No entanto, apesar do Porsche 917 ter sido um automóvel imbatível durante anos nas provas de resistência, este necessitava de várias alterações para o poder ser no Can-Am, rivalizando com marcas como a McLaren, s Shadow, a Lola e muitos outros. O primeiro passo foi retirar o tejadilho, tornando o 917 num “Spyder”, tal como os seus concorrentes e com base no que foi feito no 917PA, que tinha competido no Can-Am em 1969. Em 1972 o 917/10 foi completamente redesenhado, para o primeiro ano em que a Porsche apostou forte no Can-Am.
Ao nível da mecânica várias foram as soluções testadas, mas a que se revelou ser mais eficaz foi utilizar o motor original do 917 adicionando dois turbos. Assim, ao motor de doze cilindros opostos refrigerado a ar, com 5.0L de cilindrada, foram adicionados dois turbos Eberspächer, provenientes de camiões. Com isto, mais de 1000 cv foram atingidos com a pressão dos turbos a 1.6 bar, mas em corrida a pressão era limitada a 1.3, desenvolvendo cerca de 900 cv. Isto era suficiente para combater com os McLaren, equipados com um motor de 8.1L da Chevrolet, que desenvolviam 750 cv.
O chassis de base para o 917/10 foi o mesmo do 917 K, pois era forte o suficiente para aguentar com os 1000 cv debitados pelo motor. A carroçaria foi desenvolvida para a maior eficiência aerodinâmica, evidente devido à grande asa traseira, tendo um Cx de 0.65. A caixa de quatro velocidades foi reforçada e utilizava uma embraiagem de triplo disco. A suspensão era de triângulos sobrepostos nas quatro rodas.
O plano inicial seria de fazer correr um destes 917 com o piloto Jo Siffert, mas com a morte deste em Brands Hatch em Outubro de 1971, numa corrida extra campeonato de Fórmula 1, os planos foram revistos. A equipa liderada por Roger Penske chamou o piloto Mark Donohue para se sentar aos comandos do automóvel. Mas, nos testes em Road Atlanta, Donohue teve um grave acidente, que o pôs fora da competição grande parte da época e, desse modo, George Follmer passou para os comandos do Porsche 917/10, tendo grande sucesso, conseguindo obter o título de pilotos logo em 1972.
Após a evolução para o 917/30, os 917/10 foram adquiridos pela equipa Rinzler RC Cola. George Follmer e o seu colega de equipa, Charlie Kemp, obtiveram logo uma vitória cada, nas provas de abertura do Can-Am de 1973. Ao todo, foram construídos 14 chassis do 917/10, existindo doze actualmente, pois dois deles foram destruídos em acidentes.Tiago Nova / Jornal dos Clássicos
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