Uma das provas mais carismáticas do automobilismo cumpre em 2022 o seu 60º aniversário, as 24 Horas de Daytona. Trata-se de uma corrida disputada ao longo de 24 horas e que, como já se tornou usual, se disputa no derradeiro fim de semana de janeiro (entre 29 e 30 de janeiro) na Oval de Daytona.

A prova acaba por ter duas fases distintas, a primeira das quais num misto entre praia e asfalto em Daytona, que se disputou entre meados de 1930 e a década de 1950, acabando por se transferir por obra de William France Sr. no início da década de 1960 para aquela que é hoje a sua ‘casa’, a Daytona International Speedway.

A edição inaugural desta segunda fase decorreu em 1962 e desse ano até 1966 teve duas configurações horárias distintas. Em 1962 e 1963 teve a duração de três horas, passando a ser de 2000 quilómetros em 1964 e 1965, transformando-se desde 1966 numa corrida de 24 horas, num formato que dura até hoje e que ‘abre’ o calendário internacional de provas de resistência de cada ano.

Um dos pilotos mais experientes da categoria, Scott Pruett, vencedor por cinco vezes da ‘Rolex 24 at Daytona’ (eis o título oficial da prova em inglês), explica que, “para mim, ter competido ali por 24 ocasiões e tendo vencido muitas vezes, o entusiasmo nunca esmorece”. Na lista de vencedores também há dois portugueses, que fizeram a bandeira nacional voar na posição mais alta do pódio: João Barbosa (2010, 2014 e 2018) e Filipe Albuquerque (2018 e 2021), rivalizando assim com nomes bastante sonantes da resistência a nível mundial.

Como também já é hábito, a edição de 2022 das 24 Horas de Daytona irá ser a primeira prova da temporada do IMSA WeatherTech, o campeonato de resistência norte-americano no circuito de 5.73 quilómetros, que usa a parte da oval e o seu ‘miolo’ para um circuito multifacetado. Uma vez mais, os espectadores terão a oportunidade de assistir a duelos em cinco classes distintas, com a principal DPi (Daytona Prototype international) a contar com sete inscritos naquela que será a última vez dos DPi antes de entrarem em cena os Le Mans Daytona h (LMDh), ou seja, uma categoria que faz a ponte com os novos Hypercars híbridos.

Filipe Albuquerque estará de volta a esta prova, pilotando o Acura DPi #10 com os seus companheiros de equipa Ricky Taylor, Alexander Rossi e Will Stevens, procurando repetir o feito do ano passado, mas a lista de rivais é bastante forte e extensa.

Multi-vencedor na NASCAR e prestes a transferir-se para a Indycar para um programa completo, Jimmie Johnson irá regressar às 24 Horas de Daytona para a sua segunda participação consecutiva ao volante do Cadillac #48 da Action Express, juntamente com Mike Rockenfeller, Kamui Kobayashi e José Maria Lopez.

Na Chip Ganassi Racing, com os seus dois Cadillac, o carro #01 será uma equipa bastante forte, com vários pilotos vitoriosos, incluindo Renger van der Zande, Sébastien Bourdais, Scott Dixon e o atual campeão de IndyCar Alex Palou a completar a formação. Já o carro #02 terá Earl Bamber, Alex Lynn, Marcus Ericsson e Kevin Magnussen, estes dois últimos ex-pilotos de Fórmula 1.

Nota ainda para o Acura DPi #60 que será partilhado por uma equipa de pilotos bastante fortes, nomeadamente Hélio Castroneves, Simon Pagenaud, Oliver Jarvis e Tom Blomqvist.

João Barbosa também estará presente, mas agora na categoria LMP3 com um Ligier, fazendo-se acompanhar por Seb Priaulx e Lance Willsey, faltando ainda conhecer um dos seus companheiros de equipa.

Já nos GT, ambas as classes irão competir com especificações técnicas idênticas, com os novos GT Daytona PRO com base nos GT3 da FIA a substituírem os carros GTLM.

A curiosidade do relógio que marca o ritmo

Prática comum na atualidade, a associação comercial entre uma marca e uma prova desportiva foi, na verdade, ensaiada pela Rolex e pelas 24 Horas de Daytona desde há muitos anos. Com efeito, a relação entre a marca de relógios e a competição dura já desde o início da década de 1960, embora só muitos anos depois tenha assumido presença na denominação da corrida de 24 Horas.

Porém, num dado curioso, acaba por ser um feito de um piloto privado – os cinco recordes de velocidade máxima em terra obtidos em Daytona Beach por Sir Malcolm Campbell, em 1935 – a lançar as sementes para o interesse da Rolex no desporto motorizado.

Campbell tornou-se no primeiro piloto a quebrar a barreira das 300 mph em terra (483 km/h) ao volante do seu carro, o Bluebird, num feito que atraiu bastante atenção da imprensa na época. Aliás, em respeito desse dado histórico, os vencedores de cada classe nas 24 Horas de Daytona recebem um relógio especial dedicado ao evento, um Oyster Perpetual Cosmograph Daytona.

Para se perceber como o desporto automóvel funciona ao nível de plataforma comunicacional mundial e a sua importância, note-se que a marca de relógios patrocina oficialmente as 24 Horas de Daytona, as 24 Horas de Le Mans, o Mundial de Endurance (WEC) e o Mundial de Fórmula 1.

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