A 2.ª prova do Campeonato de Portugal de Todo-o-Terreno AFN não foi, em termos desportivos, uma prova emotiva, sem mutações constantes nos lugares de topo. A supremacia de João Ramos acentuou-se desde o prólogo, mas os imponderáveis fazem parte do jogo e o piloto nortenho viu-se traído pela caixa de velocidades da Toyota Hilux quando já quase fazia a festa…
Para a prova do Clube Automóvel Algarve não arrancou Nuno Matos. Ausência significativa, mas justificada pelo campeão nacional de 2016 com a não solução, em tempo útil, do problema (transmissão) ocorrido na Baja do Pinhal.
«As peças não chegaram a tempo. Tentámos um plano B, mas após teste efetuado, desmontámos o diferencial e vimos que já estava degradado. Ficámos sem alternativa, foi pena, mas acabamos por ganhar tempo para preparar a prova seguinte», referiu o piloto do Opel Mokka Proto.
Com um candidato aos lugares cimeiros de fora, o líder do campeonato – João Ramos – contava com menos um adversário na corrida para uma vitória que o piloto da Toyota teve, praticamente, na mão.
«Fui o mais rápido em todos os subsetores até que, infelizmente a caixa de velocidades cedeu, sendo obrigado a percorrer os últimos 95 km só em terceira e quarta velocidades», explicou João Ramos, que perdeu quatro minutos e desceu para o 5.º lugar.Depois de ter dominado a prova, Ramos acabou em lugar secundário, embora mantenha – com sete pontos de vantagem –a liderança do campeonato.
Sem baixar os braços, sem problemas na Toyota e nunca perdendo de vista o líder, Alejandro Martins, em dupla com José Marques acabou por conquistar o primeiro triunfo da época e segunda da carreira, após o êxito alcançado, o ano passado, na Baja do Pinhal.
«Lutei muito por esta vitória. Sei por experiência própria que qualquer corrida só termina mesmo no fim e até lá é sempre possível acontecer um qualquer percalço. O importante é sempre estar o mais perto possível de quem lidera e foi isso que fizemos ao longo de toda a corrida», sublinhou Alejandro Martins.
Quando no derradeiro troço ultrapassámos, ao km 110, a Toyota do João Ramos percebemos que ele estava com problemas; mas, desconhecíamos qual a sua grandeza», sublinhou o vencedor.
Vice-liderança renhida
«Queremos segurar este lugar até final do campeonato», adiantou Hélder Oliveira.
Com problemas no desembaciador do para-brisas no dia inicial, Pedro Ferreira (Ford Ranger) perdeu algum tempo no 1.º dia de prova, mas a última etapa «correu muito bem e rodámos ao nosso ritmo. Por outro lado, acredito que se, na véspera, não surgissem percalços, teríamos feito um tempo melhor», reconheceu o piloto da Ford Ranger, que completou o pódio, resultado que lhe permitiu ficar empatado com Hélder Oliveira na vice-liderança do campeonato.
O andamento de Tiago Reis, aliado ao eficaz comportamento do Mitsubishi Racing Lancer, permitiu ao piloto de Famalicão terminar no 4. º lugar, com 16 segundos de vantagem para o desafortunado João Ramos.
Vencedor do Desafio Total Mazda, Pedro Dias da Silva terminou na 6.ª posição da geral, resultado que o piloto de Tomar considerou «muito bom; mas, ficou provado que podíamos ter feito ainda melhor em termos de geral. Tivemos um problema na injeção de gasóleo no motor, que nos obrigou a rolar muito devagar durante parte considerável do último dia», explicou o piloto.
Na hora do regresso, ainda que pontual, Ricardo Leal dos Santos, fez dupla com João Luz na Nissan Navara habitualmente pilotada por Miguel Casaca.
Apesar do 7.º lugar, sobejaram problemas: desembaciador e caixa de direção, cuja substituição custou significativa penalização.
«É uma componente mecânica extremamente complicada. No Dakar chega a ser uma operação que dura uma noite, mas a equipa da ARC esteve fantástica e concretizou esta operação em apenas uma hora, o que mesmo assim, implicou uma penalização de meia hora», explicou o piloto de Coimbra.
Com a Nissan em ordem, «ultrapassámos uma dúzia de concorrentes e sem problemas mecânicos, andámos bastante bem, o que nos fez terminar no sétimo lugar», acrescentou Ricardo Leal dos Santos.
Sérgio Vitorino (BMW X5 CC) completou a baja algarvia no 8.º lugar da geral, seguido pelo vencedor da pouco participada categoria T2: Rui Sousa. O piloto da Isuzu D-Max repetiu o triunfo da prova de abertura.
Em maré de azar continuaram os irmãos Alexandre e Rui Franco (BMW X1 Proto), com problemas de motor, e a dupla André Amaral/Nelson Ramos (Mercedes Proto: somaram a segunda desistência consecutiva.
Campeão impôs-se no Desafio Total Mazda
No Desafio Total Mazda, Pedro Dias da Silva e José Janela não deram hipótese. «Ganhámos. Era o nosso principal objetivo, após termos desistido na prova anterior», sublinhou o atual detentor do cetro.
A dupla Jorge Cardoso/Joaquim Norte terminou no 2.º lugar e fechou o top 10 absoluto. «Fiquei impressionado com o comportamento do carro face à dureza de algumas partes do sector. Garantimos um bom resultado e ascendemos à liderança do Desafio», referiu o piloto.
Bruno Rodrigues/Ricardo Claro terminaram na 3.ª posição, enquanto Nuno Tordo/António Serrão (turbo); Filipe Videira/André Coimbra (motor) e Francisco Gil/Filipe Rasteiro (caixa de velocidades) desistiram.
Classificação Desafio Mazda (após 2 provas): 1.º Jorge Cardoso, 36 pontos; 2.º Pedro Dias da Silva, 31; 3.º Francisco Gil, 26; 4.º Bruno Rodrigues, 15.
Ver classificações em Clube Automóvel do Algarve
Próxima prova: Baja TT Capital dos Vinhos de Portugal – Reguengos de Monsaraz, dias 25 a 27 de maio.
Campeonato
1.º João Ramos, 44 pontos
2.º Hélder Oliveira, 37
3.º Pedro Ferreira, 37
4.º Tiago Reis, 29
5.º Rui Sousa, 14
6.º Lino Carapeta, 12