Toda a história do MotoGP

20/12/2016

O MotoGP é o mais antigo Campeonato do Mundo de desportos motorizados – o primeiro ano de competição teve lugar em 1949.

A partir do início do século XX começaram a disputar-se Grandes Prémios de Motociclismo em vários países e em 1938 a predecessora da actual FIM, a FICM (Fédération Internationale des Clubs Motocyclistes), anunciou um Campeonato da Europa. Contudo, o início da Segunda Guerra Mundial interrompeu a competição e só algum tempo após o final da guerra é que passou a haver combustível disponível para permitir a criação de uma verdadeira competição internacional.

Os primeiros campeões

Quando o primeiro Campeonato do Mundo teve lugar em 1949, os Grandes Prémios eram compostos por quatro categorias a solo, com o primeiro título da ‘categoria rainha’, 500cc, a ser conquistado pelo britânico Leslie Graham aos comandos de uma AJS. Outro inglês, Freddie Frith (Velocette) arrecadou o primeiro ceptro Mundial de 350cc, enquanto os italianos Bruno Ruffo (Moto Guzzi) e Nello Pagani (Mondial) foram os primeiros Campeões do Mundo de 250cc e 125cc, respetivamente.

Na mesma época o campeonato de sidecar de 600cc foi ganho pelos britânicos Eric Oliver e Denis Jenkinson com uma Norton, mas a categoria de sidecar passou a ser uma competição de 500cc em 1951.

Os fabricantes italianos como os já mencionados Mondial e Moto Guzzi, em conjunto com marcas como Gilera e MV Agusta, dominaram os Campeonatos do Mundo durante a década de 50, espelhando a força da indústria das duas rodas do país nessa época. A MV Agusta foi particularmente prolifera no final da década, fazendo o pleno com a conquista dos títulos Mundiais nas quatro categorias entre os anos de 1958 a 1960 – e manteve mesmo o domínio inabalável da categoria de 500cc durante 17 anos, de 1958 a 1974.

Os “sixties”

Durante a década de 60 a industria nipónica de motos começou a crescer e foi nesses anos que muitos dos actuais construtores do MotoGP, como a Honda, Suzuki e Yamaha, conquistaram os primeiros ceptros no Campeonato do Mundo nas categorias de 125cc, 250cc e 500cc, anunciando-se ao mundo dos Grandes Prémios. A Suzuki em particular gozou de grande sucesso na nova classe de 50cc introduzida em 1962.

O final dos anos 60 trouxe o início dos dias de glória da Lenda do MotoGP Giacomo Agostini – o mais bem sucedido piloto na história do Campeonato do Mundo. Até à era moderna os pilotos competiam com regularidade em duas, ou três, categorias em simultâneo e Agostini conquistou dez dos seus 15 títulos em cinco épocas consecutivas enquanto duplo Campeão de 350cc e de 500cc – um período dourado que começou em 1968 a rodar pela MV Agusta.

Por esta altura, os custos associados à participação nos Grandes Prémios tinha escalado de tal forma que várias marcas japonesas acabaram por se retirar da competição – no final dos anos 60 só restava a Yamaha. Em resposta, a FIM introduziu regras que limitaram as motos a propulsores de um cilindro na categoria de 50cc, dois cilindros nas 125cc e 250cc e quatro cilindros nas 250cc e 500cc.

O equilíbrio de forças 

No período que se seguiu, o equilíbrio de forças viu títulos serem conquistados por marcas europeias (Bultaco, Kreidler, Morbidelli, MV Agusta), japonesas (Kawasaki, Suzuki, Yamaha) e norte-americanas (Harley Davidson) – com os construtores nipónicos a conseguirem finalmente quebrar o domínio da MV Agusta na categoria rainha a meio da década de 70.

Após uma ausência de quase 12 anos das corridas, a Honda regressou ao Campeonato do Mundo no final dos anos 70 e em 1983 acabou por mudar a sua filosofia, que a levava a EUAr maquinaria a 4-tempos, para construir a V3 500 a 2-tempos, conhecida como NS500, a máquina com que Freddie Spencer conquistou o ceptro Mundial de 500cc – o seu primeiro e também o da Honda desde o regresso da marca aos Grandes Prémios.

Na época anterior as corridas na categoria de 350cc terminaram ao cabo de 34 anos de competição, deixando o Campeonato do Mundo de novo com quatro categorias – 50cc, 125cc, 250cc e 500cc – com as 50cc a serem depois substituídas pelas 80cc em 1984. Uma aventura curta a do Campeonato do Mundo de 80cc, que foi disputado ao longo de apenas seis épocas, valendo quatro títulos à Derbi, três deles cortesia do piloto espanhol Jorge Martinez.

