As locomotivas apresentadas são as primeiras quatro de um total de 16 adquiridas há dois anos, num investimento total superior a 90 milhões de euros.
A Medway acusou o governo de fazer “declarações de amor” à ferrovia, mas depois adotar medidas que beneficiam a rodovia, como por exemplo a taxa de utilização imputada aos operadores ferroviários de mercadorias, enquanto “a maior parte da rede rodoviária não tem qualquer portagem para carga”.
Carlos Vasconcelos acusa a rodovia de tratamento privilegiado, dando o exemplo da redução de portagens em nome da coesão territorial, ao passo que o transporte de mercadorias por comboio teve um aumento médio de 22%, a que se somarão mais 8% em 2025.Carlos Vasconcelos realçou também que os operadores ferroviários suportam a quase totalidade dos custos de manutenção da infraestrutura, enquanto os rodoviários não, e que a rodovia recebe subsídios para a renovação da sua frota com camiões mais eficientes e sustentáveis e a ferrovia não.
“A rodovia recebeu as compensações pelo aumento dos custos dos combustíveis em 2022 e 2023 e a ferrovia? Nada. Nem um cêntimo. Porquê? Não sabemos. O Governo anunciou em 2022 estes apoios também para a ferrovia e renovou-os para 2023 tal como o fez para a rodovia. Prometeu, mas não cumpriu, mas a rodovia já recebeu os seus apoios”, lamentou o presidente da Medway.
O PRESIDENTE DA MEDWAY DIZ QUE PORTUGAL CORRE O RISCO DE INVESTIR MILHÕES NA REDE E NÃO TER COMBOIOS DE CARGA A CIRCULAR POR NÃO SER COMPETITIVO.
“Espanha cobra uma taxa de uso de 23 cêntimos por quilómetro, Portugal cobra 1.87 euros este ano, ou seja, é oito vezes mais caro transportar em Portugal do que em Espanha”, destacou o responsável, dando ainda como exemplo a Áustria, que isentou a cobrança de taxa de uso às empresas de transporte ferroviário de mercadorias, no âmbito das políticas de redução das emissões de CO2.
O presidente da Medway, antiga CP Carga, considerou mesmo que Portugal é um país “esquizofrénico” em termos ferroviários, que corre o risco de investir “milhares de milhões numa excelente rede”, mas “os operadores ferroviários de mercadorias terão mudado o seu material circulante para o país vizinho que desenvolve uma verdadeira política de incentivo à transferência modal”.