Quem domina o mercado mundial de lítio para as baterias?

09/08/2023

A transição energética, de uma sociedade assente nos combustíveis fósseis para uma sociedade eletrificada, implica, incontornavelmente, que mais veículos elétricos sejam fabricados e para isso há uma corrida que se torna crítica: a das matérias-primas para a construção de baterias.

 

Assim, quanto mais automóveis elétricos tivermos nas estradas, mais baterias teremos de produzir. Para que a produção de baterias possa ser satisfeita nos próximos anos, serão necessárias enormes quantidades de metais e terras raras e, para isso, são necessárias minas, o que levanta questões do ponto de vista ambiental.

Por seu lado, a perspetiva de um rápido aumento na procura por minerais, essenciais para as tecnologias necessárias para a transição energética levanta, assim, grandes questões, umas relacionadas com o ambiente sobre a sua disponibilidade e fiabilidade do abastecimento.

O nível de concentração das operações de processamento é particularmente alto, com uma forte presença da China em todos os setores: a participação da China na refinação é de cerca de 35% para o níquel, 50-70% para o lítio e cobalto, e quase 90% para as terras raras, demonstra o relatório da Fuels Europe, divulgado pela Apetro (Associação de empresas petrolíferas) e que tem por base dados da Agência Internacional de Energia.

Percentagem dos três principais países produtores na transformação total de minerais e combustíveis fósseis selecionados

Altos níveis de concentração, compostos por cadeias de abastecimento complexas, aumentam os riscos que podem surgir de perturbações físicas, restrições comerciais ou outros acontecimentos nos países grandes produtores, salienta a Fuels Europe.

De acordo com as últimas previsões da Benchmark Minerals, estima-se que sejam necessárias pelo menos 384 minas de grafite, lítio, níquel e cobalto – as matérias-primas mais comuns neste domínio – para satisfazer a procura de automóveis e baterias elctricas nas próximas décadas. Mesmo que se registem progressos na reciclagem das baterias, continuarão a ser necessárias 336 minas.

No caso da União Europeia, a Critical Raw Materials Act (Lei das Matérias-Primas Críticas) pretende contar com a força do mercado único para impulsionar os projetos necessários para “recuperar as suas minas” e a UE classificou 36 elementos raros como “estratégicos”.

É o esforço que a Europa terá de realizar para evitar ficar dependente de terceiros.