Primeiro Ferrari a entrar em Portugal está à venda

12/08/2021

O Ferrari 166 MM de 1950 é o primeiro modelo da casa Maranello a ter entrado em Portugal, foi colocado à venda pela DK Engineering, a empresa inglesa especializada em restauro e venda de Ferraris. Apesar do valor não estar disponível no site de venda o Jornal dos Clássicos apurou que irá rondar os cinco milhões de dólares.

Iniciou a sua história no nosso país a 10 de Junho de 1950, data em que João A. Gaspar, importador e agente representante da Ferrari em Portugal, recebe este Ferrari 166 MM Barcheta Touring, com o chassis #0056M.

Saído de fábrica com a carroçaria esculpida pela casa Touring de Milão, pintado originalmente de azul-escuro metalizado, e equipado com dois faróis de nevoeiro na dianteira e acabamento interior de competição, foi naquela data entregue ao seu primeiro proprietário, José Barbot.

Naquele mesmo ano, a 15 de Setembro, José Júlio Marinho adquiriu-o a José Barbot, iniciando a sua extensa participação em competições em Portugal, no I Grande Prémio de Portugal, a 17 de Junho de 1951, realizado em Boavista, Porto, conduzido por Guilherme Guimarães. Qualificou-se em 10º lugar entre 29 participantes. Todavia, terminaria a corrida precocemente, completando apenas quatro voltas.

 

De seguida correu no X Circuito Internacional de Vila Real, conduzido novamente por Giilherme Guimarães, com o 8º lugar na grelha entre 17 concorrentes, sendo novamente forçado a desistir cedo da corrida na sequência de um pequeno acidente, a 15 de Julho de 1951.

Logo no dia seguinte, correu no Festival Nocturno no Estádio Lima Porto, pelas mãos de Pierro Carini, emprestado por Guilherme Guimarães. Conseguiu o 2º lugar da geral, tendo Giovanni Bracco sido o vencedor.

Participou no II Grande Prémio de Portugal, no Porto (Boavista) conduzido, de novo, por Guilherme Guimarães, a 22 de Julho de 1952. Entre os 22 participantes qualificou-se em 12º lugar da grelha, terminando a prova em 8º da geral, a cinco voltas do vencedor, Eugenio Castelotti.

Seguiu-se a corrida do XI Circuito Internacional de Vila Real, a 6 de Julho, pelas mãos de Guilherme Guimarães, ficando em 10° lugar da grelha entre 20 pilotos, acabando a prova em 5° da geral, com três voltas de atraso para o vencedor, Casimiro de Oliveira. No dia 27 do mesmo mês voltou a competir na Rampa da Penha, em Guimarães.

Seguiu-se a participação no III Circuito de Vila do Conde, com mais um pódio, novamente com Guilherme Guimarães ao volante, finalizando no 3° lugar da geral, a cinco voltas do vencedor, Casimiro de Oliveira, no fim de Agosto.

Voltou a correr no IV Circuito de Vila do Conde, numa prova que decorreu a 27 de Setembro de 1952, e na qual participaram os quatro Ferrari de competição existentes à época em Portugal, isto é, o 225 S de D. Fernando Mascarenhas, o 340 America de José Nogueira Pinto, o 166 MM Barchetta de José Soares Cabral e o 225 S de Casimiro de Oliveira.

A 26 de Julho de 1953, qualificou-se em antepenúltimo lugar da grelha entre 19 participantes no Grande Prémio Jubileu ACP, em Monsanto, mas não chegou a partir para a prova.

Ainda em 1953, obteve o 1° lugar do pódio, na Classe S2, com Guilherme Guimarães, no Trial de Velocidade do Porto (Km de Arranque e 500 m Lançados de Pedras Rubras).

Passados dois meses, o Ferrari 166 MM foi registado em nome de José Ferreira da Silva, residente em Anadia e a 26 de Julho participa nos treinos do V Grande Prémio de Portugal, no Porto (Boavista) mas não chegou a iniciar a corrida.

Durante o ano de 1956, o “#0056 M” ficou guardado em Lisboa, na oficina Palma, Morgado & Cª Lda. juntamente com o primeiro 166 MM Touring Barchetta, registado em Portugal (chassis #0040 M), e de um 225 S Vignale Spider (#0200 ED).

Em 1957, o 166 MM foi vendido ao ATCA (Automóvel e Touring Clube de Angola) juntamente com o “225 S Spider Vignale”, de D. Fernando Mascarenhas, ambos com o objectivo de serem utilizados em competição, por condutores escolhidos pelo clube angolano.

Conduzido por Maximino Morais Correia, participou no I Grande Prémio de Angola, em Setembro de 1957, mas não estabeleceu um tempo que lhe permitisse iniciar a corrida, em consequência de uma série de problemas mecânicos, mas em Setembro do ano seguinte corria a II Taça da Cidade de Luanda, onde terminou num 6° lugar da geral.

Em Setembro de 1959, o clube ATCA escolhe o piloto Sebastião Borges Gouveia para participar no III Grande Prémio de Leopoldville, no Congo Belga, desistindo durante a corrida, e também para o III Grande Prémio de Angola, qualificando-se em 21° entre 24 participantes, terminando em 16° e último da geral, a 19 voltas do vencedor, Curt Lincoln.

Em Julho de 1960, a escolha recaiu sobre João Alves, que conduziu o 166 MM na Taça da Cidade de Lourenço Marques, Moçambique, terminando na 7ª posição da geral na prova, ganha por Syd van der Vyer.

No mesmo ano, o clube ATCA vende o 166 MM a António Lopes Rodrigues que o regista em Moçambique, e de seguida participa na Rampa da Polana, Lourenço Marques, aparecendo com a carroçaria pintada de branco, e também na “Formule Libre and Sports Car”, no Circuito Internacional de Lourenço Marques.

Em Agosto de 1963, muda novamente de proprietário, tendo Hugh Gearing, de Joanesburgo, África do Sul, adquirido o veículo a António L. Rodrigues. Dez anos depois, Hugh Gearing vende-o a Robert van Zyl, (o actual proprietário) também de Joanesburgo. Robert e Geerie van Zyl participam na Histórica Mille Miglia, na prova que decorreu de 9 a 12 de Maio de 1996.