Renault 4CV: O “quattre pattes” francês

30/01/2019

O Renault 4CV nasceu quase na clandestinidade durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1942, o escritório de design da marca francesa tinha sido forçado à inactividade pela ocupação alemã e, durante esse período, o director de estilo do construtor, Fernand Picard, começou a trabalhar em vários protótipos, juntamente com Charles-Edmond Serre e Jean-Auguste Riolfo. Um desses novos conceitos foi o do modelo que haveria de originar o 4CV.

O projecto, porém, só avançaria após o fim da guerra, tendo a “luz verde” para a sua produção partido do então administrador da Renault, Pierre Lefaucheux (que sucedeu a Louis Renault, acusado de colaboracionismo com os nazis e falecido em Outubro de 1944, com 67 anos).

No 33º Salão automóvel de Paris de 1946 é exibido o pequeno modelo, apelidado de 4CV (por ter quatro cavalos fiscais).

A produção do “quattre pattes”, como foi também chamado no seu país de origem, inicia-se em Agosto de 1947, tendo sido muito bem acolhido pelo público, ao ponto de se ter conseguido atingir, em 1950, uma invulgar cadência de produção para o tempo de 300 unidades/dia. O veículo era o modelo certo para o pós-guerra, um utilitário económico com motor de quatro cilindros de 760 c.c. (montado atrás), de quatro portas e para quatro pessoas.

Em Portugal, o modelo recebeu a alcunha de “Joaninha”, devido ao formato da sua carroçaria ser, de alguma forma, parecido com o inseto joaninha, de resto, à semelhança do que aconteceu com o VW Beetle que, por cá, ficou conhecido como Carocha.

Durante o seu ciclo de vida, foram três as séries do 4CV: a 1060 (de Agosto de 1947 a Setembro de 1950), a 1062 (a partir de Setembro de 1950) e a rara série 1063 (com 32 CV e da qual foram feitos 80 exemplares com um bloco de 747 c.c. para poder participar em competições desportivas na categoria de até 750 c.c., como o Rallye des Tulipes, a Coupe des Alpes, o Tour de France, Le Mans e Monte Carlo).

Com a série 1062, o painel de instrumentos é reformulado, uma barra estabilizadora passa a ser incluída em todas as versões do 4CV e a potência do motor é aumentada para 21 CV, permitindo uma velocidade máxima de 103 km/h, em vez dos originais 17 CV que fixavam a velocidade de ponta nos 90 km/h.

O modelo foi-se apresentando ao longo da sua existência em diferentes níveis de acabamento, Normale, Luxe, Grand Luxe, Sport, Comercialle, Affaires, Service e Decouvrable.

Em 1954, a grelha com seis barras horizontais passa a contar apenas com três (e apenas uma barra, no 4CV Affaires).

Em 1956, passa a estar disponível como opção a embraiagem automática Ferlec e a potência sobe para 26 CV.

No final de 1958, o 4CV torna-se a primeira viatura francesa a ultrapassar o milhão de exemplares produzidas. O fabrico do modelo haveria de cessar a 6 de Julho de 1961.

Chegava a altura de a Renault começar a produzir um novo modelo, o “4 L”.

Este e outros modelos icónicos da Renault podem agora ser vistos na exposição temporária “Renault: 120 anos na estrada”, patente no Museu do Caramulo.

Veja a galeria em baixo com algumas das melhores imagens da Renault 4CV.

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.