Assinalam-se hoje precisamente 50 anos desde que a história da Mazda mudou, com o lançamento do Cosmo Sport que marcou o início de um legado a vários níveis para a construtora nipónica que perdura até ao presente. Num exercício de memória, a Turbo propõe-lhe uma viagem até à década de 60 – ao momento desta mudança de direcção e consequente trilho para o sucesso. Assinalam-se agora os cinquenta anos desde que, a 30 de maio de 1967, o histórico modelo Cosmo Sport deu início à aventura da marca nipónica com os motores Wankel, tratando-se de uma máquina com um duplo rotor e um charme inegável. Não foi um sucesso comercial estrondoso, com pouco mais de 1000 unidades vendidas, mas tem papel ímpar ao assumir-se quase como o “guia espiritual” que tem vindo a indicar o caminho ao longo de meio século para o construtor de Hiroshima.
Conhecido fora do Japão como o 110S, foi o primeiro desportivo da Mazda e antepassado de modelos lendários como o RX-7 e o MX-5. O Cosmo Sport marcou um processo de inovação no seio do fabricante japonês, com a marca a afirmar que ele trouxe o prazer de condução, uma nova mentalidade, emoção, singularidade e energia únicas. Mas, mais do que isso, ele tem significado especial para um emblema que, em 1967, produzia maioritariamente veículos pesados e de pequenas dimensões, pelo que o Cosmo Sport levou a Mazda a um novo paradigma de constante desafio às convenções a nível de engenharia e design.
Foi este espírito que desenvolveu o coração do Cosmo Sport: os engenheiros da Mazda ultrapassaram inúmeras barreiras para tornar o motor rotativo comercialmente viável, testando protótipos ao longo de centenas de milhares de quilómetros antes do seu lançamento. Muitos foram os fabricantes automóveis a seguir a maré e que assinaram acordos de licenciamento com a NSU para desenvolver a nova tecnologia, mas apenas a Mazda foi bem-sucedida… Assente no potencial do seu evoluído motor, a marca japonesa alcançou níveis de performance equivalentes a blocos muito maiores e mais pesados, conquistando um sucesso considerável em competição – para além de vendas na ordem dos dois milhões de unidades.
O prodigioso RX-7, por exemplo, dominou a sua classe no Campeonato americano IMSA ao longo da década de 80. Mas o triunfo mais significativo da Mazda foi em 1991, quando um Mazda 787B, alimentado por um bloco de quatro rotores, 2,6 litros de cilindrada e que debitava 710 cv, ganhou as 24 Horas de Le Mans – uma vitória mecânica absolutamente notável entre uma competição feroz, que foi também o primeiro triunfo de um construtor asiático na histórica corrida de resistência francesa.
O legado dos motores rotativos permanece essencial para a marca de Hiroshima, que refere que este espírito experimental e resiliente continua a ser uma política implementada em cada projeto. É o caso da filosofia Jinba-Ittai, de “condutor-e-carro-como-um-todo” única do MX5, que o tornou no roadster mais popular de sempre, e da tecnologia SKYACTIV (através de uma gama de motores, plataformas e carroçarias de baixo peso) que nunca teria conhecido a luz do dia não fosse esta mentalidade iniciada em 1967 e de que agora se assinalam os cinquenta anos. E, segundo notícias recentes, os motores rotativos, ou Wankel, ainda têm muito para dar, sendo sempre referidos como uma possibilidade para um regresso do RX-8 ou mesmo “mudando de vida” e surgindo agora como extensores de autonomia para veículos híbridos.