A Moral Machine do MIT recolheu as respostas de mais de 40 milhões de utilizadores, representando 233 países e territórios autónomos. Um total de 130 países teve mais de 100 pessoas a responder, e dos 40 milhões, quase meio milhão aceitou revelar os seus dados demográficos. Isto permitiu aos investigadores do MIT identificar tendências em três grupos geográficos, “ocidental”, “oriental” e “meridional”. Este último preferiu sacrificar os mais idosos para salvar os mais jovens, mas o segundo preferiu o contrário.
Estes resultados, que foram publicados no jornal científico Nature, revelaram alguns resultados interessantes e talvez preocupantes, como a descoberta que quase todos os grupos demonstraram uma tendência para sacrificar a vida de pessoas que atravessavam a rua de forma ilegal. Há também uma tendência para sacrificar uma pessoa individual, seja ela um condutor ou um peão, para salvar um grupo de pessoas, para sacrificar animais e salvar pessoas, e se for possível salvar o animal, um cão na estrada é quase sempre prioritário em relação a um gato.
Estas respostas vão ser utilizadas para programar os sistemas de inteligência artificial que vão guiar o nosso carro autónomo do futuro sem a nossa interferência. Mas o próprio ato de programação já gerou uma nova questão moral, que partiu de uma investigação na Universidade de Osnabrück, na Alemanha: a programação deve ser feita com base em tendências humanas, muitas vezes baseadas em reações emocionais, ou devem seguir padrões baseados em lógica, correndo o risco de serem menos flexíveis?
Uma resposta que partiu de um construtor automóvel é que o carro autónomo deve sempre tentar salvar a vida que é mais fácil de preservar: a do condutor. Mas, em caso de embate, este vai estar sempre mais protegido pelos sistemas de segurança ativa e passiva, desde retenção dos cintos ao airbag, contando obviamente com as estruturas de absorção de impacto. É mais fácil um condutor sobreviver a um acidente violento contra um objeto, do que um transeunte sobreviver ao impacto de um veículo com uma tonelada e meia.
Com o tráfego urbano composto maioritariamente por veículos autónomos, o peão vai ser sempre o elemento imprevisível no trânsito. Isto significa que, antes de pensar o que vai sacrificar, a inteligência artificial do carro autónomo vai ter que levar outros parâmetros em conta, como a necessidade de identificar a presença de um maior número de peões numa determinada zona, reduzindo a sua velocidade.
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