“A utilização de biocombustíveis produzidos a partir de resíduos permite dar uma nova vida aos resíduos, aumentar a percentagem de energias renováveis e reduzir as emissões de dióxidos de carbono, contribuindo assim para reduzir as alterações climáticas”, referem os ecologistas.
Em termos de emissões de CO2, os biocombustíveis produzidos a partir de óleos alimentares usados emitem 14 gCO2eq./MJ, muito menos do que os biocombustíveis com origem em óleos virgem (55 gCO2eq./MJ) e muito menos ainda do que o gasóleo fóssil (83,8 gCO2eq./MJ).
“É por isso fundamental que o Governo corrija o erro crasso que cometeu na aprovação do OE de 2019, em que reduziu a incorporação nos transportes terrestres dos biocombustíveis com origem em resíduos”, declara Rui Berkemeier, da Zero.
A Zero elogia a iniciativa da Carris e da Prio ao promoverem a utilização de biodiesel produzido a partir de óleos alimentares usados, em detrimento da utilização dos óleos vegetais virgens, nomeadamente o óleo de palma, “que de forma inequívoca contribui para a desflorestação e a drenagem de turfeiras no sudeste da Ásia, para além de estar a pressionar várias espécies para a extinção, como o orangotango ou o elefante pigmeu”.
O Executivo argumentou na altura que o objetivo dessa redução era diminuir o custo do gasóleo, no entanto a Zero esclareceu os responsáveis governamentais que a utilização de biocombustíveis produzidos a partir de resíduos não tinha qualquer influência no preço daquele combustível e que a razão da substancial diferença de preços em relação a Espanha tinha apenas a ver com o IVA e o Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP) que são muito mais baixos do que em Portugal.
Parte fundamental da equação
A Zero espera que, “desta vez, o Governo faça melhor as contas e perceba que se queremos realmente avançar para a neutralidade carbónica temos de aproveitar todas as possibilidades que estão à nossa disposição e os biocombustíveis com origem em resíduos são uma parte fundamental dessa equação, porque não implicam um aumento do custo dos combustíveis e porque, para além disso, se inserem na lógica da economia circular”.

