Líder da Ferrari terá de apresentar garantias aos investidores

17/09/2018

Os “homens do dinheiro”, aqueles que possuem as ações da marca, querem garantias por parte do novo líder relativamente aos objetivos estabelecidos, temendo que ele não esteja a ser tão ambicioso como era Sergio Marchionne.

A Ferrari prepara-se para aquela que será, provavelmente, uma das mais intensas fases de mudança na sua história. A transição teve início quando Sergio Marchionne substituiu Luca di Montezemolo na liderança da marca, tendo colocado como objetivo a médio-prazo o progressivo aumento dos valores da produção, estabelecidos em 2014 num total de 7000 unidades anuais. Mais recentemente foram anunciados os planos de desenvolvimento para modelos que, de certa forma, cortam com o legado do Cavallino Rampante, já que estão a ser preparados superdesportivos híbridos e o lançamento de um SUV, e é precisamente nas ambições para estes modelos que a questão se centra atualmente. Isso porque os investidores duvidam da visão de Louis Camilleri, que ocupou o lugar deixado vago com a morte de Sergio Marchionne em finais de junho, considerando que ele poderá ser mais comedido nas metas estabelecidas do que o seu antecessor.

O problema teve início em agosto, quando Camilleri comentou os objetivos a médio-prazo, que passam por atingir lucros EBITDA (antes de juros, impostos, amortizações e depreciações) cifrados em dois mil milhões de euros em 2022, e também o investimento em desportivos híbridos e num SUV mantendo intacto o rico passado da marca. Outra questão essencial passa por conseguir aumentar a produção sem que a exclusividade da Ferrari. Nessa altura ele indicou que estes eram valores “aspiracionais”, o que terá feito soar os alarmes pois a marca desvalorizou imediatamente 7% na bolsa.

Por isso, na próxima quarta-feira, na reunião com os investidores que vai ocorrer em Maranello, será preciso que Camilleri mostre qual a sua visão e estratégia para atingir os valores previamente definidos, afirmando dessa forma que a ambição demonstrada por Sergio Marchionne foi passada para o seu sucessor. Entre os valores que o novo CEO pode apresentar a seu favor merece destaque a margem de lucro superior a 30% por automóvel, o que coloca a Ferrari no topo da lista dos fabricantes que mais dinheiro ganham por cada viatura.