as marcas Studebaker, DeSoto, Stutz, Dodge, Plymouth e Chrysler. Exner foi igualmente o impulsionador do que ficou conhecido como o “forward look” da Chrysler, uma filosofia estilística que popularizou muitos dos elementos que marcaram a linguagem de design dos automóveis americanos na década de 50. No contexto do “forward look”, Exner conceptualizara o Norseman para se assumir como a expressão máxima das tendências que regiam o estilo da grande construtora americana naquele período.

Um ponto verdadeiramente único do design do Norseman era o tejadilho; uma aposta arrojada por parte de Exner, a qual ambicionava maximizar a visibilidade para o exterior, esta ditava a ausência de pilares A e B no automóvel. O tejadilho do Chrysler Norseman apoiava-se unicamente nos robustos pilares C pois toda a estrutura era em consola. O pára-brisas do Norseman fora também especialmente concebido para uso naquele automóvel. Não só a forma do mesmo necessitava de ser extremamente complexa devido a poder contornar a ausência dos pilares A mas pela mesma razão, o vidro daquele elemento era obrigado igualmente a providenciar apoio estrutural ao tejadilho. De modo realizar com sucesso essa função, o pára-brisas do Norseman era à prova de quebra o que, aliado à forma desafiante do mesmo dificultou bastante o seu fabrico. Contudo e apesar dos cuidados em relação à resistência do pára-brisas, o tejadilho peculiar do Norseman encontrava-se – em teoria – preparado para a eventualidade de um capotamento com a Chrysler a afirmar publicamente que este estaria habilitado a suportar oito vezes o peso total do automóvel se necessário, afirmação que não estava contudo alicerçada em dados concretos pois nenhum teste de colisão ou capotamento tinha sido realizado até então.

Pedro Fernandes / Jornal dos Clássicos

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