A pandemia de Covid-19 trouxe também uma nova forma de preparar e viver com os automóveis, sobretudo para aqueles que fazem deles profissão ou que trabalham na área. A preocupação crescente com a limpeza e com a desinfeção do interior dos veículos ganhou enorme preponderância e, se muitos ainda recorrem aos tradicionais desinfetantes e panos, uma solução mais avançada está agora a ser introduzida – as máquinas de limpeza por ozono.

Solução inicialmente pensada para tirar os maus odores dos automóveis, as máquinas portáteis de ozono permitem uma desinfeção a nível molecular, sendo no entanto uma solução que se pode revelar também arriscada nalguns aspetos e até para animais ou pessoas.

Em primeiro lugar, pode causar alguns danos ao interior do veículo ou componentes – eventualmente, pode causar descoloração de alguns elementos ou danos nas borrachas das portas. Além disso, não devem, em caso algum, funcionar com animais ou pessoas no interior do veículo, uma vez que podem causar danos severos a nível respiratório. Da mesma forma, depois da sua utilização, é recomendado que o veículo seja exposto ao ar e ventilado.

O ozono é uma molécula com a fórmula química O3, composta por três átomos de oxigénio, sendo produzido naturalmente a nível da atmosfera terrestre, mas que máquinas dedicadas conseguem replicar de forma artificial – utilizando meramente como ponto de ‘partida’ o oxigénio normal que respiramos.

Existindo diferentes máquinas com diferentes potências, estes dispositivos funcionam através do ozono, um gás mais denso do que o oxigénio e que consegue neutralizar todas as moléculas com que entra em contacto, o que é válido para odores ou para alguns elementos patogénicos. O maior problema reside, porém, no facto de o novo coronavírus ser ainda bastante recente e não ter ainda todos os seus ‘segredos’ revelados a nível científico.

As máquinas de ozono não devem ser usadas por mais de duas horas, mas isso também estará dependente da potência da máquina, sendo aceite que dispositivos entre 3500 e os 6000 mg/h podem ser seguros nos materiais com que entra em contacto. Os veículos devem estar com todos os vidros fechados, funcionando melhor a máquina se colocada fora do veículo, com um tubo a enviar o gás para o interior através de uma pequena fresta da janela – mesmo essa deve ser tapada, depois, com cartão e fita-cola para impedir que o ar ambiente entre no habitáculo ou que o ozono saia.

Solução para o coronavírus?

As respostas ainda não são 100% elucidativas, estando ainda a produzir-se estudos sobre a matéria, mas as primeiras indicações dão conta de eficácia na sua atuação – ainda que sempre dependente da dose e do tempo de exposição – como atrás foi escrito, até duas horas crê-se que fique no intervalo ideal.

Um dos poucos estudos sobre o tema feito especificamente com os coronavírus em mente foi feito por uma equipa de investigadores chineses e publicado no Jornal Chinês de Desinfeção, precisamente da Universidade de Wuhan, segundo a qual “a solução de ozono em diferentes concentrações foi testada para a desativação dos vírus de Síndromes Respiratórios Agudos Graves (SARS). Os resultados demonstram que uma concentração elevada de 27.73 mg/l de ozono pode desativar o vírus SARS em quatro minutos. Concentração média (17.82 mg/l) e baixa (4.86 mg/l) podem também desativar os vírus SARS e diferentes velocidades e eficácia”.

Em Espanha, a Associação Nacional de Vendedores de Veículos a Motor (GANVAM) também procurou clarificar a matéria através de um pedido feito ao Ministério da Saúde local, tendo a resposta sido inconclusiva, uma vez que, “não existe ainda uma informação ao abrigo da legislação de biocidas que estabeleça a sua eficácia ou segurança de utilização”. Ainda assim, a GANVAM estabeleceu nas suas diretrizes para a reabertura de concessionários e oficinas que o ozono deva ser usado para a desinfeção dos veículos.

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