M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
Tinham-se passado apenas três anos desde que o seu marido tinha patenteado um veículo automóvel. Mas o público permanecia pouco convencido da utilidade da invenção. Então, numa manhã de agosto, em 1888, Bertha Benz, mulher de Karl Benz, resolveu sair de casa e levar o carro emprestado para fazer uma visita a familiares, naquela que foi a primeira viagem de automóvel do mundo. Este filme, criado pela Mercedes, reconta como foi feita parte da viagem.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

Bertha era a responsável pelas finanças na família, e achou que o ideal para demonstrar a validade do automóvel era fazer uma longa viagem, que habitualmente necessitava de ser feita numa carroça ou de comboio. Para isso, pegou nos filhos mais velhos, Eugen e Richard, e empurrou o Typ 3 até estar longe o suficiente de casa para ligar o motor, pondo-se a caminho. Quando Karl acordou, encontrou um bilhete na cozinha a explicar-lhe o que tinha acontecido.

O trajeto de Mannheim e Pforzheim hoje é bastante direto, com 88 km, e demora pouco mais de uma hora. Na época, era mais sinuoso, com 106 km, e o motor de um cilindro e 2,5 cv do Benz Typ 3 não lhe permitia passar dos 16 km/h de velocidade máxima. Pelo caminho, Bertha e os filhos não tiveram grandes avarias, mas precisaram de usar um gancho de cabelo para reparar um tubo de combustível entupido, e “inventaram” as pastilhas de travão pedindo a um sapateiro para fazer remendos de couro para os travões. Bertha também notou que era necessário haver lugares para reabastecer, e foi necessário comprar benzena numa drogaria para servir como combustível do motor. Além disso, descobriu que sinais na estrada iam ser necessários para indicar a direção das localidades.

Quanto a Karl Benz, tirou bom proveito das anotações da sua mulher, enviadas durante a viagem por telegrama. O Typ 3 já tinha uma transmissão de duas velocidades, mas Bertha explicou que necessitava de uma redutora para ter força para fazer subidas. Também exigiu melhores travões, como exemplificado pela sua invenção. Estas sugestões contribuíram para o sucesso da primeira série de carros da Benz, vendendo 25 unidades entre 1896 e 1894, com potências até 3 cv. O carro usado na viagem de Bertha já não existe, mas um modelo semelhante está em exposição no Museu da Ciência de Londres, e é emprestado frequentemente.