Dia 1 de agosto de 2018 marca o dia em que a humanidade terá usado os recursos naturais disponíveis para o ano inteiro, de acordo com a Global Footprint Network (GFN), alertam a ANP|WWF e a associação ambientalista Zero.
O Earth Overshoot Day é a data em que a pressão anual da humanidade sobre a natureza excede o que os ecossistemas da Terra podem fornecer naquele ano e, este ano, chegou mais cedo dois dias em relação ao ano passado.
Outra ilação: nunca este dia chegou tão depressa como este ano, o que evidencia que a elocidade a que, em cada ano, esgotamos os recursos do Planeta estão a aumentar, como se percebe por este gráfico:
“A data, que passou do final de setembro em 1997 para o início de agosto em 2018, simboliza a pressão sem precedentes que a humanidade e as atividades humanas estão a exercer na natureza e nos seus recursos”, explica a Zero.
Para os países, existe também uma análise feita pela GFN. No gráfico que abaixo reproduzimos, o dia em que Portugal esgota os seus recursos naturais está em 16 de junho.
“Estes dados são claros sobre a necessidade de se produzir e consumir de forma muito diferente. O Overshoot Day indica-nos que estamos a forçar os limites do planeta com uma intensidade cada vez maior, uma tendência que é urgente mudar para bem da Humanidade e da sua qualidade de vida, pois sem este Planeta não sobrevivemos”, diz, por seu lado, Angela Morgado, diretora executiva da ANP|WWF.
Mudar estilos de vida
Francisco Ferreira, da Zero, acrescenta: “É comum falar-se da importância de mudar os estilos de vida como um elemento chave para a construção de uma sociedade sustentável. Contudo, a mudança necessária rumo à sustentabilidade não será atingida apenas pela ação individual dos cidadãos. A ação política e das empresas em diferentes setores é crucial.”
– A aposta numa economia circular, onde efetivamente a utilização e reutilização de recursos é maximizada, deverá ser uma prioridade transversal a todas as políticas públicas. O ponto fulcral deverá ser a redução no uso de materiais, a promoção da reutilização e a extensão dos tempos de vida dos bens e equipamentos. “Para ser eficaz, teremos que mudar o paradigma de ‘usar e deitar fora’, muito assente na reciclagem, incineração e deposição em aterro, para um paradigma de ‘ter menos, mas de melhor qualidade’, com um forte enfoque na redução, reutilização e reparação e na procura de oferecer serviços em alternativa à venda de bens”, sublinham estas ONG.
– A promoção de uma dieta alimentar saudável e sustentável a começar nas escolas, mas a integrar de forma abrangente em toda a sociedade. “Em Portugal, tal significará uma aproximação da balança alimentar portuguesa com o preconizado no padrão alimentar da roda dos alimentos, um objetivo, sobre todos os pontos de vista, desejável”, frisa a Zero.
– A promoção da mobilidade sustentável assente em diferentes estratégias, “pode dar um contributo muito importante, nomeadamente através da melhoria do acesso e das condições de operação dos transportes públicos (por exemplo, privilegiando os corredores específicos e melhorando a articulação entre diferentes meios de transporte, ao nível dos interfaces, horários e bilhética); disponibilização de infraestruturas e condições que estimulem a mobilidade suave (andar a pé, utilização da bicicleta); partilha do transporte (carsharing) ou mesmo a transição para a mobilidade elétrica”, refere a Zero.
– O papel do cidadão, pois “cada um de nós pode ter também um papel muito importante, desde logo através da pressão que podemos colocar em todo o sistema de produção”, entendem os ambientalistas.
– Dar um passo de cada vez. Explica a Zero: “Propor-se, por exemplo, o objetivo de fazer uma mudança por mês para tornar o seu quotidiano mais sustentável, e partilhá-lo com os seus amigos e colegas – não só poderá sensibilizá-los, como poderá aumentar o seu ‘incentivo’ para manter o seu interesse”.