Porsche 917/10, o nascimento de uma lenda

16/09/2019

Em 1971 a Porsche foi confrontada com um problema, pois os Porsche 917 ficaram obsoletos para competir nas 24h de Le Mans, devido a uma mudança de regras, que limitava a cilindrada aos 3.0L, a partir de 1972. A solução melhor para esse problema foi toma, transformando os 917 para competir no campeonato norte americano Can-Am, juntando o útil ao agradável, pois assim a Porsche publicitava a sua marca no seu mercado alvo. O Can-Am era, de longe, o campeonato mais extremo da história do desporto motorizado, com poucas restrições, dando mais ênfase à performance. Foi também nesse campeonato, que se estrearam muitas inovações ao nível da aerodinâmica.

No entanto, apesar do Porsche 917 ter sido um automóvel imbatível durante anos nas provas de resistência, este necessitava de várias alterações para o poder ser no Can-Am, rivalizando com marcas como a McLaren, s Shadow, a Lola e muitos outros. O primeiro passo foi retirar o tejadilho, tornando o 917 num “Spyder”, tal como os seus concorrentes e com base no que foi feito no 917PA, que tinha competido no Can-Am em 1969. Em 1972 o 917/10 foi completamente redesenhado, para o primeiro ano em que a Porsche apostou forte no Can-Am.

Ao nível da mecânica várias foram as soluções testadas, mas a que se revelou ser mais eficaz foi utilizar o motor original do 917 adicionando dois turbos. Assim, ao motor de doze cilindros opostos refrigerado a ar, com 5.0L de cilindrada, foram adicionados dois turbos Eberspächer, provenientes de camiões. Com isto, mais de 1000 cv foram atingidos com a pressão dos turbos a 1.6 bar, mas em corrida a pressão era limitada a 1.3, desenvolvendo cerca de 900 cv. Isto era suficiente para combater com os McLaren, equipados com um motor de 8.1L da Chevrolet, que desenvolviam 750 cv.

O chassis de base para o 917/10 foi o mesmo do 917 K, pois era forte o suficiente para aguentar com os 1000 cv debitados pelo motor. A carroçaria foi desenvolvida para a maior eficiência aerodinâmica, evidente devido à grande asa traseira, tendo um Cx de 0.65. A caixa de quatro velocidades foi reforçada e utilizava uma embraiagem de triplo disco. A suspensão era de triângulos sobrepostos nas quatro rodas.

O plano inicial seria de fazer correr um destes 917 com o piloto Jo Siffert, mas com a morte deste em Brands Hatch em Outubro de 1971, numa corrida extra campeonato de Fórmula 1, os planos foram revistos. A equipa liderada por Roger Penske chamou o piloto Mark Donohue para se sentar aos comandos do automóvel. Mas, nos testes em Road Atlanta, Donohue teve um grave acidente, que o pôs fora da competição grande parte da época e, desse modo, George Follmer passou para os comandos do Porsche 917/10, tendo grande sucesso, conseguindo obter o título de pilotos logo em 1972.

Após a evolução para o 917/30, os 917/10 foram adquiridos pela equipa Rinzler RC Cola. George Follmer e o seu colega de equipa, Charlie Kemp, obtiveram logo uma vitória cada, nas provas de abertura do Can-Am de 1973. Ao todo, foram construídos 14 chassis do 917/10, existindo doze actualmente, pois dois deles foram destruídos em acidentes.

Tiago Nova / Jornal dos Clássicos

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