Os debates durante os quatro dias da Velo-city, de 6 a 9 de setembro, sublinharam quase de forma unânime que a construção de cidades sustentáveis e localidades viradas para as pessoas passa impreterivelmente pela defesa de ciclovias, pela proteção dos ciclistas e dos peões, por uma nova planificação do espaço e por uma nova forma de pensar o mundo, aproveitando as lições deixadas pela pandemia.
O Watts On acompanhou o evento Velo-City Lisboa e deixa um apanhado de algumas das principais reflexões dos mais variados oradores presentes.
São frases para memória futura de um conferência que fica para a história e que terá continuidade em 2020, na cidade de Liubliana, capital da Eslovénia que irá acolher a próximo Velo-city, em 2022:
► “Não tenhamos medo de agir”– Miguel Gaspar, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, no encerramento do plenário da Velo-city que reforçou a necessidade de urgência no combate aos efeitos das mudanças climáticas.
► “Tínhamos 10% de mulheres a andar de bicicleta no início e hoje estamos a chegar a 25%. Mostramos como uma rede inclusiva pode aumentar os utilizadores de bicicletas. Construir ciclovias nas cidades significa liberdade de acesso e liberdade de escolha. Nunca nos arrependemos de ter tirado espaço aos automóveis. Há que devolver as cidades às pessoas” – Miguel Gaspar
► “Não há nenhuma maneira de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ou cumprir o Green Deal sem incluir o ciclismo no quotidiano” – Jill Warren – Federação Europeia de Ciclistas (ECF)
► “A pandemia ofereceu uma oportunidade de vivenciar as nossas cidades de maneira diferente e de desencadear mudanças na forma como vivemos o ambiente urbano” – Karen Vancluysen, Secretária-Geral da POLIS Network
► “Se nos ‘armadilharmos’ de bicicletas para termos cidades verdes, podemos ser um agente de mudança” – Jeremy Yap, representante da direção executiva na Land Transport Authority de Singapura
► “Desbloqueámos a ideia de que podemos recuperar as nossas cidades novamente. Não precisamos de aceitar que vivemos numa cidade projetada para abrigar automóveis” – Elke Van den Brandt, ministra da mobilidade, obras públicas e segurança rodoviária na Região de Bruxelas
► “O que aprendi é que, se se quiser resolver um problema, é preciso ter o máximo de perspetivas possível. Se quisermos ter uma boa política de ciclismo, precisamos incluir os pontos de vista das mulheres” – Elke Van den Brandt
► “Até agora aceitávamos o inaceitável. Viver na cidade mínima, a cidade agitada. Precisamos mudar isso hoje. Precisamos mudar o ritmo da cidade” – Carlos Moreno, Diretor científico do Gabinete de “Empreendedorismo, Território, Inovação” na Universidade de Paris, sobre os benefícios da cidade de 15 minutos e a necessidade de transformar os nossos ambientes urbanos, também presente na Velo-city Lisboa
► “Precisamos de um melhor planeamento para integrar o ciclismo e a mobilidade ativa para remodelar as áreas portuárias nas cidades” – Heike Bunte, investigadora-assistente em Hamburgo
► “Temos a certeza de que as carbo bikes irão desempenhar um papel fundamental”- Pedro Machado, assessor do vereador de mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa acerca do planeamento da Baixa da cidade.
► “Temos que falar sobre segurança e sustentabilidade ao mesmo tempo, porque as pessoas não viajarão de bicicleta na quantidade de que precisamos se não fizermos com que seja seguro” – Matthew Baldwin, Diretor-Geral Adjunto, Coordenador Europeu para a Segurança Rodoviária e Mobilidade Sustentável na Comissão Europeia
► “Ninguém será capaz de criar uma cidade neutra para o clima sem andar de bicicleta. Se se tentar fazer isso sem os cidadãos, não funcionará. As cidades existem onde a política encontra as pessoas” – Matthew Baldwin
► “E-bikes, Pedelecs e trotinetes – todos fazem parte de uma solução verde para a mobilidade” – Klaus Bondam, Diretor na Federação de Ciclistas da Dinamarca
► “Acho que estamos no caminho certo. Talvez devessemos dizer que a revolução do ciclismo começou, mas ainda não a vencemos” – Klaus Bondam, durante o Velo-city
► “As ruas devem ser divididas de acordo com a velocidade” – Sidsel Hjuler, chefe de gabinete na “The Cycle Superhighways” na região de Copenhaga, Dinamarca
► “Tudo o que nos ajuda a ganhar espaço público – e tirar os ‘grandes motores’ – devemos aplaudir” – Joris Van Damme, planeador de mobilidade na província de Brabante Flamengo, Bélgica
► “A combinação de e-bikes e ciclovias é o caminho para uma Europa mais verde e muito mais conectada” – Joris Van Damme
