C-HR Plug-in Hybrid: a Toyota aposta na maior autonomia em modo EV

28/03/2024

A Toyota apresentou o C-HR Plug-in Hybrid, a versão PHEV do seu crossover do segmento C e que já vendeu 900.000 unidades em todo o mundo, desde 2017. A segunda geração, lançada no final de 2023, acentua esteticamente uma imagem moderna e irreverente, que ajudou a Toyota a conquistar um público menos conservador, com um espírito prático e jovem, independentemente da idade.

 

Esta segunda geração tem uma imagem ainda mais radical, que permite à Toyota indicá-lo como um concept car para a estrada.

O C-HR Plug-in Hybrid revelado agora conta com um motor elétrico de 120 kW (163 cv) e uma bateria de iões de lítio de 13,6 kWh, trabalhando em conjunto com um motor de dois litros a gasolina, com 112 kW (152 cv). A potência combinada máxima é de 164 kW (223 cv). Mais importante do que as acelerações — uns respeitáveis 7,4 segundos dos zero aos 100 km/h é a possibilidade de realizar 66 km só em modo elétrico, segundo o ciclo combinado da norma WLTP. Em Portugal está apenas disponível a versão de tração dianteira.

Isto significa que, em muitos percursos do quotidiano será possível dispensar o uso do motor a combustão, sempre pronto para entrar em ação, quando a carga da bateria se esvai. Os consumos oficiais fixam-se em menos de um litro de gasolina para percorrer os primeiros 100 quilómetros, sem dúvida um bom resultado, com as correspondentes emissões de CO2 a situarem-se nos 19 e 20 g/km, dependendo da versão e equipamento.

Alcance melhorado com tecnologia de ponta

O C-HR Plug-In Hybrid 220 tem alguma soluções interessantes e inovadoras, pensadas para aumentar o alcance possível em modo elétrico, sendo uma delas, a bomba de calor, apoiando o sistema de climatização e consumindo menos energia.

A Toyota aperfeiçoou também o sistema Predictive Efficient Drive, com uma nova função de geofencing, que combina a análise das condições da estrada e do trânsito, assimilando os percursos regulares e o estilo de condução, para otimizar de modo autónomo o desempenho do modo elétrico. A função geofencing vai ainda mais longe, analisando o percurso planeado e decidindo qual a forma mais eficiente para alternar a utilização do modo elétrico ou híbrido, incluindo no seu planeamento a passagem por zonas de baixas emissões.

O condutor pode escolher entre os modos EV, EV/HV automático, HV e Carregamento.

O sistema de regeneração na travagem e desaceleração também foi revisto, com três modos, que vão do suave ao forte, capaz de proporcionar até 80% da travagem utilizando apenas o pedal do acelerador.

No que diz respeito à condução, estão disponíveis os já habituais modos Normal, Eco e Sport, que podem ainda ter uma opção mais personalizada.

O carregador embarcado permite repor na totalidade os eletrões da bateria a uma potência de até 6,6 kW em menos de 2h30, mas também é possível carregar numa tomada doméstica, o que deve demorar 6h30.

Versões e preços

A versão de entrada é a Business e tem um nível de equipamento bastante completo, com sensores de estacionamento à frente e atrás, bancos em tecido aquecidos, câmara traseira e cruise control adaptativo, bem como faróis Led. A Toyota estima que representará 28% do mix de vendas e o preço é de €46.020 (€37.415 sem IVA).
A versão Square Collection terá um peso de 54% no total das vendas e acrescenta à lista de equipamento, entre outros, o ecrã multimédia maior (12,3’’ em vez de 8’’), o sistema de navegação e carregamento por indução de smartphone, por €47.890 (€38.935 sem IVA). A versão Lounge, que deverá representar 15% das vendas, começa nos €50.200 (€40.813 sem IVA), tem jantes em liga leve de 19’’, tejadilho panorâmico, luzes de ambiente customizadas, bancos em pele e tecido, entre outros upgrades.

No topo da escala está a versão GR Sport Premiere Edition, que custa €53.090 (€43.163 sem IVA) e destaca-se sobretudo pelas jantes de 20’’, bancos desportivos e sistema de som JBL.

Um produto refinado

No breve contacto que tivemos com o Toyota C-HR Plug-In Hybrid 220, entre Lisboa e Cascais, ficou aparente que a imagem irreverente e até provocadora do exterior não tem impacto na experiência de utilização.

O C-HR mantém todas as caraterísticas que associamos aos veículos do construtor nipónico. O interior é bastante sóbrio e muito bem construído, com excelentes materiais e montagem.

A insonorização é um dos pontos fortes do modelo, o que concorre para uma sensação de conforto e tranquilidade no habitáculo.

O sistema híbrido está ainda mais refinado, com muitas das transições EV/HV imperceptíveis, mesmo ao condutor mais experiente. Com este modelo, aliado à nova geração do Prius, a Toyota evoluiu esta tecnologia de forma muito significativa.

O comportamento geral do C-HR, incluindo o amortecimento e direção, concorrem para um conjunto ágil e até divertido, que certamente vai ao encontro das preferências de muitos dos seus utilizadores.

O desempenho e potência do conjunto motriz é mais do que adequado para todo o tipo de situações e não desmerece a designação GR Sport, apesar de ser apenas uma versão de equipamento.

O que pensa o Welectric

A Toyota continua a ser referência na produção de automóveis híbridos de elevada qualidade e desempenho. O C-HR Plug-In Hybrid 220 confirma essa competência, com mais uma versão plug-in que procura oferecer o melhor das duas realidades: elétrico para deslocações urbanas diárias e híbrido para quando ultrapassamos essa fronteira de utilização. Tudo isto com o sex appeal de uma carroçaria distinta e bem conseguida.

Há, no entanto, um reverso desta realidade, que está relacionado com o seu posicionamento no mercado português atual. O preço a que chega ao mercado deve colocar algumas preocupações, até em comparação com outros produtos da marca, como é o caso do RAV4 Plug-In, de segmento superior e com tração integral, cuja versão de entrada custa €53.220.

Talvez comparar o C-HR Plug-In Hybrid com modelos 100% elétricos não faça sentido nesta fase — em muitos casos, quem opta por um PHEV não quer um BEV — mas também aqui cada vez surgem mais opções, de construtores recentes mas também tradicionais, que podem fazer vacilar alguns clientes mais progressistas.

Dito isto, e assumindo que as emoções e a fidelidade aos pergaminhos da marca continuam a contar no momento da compra, a base racional para a existência desta versão PHEV do C-HR está plenamente justificada. Um bom produto que vai contribuir — à sua maneira, mas de forma bem sustentada — para a eletrificação e a redução de emissões do parque automóvel nacional.