Veículos elétricos chineses estão ao nível dos europeus, indica consultora ligada à Porsche

01/10/2023

Numa altura em que a Europa analisa se a questão dos apoios estatais chineses à indústria automóvel elétrica local está a ferir a concorrência leal entre marcas no Velho Continente, surge uma notícia que dá conta de que os veículos 100% elétricos chineses estão ao nível dos europeus em qualidade e software.

 

Esta posição consta de um estudo realizado pela consultora MHP, detida maioritariamente pela Porsche, que indica que os automóveis elétricos chineses melhoraram significativamente em termos de qualidade e software nos últimos anos, ao ponto de quase não existirem diferenças em relação aos modelos comercializados pelos fabricantes ocidentais tradicionais.

Além disso, a empresa também considera que os fabricantes americanos Lucid, Rivian e Tesla estão à frente das marcas europeias no que diz respeito ao nível de desenvolvimento da sua tecnologia elétrica. O relatório traça um panorama de alto risco para a indústria da Europa, que está atrasada em relação aos seus concorrentes.

“A qualidade dos veículos importados já não é comparável à de 10 ou 15 anos. Os novos modelos que agora estão a ser importados para a Europa já não podem ser distinguidos daquilo a que estamos habituados da VW ou da Stellantis em termos de qualidade de produção e aparência do material”, diz Augustin Friedel, gestor sénior da MHP, à revista Auto Motor and Sport. “Não creio que haja muito a ganhar a longo prazo”.

Segundo este especialista, o software nos carros elétricos vai tornar-se cada vez mais importante e também aí as notícias podem não ser as melhores para os emblemas europeus: “A diferenciação certamente acontecerá através do software. E não apenas em relação ao software do veículo. Será também uma questão de quão bem o carro está integrado noutros ecossistemas – por exemplo, quão bem funciona a integração do ecossistema digital de um smartphone, se existem serviços de streaming digital ou se o veículo oferece carregamento inteligente?”. Neste ponto, a consultora MHP perspetiva que os fabricantes europeus tenderão a ficar atrás dos principais fabricantes chineses. A liderança da China, em particular, é “estimada de forma otimista” dentro de dois a três anos.

No entanto, a vantagem não se aplica a todos os fabricantes de automóveis chineses, de acordo com esta análise. “Novos construtores como Nio e Xpeng, que se definem através de software, ainda representam uma pequena parte do mercado chinês”, diz Friedel. “Portanto, existem marcas na China que ainda não estão muito avançadas em termos de software. Hoje ainda é um grupo pequeno, mas existe o risco em face daqueles que estão a crescer mais rápido e a ganhar quota de mercado”.