Paulo Gonçalves (Honda) foi o melhor português na primeira etapa de Motos no Dakar 2019, ficando no 11 lugar numa tirada que foi ganha pelo colega de equipa Joan Barreda Bort.

É por demais conhecida a noção de que nada se ganha no primeiro dia de uma prova tão longa e exigente como o Dakar, mas tudo pode ficar perdido. Assim, no primeiro dia, adotou-se alguma cautela para se cumprirem os 332 quilómetros de etapa, dos quais apenas 84 quilómetros foram cronometrados. Mas nem o facto de ser o primeiro dia significou menos problemas, uma vez que 80% do percurso traçado pela organização era composto por dunas e exigia já alguns dotes de navegação.

Tendo começado de forma cautelosa, Gonçalves foi aumentando o ritmo com a passagem dos quilómetros, terminado a especial entre Lima e Pisco a 6m41s do vencedor e primeiro líder.

“Estou muito satisfeito por partir e chegar ao final desta primeira etapa do Dakar 2019 sem qualquer problema. Abordei a etapa com bastante cautela num ritmo baixo, mas sem tomar quaisquer riscos desnecessários. Agora tenho de ir etapa a etapa, cuidadosamente, apanhando o ritmo e as boas sensações”, referiu Gonçalves no final da etapa de hoje.

Na segunda posição terminou Pablo Quintanilla (Husqvarna), ficando a 1m34s do mais rápido, enquanto Ricky Brabec fez o terceiro melhor tempo do dia, a 2m52s da frente e com apenas três segundos de vantagem sobre Adrien Van Beveren (Yamaha).

Mais atrás, o contingente luso foi-se espraiando pela classificação, com Joaquim Rodrigues (Hero Motosports) a fazer esquecer a estreia azarada da prova do ano passado (na qual sofreu uma queda violenta), terminando a primeira especial com o 23º melhor tempo, a 10m14s.

Mário Patrão foi o 37º, a 17m13s do vencedor da tirada, revelando que também abordou a especial com cautela nesta fase inicial. “Hoje foi a primeira etapa e o primeiro verdadeiro contacto com a areia do Peru. Saímos pela ordem inversa, ou seja, do último para o primeiro, o que necessariamente me levou a adotar uma navegação cautelosa e que me fez perder algum tempo”, salientou no final o piloto da KTM.

Pouco atrás (41º) ficou António Maio, naquela que foi a estreia absoluta do Capitão da GNR, que é também tetracampeão nacional de todo-o-terreno, no Dakar. Ficou a 18m00s do melhor tempo, mas o piloto demonstrou-se bastante agradado com esta sua estreia competitiva ao mais alto nível:

“O dia correu muito bem. Foi uma jornada cumprida com calma, com percurso muito interessante. Não cometi erros e também não tive quaisquer percalços, o que foi muito positivo. A mota também está impecável. Vamos somente fazer uma breve revisão para arrancar para a segunda etapa nas melhores condições possíveis”, afiançou à chegada da etapa.

Gastando apenas mais três segundos, Sebastian Bühler (KTM), foi o 42º melhor, sendo, tal como Maio, um estreante na prova. Assim, a palavra de ordem do primeiro dia foi cautela: “Como a partida foi dada pela ordem inversa da numeração fui dos primeiros a partir e isso trouxe ainda mais dificuldade. Não tive nenhum problema. Vamos agora preparar a moto e o road-book para amanhã. O objetivo é chegar ao final da prova e, portanto, temos de ir vivendo dia-a-dia para que tudo continue a correr bem”, explicou depois.

David Megre (KTM) ficou com o 45º tempo da etapa, tendo gastado mais 19m14s do que o vencedor, também ele optando por um ritmo de “descompressão depois de toda a preparação para estar na linha de partida” sem correr riscos. Fausto Mota (Husqvarna) teminou o primeiro dia em 63º, já a 24m38s da frente, com Miguel Caetano a ser o 98º e Hugo Lopes o 111º da geral.

Al-Attiyah a abrir nos Autos

Nos Autos, Nasser Al-Attiyah (Toyota) parece estar determinado a mostrar bom ritmo, vencendo a tirada com 1m59s de vantagem sobre Carlos Sainz e 2m00s sobre Jakub Przygonski, ambos com MINI. Vladimir Vasilyev (Toyota) e Yazeed Al Rajhi (MINI), ficaram com as posições seguintes, enquanto Stéphane Peterhansel (MINI) foi mais cauteloso na primeira especial e ficou com o sétimo tempo, atrás do Toyota de Giniel de Villiers.

Quanto a portugueses, Bruno Afonso Martins e Rui Ferreira, a bordo de um Can-Am X3 UTV, terminaram esta especial em 63º lugar, a 27m55s do piloto do Qatar.

Pedro Mello Breyner (que tem a companhia do navegador Javier Uribe) ficou em 26º na categoria de SXS, tendo a relatar uma situação complicada com o Yamaha YXZ 1000 R Turbo Extramotion, que teve um susto com “um líquido a escorrer dos foles das transmissões”. Apesar da ameaça de uma penalização de uma hora, a mesma não veio a acontecer, com a dupla luso-peruana a optar por fazer um “shakedown” mais longo para chegar ao final sem sobressaltos.

Na mesma categoria, Miguel Jordão (em dupla com Lourival Roldan num Can-Am Maverick), foi o melhor, com o português a obter o 11º tempo a 6m39s do vencedor, que também fala português, mas com sotaque, neste caso, Reinaldo Varela. No 13º lugar ficou Ricardo Porém, navegado por Jorge Monteiro, num Can-Am Maverick X3, cumprindo assim um sonho frente às naturais dificuldades de um estreante nestas lides.

“Ainda estou a perceber a forma de utilização do carro e como fazer a travessia das Dunas, mas estou bastante satisfeito. As coisas estão no bom caminho. Amanhã começam as primeiras etapas a sério”, explicou depois de gastar mais 7m36s do que Varela.

Amanhã a caravana segue em direção a sul, deixa Pisco para rumar em direção a San Juan de Marcona em uma jornada que passará pelas mesmas dunas onde na última edição muitos favoritos foram forçados a abandonar a competição. A especial terá 554 km, num total de 342 km cronometrados, num dia em que serão os carros a abrir pista e em que a navegação será bastante exigente.