Apresta-se a ter início mais uma edição do Dakar, prova rainha do todo-o-terreno que, uma vez mais, se disputará na Arábia Saudita, entre 5 e 19 de janeiro, sendo marcada, logo à partida, pelas muitas mexidas no pelotão, com destaque para a transferência do vencedor do ano passado, Nasser Al-Attiyah, da Toyota para a Prodrive. A lista de participantes portugueses também volta a ser extensa, com 23 inscritos.

A clássica do todo-o-terreno mundial está pronta para mais uma ronda, começando hoje na Arábia Saudita a 46ª edição do Rali Dakar, com a promessa de mais batalhas épicas e indecisão até final. A lista de inscritos é uma autêntica ‘chuva de estrelas’, com muitos nomes sonantes da modalidade, a par de marcas de renome mundial, como a Toyota, Audi, Ford ou Prodrive.

É, precisamente, nesta última que estará um dos grandes motivos de interesse da prova, com os anteriormente concorrentes em equipas rivais Nasser Al Attiyah e Sébastien Loeb a ocuparem agora posições na mesma equipa, pilotado cada um os Hunter T1+ que foram melhorados para lidar com as peculiaridades da prova saudita.

Por outro lado, embora o lado da Toyota tenha perdido o bem-sucedido piloto qatari que lhe valeu três troféus, a marca japonesa continua a dispor de uma equipa de luxo com Yazeed Al Rajhi, Lucas Moraes e Giniel de Villiers, a que se juntam ainda os também bem conhecidos Guerlain Chicherit, Guillaume de Mevius e Seth Quintero, este último a fazer a passagem dos T3 para a categoria principal Ultimate.

Mas outros dois grandes nomes da competição marcarão presença na prova de automóveis, com Stéphane Peterhansel e Carlos Sainz a tomarem as ‘rédeas’ dos Audi híbridos com que a marca alemã procura alcançar o sucesso depois de duas participações abaixo das expectativas. Com o foco bem centrado na luta pelos triunfos, ambos os pilotos dispõem da rapidez necessária, o mesmo se aplicando aos RS e-tron E2, mas resta saber se a fiabilidade irá acompanhar as ambições de pilotos e responsáveis da formação germânica (outro piloto inscrito com a Audi é Mattias Ekstrom).

Em 2024 assiste-se também à chegada da Ford, com um novo projeto que será entregue às mãos do experiente e veloz Juan ‘Nani’ Roma, que também sabe o que é vencer no Dakar (2004 nas motos e 2014 nos Autos), mas que teve nos últimos meses que batalhar contra um mais perigoso rival em termos de saúde, vencendo um cancro. Mantendo-se também em prova, a X-Raid MINI conta com dois pilotos bastante experientes para se tentar destacar, Vaidotas Zala e Krzysztof Hołowczyc. Nota, ainda, para a chegada da Astara com um projeto de raiz e dois 02 Concept inscritos para Laia Sanz e Patricia Pita.

Super-etapa de 48 horas

A distância total do Dakar 2024 é de 7891 quilómetros, dos quais 4727 são especialmente cronometrados em luta direta contra o relógio. O percurso é o mais longo desde que o evento chegou à Arábia Saudita e terá acampamentos para as equipes dormirem espalhados durante as etapas de maratona e a super-etapa de 48 horas.

Continuando nas quatro rodas, mas abordando a temática dos portugueses, Paulo Fiúza será o navegador de Zala, ao passo que Gonçalo Reis irá desempenhar o mesmo papel para o espanhol Pau Navarro (MINI também da X-Raid). Por seu turno, José Marques será o navegador do lituano Petrus Gintas (MD Optimus da Petrus Racing).

Nos Challenger (ex-T3), há duas duplas lusas, compostas por Mário Franco/Daniel Jordão (Can-Am) e João Monteiro/Nuno Morais (Can-Am), havendo ainda que contar com o retorno à prova de Ricardo Porém (Can-Am), que terá a seu lado no lugar do navegador o argentino Augusto Sanz. Nos SSV (T4), João Ferreira faz dupla com o experiente Filipe Palmeiro num Can-Am preparado pela South Racing, ao passo que Fausto Mota (que corre com licença espanhola) navega o brasileiro Cristiano Batista (Can-Am).

Luta nas Motos promete bastante

Nas duas rodas há também promessas de muita ação, com a participação de nomes bem sonantes como são os de Joan Barreda (Hero), Toby Price (KTM), Sam Sunderland (Honda), Luciano Benavides (Husqvarna), que foi o vencedor do ano passado apenas 43 segundos à frente de Price, Pablo Quintanilla (Honda), Ricky Brabec (Honda) ou Daniel Sanders (GasGas), todos eles com rapidez comprovada e competência para lutar pelos lugares do pódio.

O contingente português é composto por sete pilotos, com destaque para Rui Gonçalves (Sherco) e Joaquim Rodrigues (Hero), sendo estes os pilotos que mais frequentemente lutam por posições no top 20. A estes há que juntar também as participações de Sebastian Bühler (Hero), luso-alemão que compete com licença germânica, e de António Maio (Yamaha), com o milita da GNR a tentar melhorar a sua prestação do ano passado, em que ficou em 21º lugar.

Mário Patrão (KTM) também regressa ao Dakar na categoria Maratona, a qual eleva a dificuldade ao não permitir assistência exterior, enquanto Alexandre Azinhais (KTM) está de regresso após um ano sabático.

Nota, também, para o estreante Bruno Santos Fernandes (Husqvarna), empresário português que tem por objetivo terminar nos primeiros 25 classificados da geral.


As classes do Rali Dakar

No total, estarão à partida 778 concorrentes, incluindo pilotos e equipas, espalhados por oito categorias: Motos, Quad, Autos, Challenger, SSV, Camiões, M1000 e Clássicos. Os veículos das categorias Challenger (T3) e SSV (T4) são buggies concebidos para corridas e foram adicionados em 2017. A categoria M1000 destina-se a protótipos de veículos que utilizam tecnologia inovadora, como o KH-7 Epsilon movido a hidrogénio, instigando assim a pesquisa por novas soluções de mobilidade em condições tremendamente exigentes. A categoria Clássicos foi adicionada em 2021 e inclui veículos antigos de ralis Dakar anteriores, alguns dos quais têm mesmo 50 anos.

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