Renault: 120 anos na estrada

08/12/2018

Renault era o apelido de três irmãos: Louis, Fernand e Marcel. O engenheiro, o empresário e o sportsman. Há 120 anos fundaram a Société Renault Fréres, lançando as bases para um dos mais importantes construtores de automóveis.

Louis era um predestinado da mecânica, uma característica essencial para ser um pioneiro do automóvel.

Fernand era o mais talentoso no que dizia respeito aos negócios. Foi fundamental para criar a rede de filiais noutros mercados.

Marcel, o mais novo dos três irmãos, era um habilidoso piloto de automóveis. Com as suas inúmeras vitórias (Louis também era um excelente piloto), contribuiu de forma decisiva para dar a conhecer os automóveis Renault.

Mas o percurso dos fundadores e da própria marca, ao longo destes 120 anos, dava um romance com muitas páginas. Dos três irmãos, apenas Louis continuaria a liderar a Renault, já que Marcel morreu em 1903, na sequência de um acidente da corrida Paris-Madrid. E Fernand vendeu-lhe a sua participação em 1908, morrendo um ano depois, por doença.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a Renault, que já se tinha dedicado à produção de camiões e outros veículos de trabalho, passou a produzir munições, aviões e mesmo tanques de guerra.

Em tempo de paz, foi necessário estabelecer uma rede alargada de concessionários, que continua a ser um pilar do sucesso da marca nos dias de hoje.

Mas é depois da Segunda Guerra Mundial que a Renault vai enfrentar maiores dificuldades. Louis Renault manteve a empresa a funcionar, colaborando com os alemães, que ocuparam a França. Terminada a guerra, Louis Renault foi preso e a empresa nacionalizada. Tornou-se a Régie Nationale des Usines Renault.

Até então, a Renault não era associada a produtos populares. A sua gama alargada tinha, de facto, modelos mais acessíveis, mas também havia modelos de luxo.

Mas agora havia que reconstruir a Europa. Automóveis simples, acessíveis e económicos eram essenciais. Nasceu assim o 4CV, ou Renault “Joaninha”. Motor e tracção traseira, que seriam apanágio dos Renault Dauphine, R8 e R10, até ao final dos anos 60.

A excepção foi o Renault 4 – verdadeiro banco de ensaios (e pau para toda a obra) – para os modelos de tracção à frente que vieram depois, como o 16, o 5, e o 12. Pouco a pouco, a Renault conquistou espaço e tornou-se uma das marcas europeias mais vendidas.

E isto sem esquecer o seu envolvimento em todas as áreas do desporto automóvel, dos Ralis aos Rali-Raids, dos protótipos de Le Mans à Fórmula 1.

Privatizada em 1997, a Renault, mérito dos seus responsáveis em diversas épocas, teve sempre o condão de se adaptar ao seu tempo. Por vezes até, antecipando-se. Os motores turbo, que agora parecem ser a tábua de salvação dos motores de combustão, foram popularizados pela Renault nos anos 80, por exemplo.

A carroçaria monovolume foi também difundida em grande escala pela Renault, com a Espace. E o Renault Zoe foi um dos primeiros automóveis eléctricos produzidos em série, a partir de 2012.

As doze décadas de história da Renault não parecem pesar na capacidade de continuar a promover o progresso. Tal como três irmãos, em boa hora, decidiram fazer, em 1898.

A exposição “Renault: 120 anos na estrada” estará patente no Museu do Caramulo até 31 de Março de 2019.

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