M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
Extremófilos são seres vivos unicelulares que conseguiram adaptar-se a condições ambientais que matariam quase todos os outros seres vivos. É o caso de certos tipos de bactérias, que conseguem sobreviver em locais sem oxigénio, como no interior de minas ou no fundo de lagos. E como não há oxigénio, para respirar, estas bactérias aprenderam a respirar eletrões, ou seja, são capazes de produzir eletricidade com este movimento.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

Um grupo de cientistas e engenheiros do Instituto de Tecnologia de Massachusets (MIT) tem realizado várias experiências com estas bactérias para replicar esta função produtora de eletricidade, mas teve vários problemas para conseguir encontrar as propriedades exatas destes micróbios que são responsáveis pela geração elétrica. Como as células de uma bactéria são muito mais pequenas que as de uma planta ou animal, é bastante complicado fazer culturas em laboratório.

Agora, os investigadores do MIT criaram um microfluído que lhes permite processar rapidamente amostras de células bacterianas e encontrar a propriedade responsável por produzir eletricidade, chamada polarizabilidade. Desta forma, é possível detetar a atividade eletroquímica de forma mais segura e eficiente. As bactérias produzem energia elétrica dentro das suas células e transferem essa energia para fora das suas membranas através de proteínas na superfície destas.

Espera-se poder replicar esta função em células de combustível de dimensões reduzidas, que vão poder ser usadas para purificar em estações de tratamento ou para dar energia a objetos pequenos em lugares remotos, longe de uma tomada elétrica. A equipa do MIT agora vai procurar por esta função noutras espécies de bactérias, acreditando que o número de organismos distintos capazes de produzir eletricidade é o maior que o esperado. Os dados descobertos até agora foram publicados no jornal científico Science Advances.