O sistema Autopilot da Tesla Motors foi ilibado de responsabilidades num acidente que acabou por vitimar uma pessoa em maio do ano passado.

Esta conclusão foi obtida após a investigação que a National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA) levou a cabo nos últimos seis meses, declarando que o sistema Autopilot da Tesla não foi responsável pela morte de Joshua Brown, explicando que “não foram encontrados defeitos no desenho ou no desempenho dos sistemas AEB [Travagem Automática de Emergência] ou Autopilot dos veículos envolvidos nem quaisquer incidentes em que os sistemas não tenham funcionado como previso”.

Ao invés, assim, aponta a falta de ação do condutor, que observando a não adequação da circulação do veículo às condições do tráfego, falhou na sua intervenção para impedir o acidente que viria a ser fatal.

O porta-voz da NHTSA, Bryan Thomas, explicou que os seres humanos continuam a ter um papel preponderante na condução, apesar dos avanços da condução autónoma, devendo caber-lhes a segurança do veículo e dos seus ocupantes em todas as circunstâncias.

A investigação, que foi declarada encerrada a 19 de janeiro, diz respeito à morte de Joshua Brown, a 7 de maio de 2016, quando no lugar do condutor de um Tesla Model S, não interveio a tempo de evitar a colisão com um camião que se atravessou no seu caminho e que, de acordo, com as investigações, teria sido visível a Brown por, pelo menos, sete segundos antes da colisão.

A entidade federal admite não ter encontrado quaisquer defeitos com a tecnologia desenvolvida pela Tesla, destacando, por outro lado, a segurança graças às diversas funcionalidades integradas que tornam os Model S e Model X bastante seguros, como por exemplo o Autosteer, que permite intervenção na direção para evitar obstáculos repentinos. Não obstante, a companhia de Elon Musk levou a cabo uma atualização de segurança para o sistema Autopilot no passado mês de setembro, com o CEO daquela a demonstrar a sua crença de que tal poderia ter ajudado a salvar a vida de Joshua Brown, sobretudo ao obrigar o condutor a manter a atenção na estrada de forma mais vincada.

Crítica ao marketing

Contudo, o que a NHTSA critica é a conceção errada de condução autónoma que está a ser empregue por muitos construtores, efetivamente como a Tesla, os quais podem levar ao engano por parte dos condutores. O Autopilot da Tesla surge no Nível 2 de condução autónoma, definindo-se pela capacidade de assumir o comando do veículo nalguns momentos enquanto o condutor supervisiona o ambiente envolvente.

Thomas advoga que as marcas têm de explicar de forma clara e evidente a operação de todos os sistemas de condução, algo que o manual da Tesla não fez de forma explícita em relação ao Autopilot, devendo os construtores precaver a utilização indevida desses sistemas. O objetivo é evitar perceções confusas e atuações que sejam potencialmente perigosas por parte dos condutores/utilizadores.

Por seu turno, John Simpson, diretor de uma das associações dos direitos dos consumidores norte-americanas, a Consumer Watchdog, entende que a decisão da NHTSA coloca demasiada ênfase no papel de culpado do condutor e liberta o sistema tecnológico de muita da sua responsabilidade.

“A NHTSA aceitou de forma errada o argumento da Tesla e culpou o humano, ao invés da tecnologia ‘Autopilot’ e a campanha de marketing agressiva da Tesla. O próprio nome ‘Autopilot’ cria a impressão de que um Tesla se pode conduzir sozinho. Não pode. Alguém que aparentemente acreditou no sensacionalismo da Tesla morreu”, é citado Simpson na Road & Track.