Controversos protestos climáticos em Portugal ainda vão subir mais de tom

13/03/2024

Os muito controversos e criticados protestos dos jovens pelo clima têm subido de tom em Portugal, com vários tipos de ações desde cortes de estrada, vidros partidos, tinta atirada contra políticos, fachadas de edifícios pintadas, manifestantes acorrentados a gradeamentos, entre outras.

 

A campanha eleitoral foi pródiga em ações destas, com o líder do PSD, Luís Montenegro, a ser um dos visados, quando um manifestante lhe atirou com tinta verde para cima. Os jovens da Greve Climática Estudantil também pintaram frases de protesto nas entradas de sedes de partidos, como Partido Socialista (PS), Partido Social-Democrata (PSD) e Bloco de Esquerda (BE), para exigir o fim aos combustíveis fósseis.

Foto: Climáximo

Nas entradas das sedes de partidos foram grafitadas frases como “Eletricidade 100% renovável e gratuita”, “Fim ao fóssil 2030” e “Este partido não tem um plano”, acusando, assim, as forças políticas de falta de planos para o fim dos combustíveis fósseis até 2030. Também outdoors de diferentes partidos foram pintados.

O comum dos cidadãos indigna-se perante estas formas de contestação e vê nestes protestos dos jovens estudantes “atos de vandalismo” e “ataques ao património”, os quais levam, de resto, a detenções e à apresentação de queixas às autoridades policiais.

No entanto, os manifestantes consideram estas suas ações apropriadas e um exemplo de um “ativismo por uma causa justa” em defesa do ambiente: “Eleições em 2024 dão mandato até 2028. Este é o último mandato para resolver crise climática. Não ter agora um plano para fim ao fóssil até 2030 é condenar o nosso futuro”, referem os ativistas.

Mas por que razão, afinal, esta contestação é tão radical?

A Climáximo, organização que reúne estes jovens ativistas ambientais, defende-se que esta espécie de “táticas de guerrilha” surge porque todas as formas de sensibilização e protesto usadas, como manifestações mais pacíficas e reuniões com diferentes instituições, não deram em nada.

“Já fizemos de tudo. O problema é que os governos e os chefes das empresas estão a fazer escolhas conscientes e coordenadas de matar e despejar milhares de pessoas, inclusive a ti e a quem tu amas”, declara a Climáximo que diz ser necessário uma disrupção “para parar a destruição”: “A nossa casa está a arder. Todas as pessoas têm de parar o que estão a fazer e, juntas, temos de apagar o fogo. Não dá para aguentar mais”, insistem.

Foto: Climáximo

A Climáximo afirma que apesar do consenso científico sobre a crise climática, “o sistema não respondeu” e que “não estamos apenas numa emergência global, estamos em guerra”, acusando os governos e as empresas de inação e de, com isso, declararem “guerra contra as pessoas e o planeta”.

Com o aproximar do 50º aniversário do 25 de Abril e num ano em que haverá mais um ato eleitoral (Europeias a 09 de junho), este tipo de ações deverá subir de tom e frequência.

Esta primavera, o movimento vai mobilizar estudantes nas escolas para “uma onda de ações em maio a que chamam ‘Primavera Estudantil Pelo Fim ao Fóssil’”.

Os jovens prometem que “não vão dar paz” às instituições de poder que não estão a garantir o fim ao uso dos combustíveis fósseis até 2030.

Para estes ativistas, “a luta vai fazer-se nas escolas e nas ruas. Sabemos que estamos do lado certo da história”.