Os heróis americanos 

Os anos 80 e 90 foram palco de corridas soberbas na categoria rainha, em particular com a forte luta entra Honda Suzuki e Yamaha e com grandes batalhas entre estrelas americanas como Eddie Lawson, Randy Mamola, Freddie Spencer, Wayne Rainey e Kevin Schwantz. Enquanto isso, mas 125cc e nas 250cc marcas europeias como a Derbi, Garelli e, mais tarde, Aprilia lutavam pelas honras com os gigantes nipónicos.

A longa associação dos sidecars aos Grandes Prémios acabou por terminar no final da época de 1996, altura em que classe evoluiu para a Taça do Mundo de Sidecar em 1997.

Nos finais dos anos 90 a classe de 500cc foi dominada pelo herói da Honda e Lenda do MotoGP Mick Doohan, que conquistou cinco ceptros consecutivos antes de uma combinação de lesões ter levado o australiano a terminar a carreira prematuramente em 1999.

A nova era

Antes da alterações dos regulamentos que levaram à mudança para as 990cc a 4-tempos na categoria rainha – em linha com a engenharia moderna e as tendências da produção – um jovem piloto italiano de nome Valentino Rossi conquistou o último ceptro da história das 500cc em 2001 com uma Honda, isto depois de se ter sagrado Campeão do Mundo de 125cc em 1997 e das quarto de litro em 1999 com a Aprilia.

Após a atribuição do novo nome ao Campeonato do Mundo como MotoGP™ em 2002 e com a introdução das 990cc, Rossi venceu quatro títulos consecutivos, dois com a Honda e dois após a sensacional passagem para a Yamaha.

Nas épocas mais recentes as categorias mais baixas foram dominadas por jovens pilotos europeus em preparação para o MotoGP e aos comandos de motos Aprilia e Honda, com Dani Pedrosa a ser bom exemplo disso com três títulos consecutivos – um nas 125cc em 2003 seguido de dois nas 250cc – aos comandos de uma Honda e antes de passar para a categoria rainha. Na sua primeira época no MotoGP™ Pedrosa partilhou a box da Repsol Honda com o americano Nicky Hayden, cujo estilo agressivo, mas consistente, lhe valeu o título de 2006 e colocou ponto final na glória anual de Rossi.

No início da época de 2007 foram introduzidas novas regras a restringir o número de pneus usados num fim-de-semana de Grande Prémio e a redução da capacidade do motor de 990cc para 800cc, voltando a nivelar a competição no MotoGP – Casey Stoner, então aos comandos de uma Ducati com pneus Bridgestone, foi o primeiro a destacar-se na nova era ao sagrar-se Campeão do Mundo. Contudo, em 2008 Rossi regressou ao topo, assegurando o sexto ceptro da categoria rainha, com Stoner a ser um distante segundo classificado da geral.

A época de 2009 assistiu à introdução da regra de fornecedor único de pneus, com a Bridgestone a ser nomeada fornecedora exclusiva da classe de MotoGP. Rossi conquistou o seu sétimo título na categoria rainha depois de lutar com o companheiro de equipa Jorge Lorenzo, o que deixou o italiano a um ceptro de igualar o recorde de todos os tempos de Giacomo Agostini de oito coroas.

A época de 2010 viu um novo nome entrar para os livros de história da classe de MotoGP com Jorge Lorenzo a ser coroado Campeão do Mundo após emocionante luta pelo ceptro durante toda a temporada com o companheiro de equipa Rossi. Lorenzo mostrou soberba consistência e notável maturidade para conquistar a coroa da categoria rainha com apenas 23 anos de idade.

Em 2011 Casey Stoner passou para a Honda oficial, uma mudança que se revelou um grande sucesso. Stoner conquistou o ceptro de 2011 com uma vitória em Phillip Island, a nona, mas não a última desse ano – ele também venceu a última corrida em Valência.

Pilotos com maior nº de títulos

1 -Giacomo Agostino 15

2 -Ángel Nieto 13

3 – Valentino Rossi 9

4 – Mike Hailwood 9

5 – Carlo Ubbidali 9

6 – John Surtees 7

8 – Geoff Duke 6

9 – Jim Redman 6

10 – Michael Doohan 5

11 – Jorge Lorenzo 5

12 – Antong Mang 5

13 – Eddie Lawson 4

Virgílio Machado/MotoSport

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