O relatório Veículos pesados usados e o meio ambiente – Uma perspetiva global dos veículos pesados usados: fluxo, escala e regulamentação (disponível em inglês), lançado conjuntamente pelo PNUMA e pela Coalizão de Clima e Ar Limpo (CCAC), apresenta uma primeira visão global pela ONU da escala e regulamentação dos veículos pesados usados e sua contribuição para a poluição do ar global, acidentes rodoviários, consumo de combustível e emissões climáticas. O relatório recomenda formas de reduzir os aspetos nocivos dos veículos pesados usados na saúde das pessoas e no clima.
De acordo com o documento, o número de veículos pesados deve continuar a crescer consideravelmente com o aumento das atividades económicas e a necessidade de mover pessoas e bens.
No caso dos países em desenvolvimento, este crescimento da frota arrasta consigo um problema – alerta a PNUMA: será um crescimento assente em importações de camiões e autocarros em segunda mão antigos, poluentes e inseguros.
“Embora isso promova meios mais acessíveis para aumentar as necessidades de mobilidade nesses países, o relatório conclui que a regulamentação e a fiscalização sobre a qualidade dos veículos pesados usados importados são baixas ou inexistentes”, aponta a PNUMA.Esta instituição indica que até ao momento, nenhum país tem requisitos mínimos para exportar veículos pesados usados. O relatório considera que a regulamentação em mais de metade dos países importadores de veículos pesados usados é “fraca” ou “muito fraca” e que a aplicação é inadequada.
“Enquanto 25 países africanos adotaram normas sobre os veículos pesados utilizados para o controlo da poluição atmosférica e a melhoria da segurança rodoviária, apenas quatro as implementaram na íntegra. Em todo o mundo, apenas dois países incluíram veículos usados nos seus planos nacionais de ação climática”, diz a PNUMA.
O relatório representa um primeiro esforço de quantificação e qualificação dos fluxos de veículos pesados em segunda mão, com base em dados de exportação do Japão, União Europeia e República da Coreia – representando cerca de 60% do mercado total de exportação de veículos pesados novos e usados – para 146 países predominantemente de baixa e média renda. O relatório tem limitações, principalmente discrepâncias nas estatísticas, além de faltar dados disponíveis publicamente dos EUA, que não separam as exportações de veículos novos e usados, e da China, um exportador emergente.
Rob de Jong, chefe da Unidade de Mobilidade Sustentável do PNUMA, explica: “Camiões e autocarros contribuem para o crescimento económico em praticamente qualquer lugar do mundo, mas são necessárias regulamentações ambiciosas para conter as suas emissões que causam grandes impactos no ambiente e na saúde. A introdução de tecnologias de bus mais limpas pode ser um importante impulsionador da revolução global para o transporte com baixas emissões e, em última instância, com emissões zero”.
O documento defende a necessidade de cooperação regional para introduzir e aplicar normas mínimas, tais como normas de emissão e limites de idade, sensibilizar o público e aumentar a investigação, tanto para os benefícios ambientais como para a segurança rodoviária: “Por exemplo, adotando padrões de emissões de veículos equivalentes à Euro VI e combustíveis mais limpos, até 700 mil mortes prematuras podem ser evitadas até 2030”.
Atualmente, 97% de todos os camiões recém-registados e 73% dos autocarros na União Europeia funcionam com Diesel. Uma melhor regulamentação sobre os veículos pesados em segunda mão “também pode levar a um salto e a uma maior adoção de tecnologias avançadas nos países em desenvolvimento, incluindo bus e camiões elétricos”.