Porsche 928: O modelo que quase extinguiu o 911

15/03/2019

O Porsche 911 é um ícone da indústria automóvel e da própria Porsche, pois é aquele modelo que identifica de imediato a marca. Mas, durante o final dos anos 70, o 911 esteve para ser substituído pelo Porsche 928, um modelo mais estradista, focado para fazer quilómetros e não tão desportivo. Esta hipótese esteve em cima da mesa por várias razões: o 911 era um modelo difícil e caro de produzir, a sua base tinha já mais de uma década de existência e com os avanços na tecnologia, a produção de um modelo com motor traseiro quase que não se justificava.

O projecto Type 901, foi concebido numa época em que a Porsche era uma pequena empresa, que produzia automóveis específicos para um nicho de mercado, construído quase à mão, com um processo que só parte poderia ser automatizado. Além disso, o seu interior era pequeno e no geral, o 911 estava a perder vendas e os responsáveis da marca alemã pensavam que tinha chegado ao seu pico de evolução. Foi nessa altura, que o início da concepção do 928 começou tendo como objectivo tomar o lugar do 911.

O Porsche 928 foi desenvolvido desde início de modo a ser mais fácil de produzir, de manter, de conduzir e de cingir às necessidades do dia-a-dia. Juntava ainda mais luxo, refinamento, tecnologia, com uma performance melhor que o seu irmão mais velho de motor traseiro. O Porsche 928 foi apresentado no Salão de Genebra de 1977, começando as vendas em 1978 e foi eleito “Automóvel Europeu do Ano” no mesmo ano, o único GT a conseguir tal feito.

O motor, que estava montado na frente, era um V8 todo em alumínio, com árvore de cames à cabeça e inicialmente com 4.5L e 240 cv. A caixa, que poderia ser manual de cinco velocidades ou automática de origem Mercedes-Benz com três velocidades (a partir de 1983 passa a ser de quatro velocidades), estava montada na traseira, numa configuração transaxle para, com isto, distribuir melhor o peso, atingindo assim a fasquia perfeita de 50/50. A carroçaria era bastante aerodinâmica, desenhada por Wolfgang Möbius e Anatole Lapine e, apesar de ter os faróis expostos, estes eram escamoteáveis, levantando quando se ligava as luzes, sendo o desenho perecido com uma bala. As portas, guarda-lamas da frente e capot são em alumínio, para baixar peso. O interior era bastante futurista, com pele em quase todo o lado, com bastante tecnologia de ponta. Logo em 1979 aparece o 928S com motor de 4.7L e 300 cv e em 1983 passa para 310 cv com a adopção da nova injecção Bosch LH-Jetronic.

À medida que o 928 evolui ao longo dos anos, o motor é melhorado, tornando-o mais potente. Em 1986 é lançado o 928 S4, já com o motor V8 com duplas árvores de cames à cabeça, quatro válvulas por cilindro, ou seja, 32 válvulas no total e 5.0L de cilindrada, para debitar 320 cv. Esta versão tinha ainda entradas de ar frontais controladas electricamente e era o automóvel de aspiração natural mais rápido do mundo, aquando do lançamento.

Em 1989 é lançado o 928 GT com o motor de 330 cv, caixa de cinco velocidades mais curta, autoblocante controlado electronicamente e suspensão desportiva. A versão mais potente, disponível para o comprador normal culmina no 928 GTS de 1992 com o motor de 5.4L, que desenvolvia 350 cv e atingia os 275 km/h de velocidade máxima. Existem ainda outras versões, limitadas e mais exclusivas, como o 928 Club Sport de 1988, que era 100 kg mais leve e entre outras modificações, o motor passa a debitar 330 cv.

No entanto, o 928 nunca conseguiu vender em volume suficiente para substituir o 911. Com mais de 60.000 exemplares produzidos durante os 18 anos de produção. O que também pode ter ajudado as poucas vendas, foi o facto de alguns exemplares terem falhas graves de motor e várias deficiências de engenharia, como a correia de distribuição. Hoje, o Porsche 911 ainda está entre nós, já com a oitava geração, lançada 55 anos após a apresentação do modelo 911 original.

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