Louis era um predestinado da mecânica, uma característica essencial para ser um pioneiro do automóvel.
Fernand era o mais talentoso no que dizia respeito aos negócios. Foi fundamental para criar a rede de filiais noutros mercados.
Marcel, o mais novo dos três irmãos, era um habilidoso piloto de automóveis. Com as suas inúmeras vitórias (Louis também era um excelente piloto), contribuiu de forma decisiva para dar a conhecer os automóveis Renault.
Mas o percurso dos fundadores e da própria marca, ao longo destes 120 anos, dava um romance com muitas páginas. Dos três irmãos, apenas Louis continuaria a liderar a Renault, já que Marcel morreu em 1903, na sequência de um acidente da corrida Paris-Madrid. E Fernand vendeu-lhe a sua participação em 1908, morrendo um ano depois, por doença.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a Renault, que já se tinha dedicado à produção de camiões e outros veículos de trabalho, passou a produzir munições, aviões e mesmo tanques de guerra.Em tempo de paz, foi necessário estabelecer uma rede alargada de concessionários, que continua a ser um pilar do sucesso da marca nos dias de hoje.
Mas é depois da Segunda Guerra Mundial que a Renault vai enfrentar maiores dificuldades. Louis Renault manteve a empresa a funcionar, colaborando com os alemães, que ocuparam a França. Terminada a guerra, Louis Renault foi preso e a empresa nacionalizada. Tornou-se a Régie Nationale des Usines Renault.
Mas agora havia que reconstruir a Europa. Automóveis simples, acessíveis e económicos eram essenciais. Nasceu assim o 4CV, ou Renault “Joaninha”. Motor e tracção traseira, que seriam apanágio dos Renault Dauphine, R8 e R10, até ao final dos anos 60.
A excepção foi o Renault 4 – verdadeiro banco de ensaios (e pau para toda a obra) – para os modelos de tracção à frente que vieram depois, como o 16, o 5, e o 12. Pouco a pouco, a Renault conquistou espaço e tornou-se uma das marcas europeias mais vendidas.
Privatizada em 1997, a Renault, mérito dos seus responsáveis em diversas épocas, teve sempre o condão de se adaptar ao seu tempo. Por vezes até, antecipando-se. Os motores turbo, que agora parecem ser a tábua de salvação dos motores de combustão, foram popularizados pela Renault nos anos 80, por exemplo.
A carroçaria monovolume foi também difundida em grande escala pela Renault, com a Espace. E o Renault Zoe foi um dos primeiros automóveis eléctricos produzidos em série, a partir de 2012.
As doze décadas de história da Renault não parecem pesar na capacidade de continuar a promover o progresso. Tal como três irmãos, em boa hora, decidiram fazer, em 1898.
A exposição “Renault: 120 anos na estrada” estará patente no Museu do Caramulo até 31 de Março de 2019.
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