► “Os serviços de micromobilidade só podem ser bem-sucedidos se forem integrados nos serviços de transporte público” – Adam Bodor, gestor de mobilidade ativa e micromobilidade em Budapeste
► “É ingénuo pensar que o ciclismo vai resolver todos os problemas de mobilidade; devemos olhar para a ampla gama de opções disponíveis” – Karen Vancluysen, Secretária-Geral na Polis, a respeito da importância da multimodalidade na concepção de ecossistemas de mobilidade
► “A nossa visão até 2030 contempla 50 milhões de novos ciclistas e 15 mil milhões de euros de financiamento da UE para o ciclismo e serviços como compartilha” – Kevin Mayne, diretor executivo na Cycling Industries Europe
► “Haverá sempre invenções e inovação. Mas precisamos acompanhar e regular essas coisas para garantir que as cidades se tornem muito mais habitáveis” – Wolfgang Backhaus, chefe de equipa de mobilidade coletiva e inteligente na Rupprecht Consult, Alemanha
► “A bicicleta tem um grande potencial para tornar o espaço público acessível e para projetar uma cidade de modo a que todos possam chegar ao seu destino” – Cantal Bakker, Diretora da Pikala Bikes
► “As bicicletas são um componente-chave – não se pode oferecer cidades que funcionem bem para as pessoas sem considerar o ciclismo” – Lucy Saunders, Diretora da Healthy Streets
► “Se queremos ter cidadãos políticos ativos, eles têm que usar o espaço público desde quando são muito, muito pequenos” – Frederico Lopes, Investigador na Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa, sobre como as crianças podem contribuir para a construção de cidades ativas e inclusivas
► “Ao criar espaço para as bicicletas, mudamos a atitude das pessoas na cidade de Ljubljana” – Jan Oršič chefe de turismo de negócios na Ljubljana Tourism
► “Não podemos chamar uma cidade de funcional a menos que ela tenha as instalações de bicicletas mais funcionais do mundo” – Oskari kaupinmäki, coordenador de mobilidade em bicicleta na cidade de Helsínquia, Finlândia
► “Os nossos países precisam da bicicleta como um modo sustentável de apoiar as áreas rurais, dando às pessoas a possibilidade de sair do caminho tradicional” – Alessandra Priante, diretora do departamento regional na Organização de turismo mundial da ONU
► “Há 6 anos Portugal não era o polo de produção de bicicletas que é hoje. A associação da indústria juntou-se para fazer um plano de internacionalização e hoje Portugal vende bicicletas elétricas para a Europa e para o mundo” – Gil Nadais, Secretário-Geral da ABIMOTA, na Velo-city
► “Vimos neste verão que os efeitos das mudanças climáticas não são uma visão de um eventual futuro, mas que os efeitos estão aqui e agora” – Philippe Crist, conselheiro de inovação no forum de Transportes Internacional
► “Todos nós podemos fazer a diferença a andar de bicicleta, o grande equalizador, a melhor e a maneira mais acessível de descarbonizar o transporte – uma cidade não pode ser neutra para o clima sem andar de bicicleta” – Frans Timmermans, vice-presidente da UE, na Velo-city
► “A bicicleta é divertida, inclusiva e indispensável para qualquer plano estratégico de mobilidade de descarbonização. É uma máquina da liberdade” – Frans Timmermans
► “Uma cidade neutra para o clima é uma cidade ciclística” – Frans Timmermans
► “Todas as pessoas adoram andar de bicicleta e é hora de os políticos colocarem o seu dinheiro naquilo em que as pessoas pedem” – Esther van Garderen, diretora na Fietserbond
► “Não há mais muitos negacionistas da crise climática, mas há pessoas que simplesmente optam por não reagir” – Janko Vecerina, presidente da ONG, “sindicato dos ciclistas” na Croácia
► “O ciclismo deveria receber mais dinheiro para infraestruturas, promoção, redução de impostos, para tornar a solução muito mais fácil de usar para as pessoas que vão ainda à procura de automóveis” – Áron Halász, vice-presidente do Clube de Ciclistas da Hungria
► “Para a COVID-19, temos a vacina. Para as alterações climáticas não temos vacina, mas temos a bicicleta – e isso não é tão mau” – Olivier Schneider, presidente na Federação Frances de Utilizadores de Bicicleta
► “As bicicletas são essenciais para lidarmos com as mudanças climáticas. Precisamos de uma revolução total na forma como as nossas cidades são projetadas” – Membro do Parlamento da Nova Zelândia
► “Estamos perto do dia em que teremos mais queixas de ciclistas sobre os carros estarem no lugar errado, do que o contrário como acontece agora” – João Pedro Matos Fernandes, Ministro do Ambiente de Portugal