Carlos Sainz (Ferrari) venceu o GP de Singapura de Fórmula 1, quebrando a hegemonia da Red Bull nesta temporada, mas conseguindo também triunfar naquela que foi a prova mais animada e emocionante da temporada até aqui, com luta pela primeira posição até ao final. Com os Red Bull de fora do pódio após uma qualificação desastrada, Lando Norris (McLaren) ficou em segundo e Lewis Hamilton (Mercedes-AMG) em terceiro.

Foi uma corrida de emoções fortes, mas Carlos Sainz ergueu-se como um brilhante estratega no meio de uma intensa batalha pelo triunfo. Partindo da pole position, o espanhol teve o seu companheiro de equipa, Charles Leclerc, atrás de si na primeira parte da prova, com o monegasco da Ferrari a ser o único a partir com pneus macios por entre a grande maioria de pilotos com pneus médios para o primeiro ‘turno’ de prova (enquanto o duo da Red Bull, Max Verstappen e Sergio Pérez, bem como Valtteri Bottas, da Alfa Romeo, optaram por pneus duros para alongar a primeira fase).

Sainz e Leclerc mantiveram-se perto, enquanto mais atrás George Russell (Mercedes-AMG), Norris e Hamilton encetaram também uma perseguição numa luta entre os cinco primeiros que se mantiveram sempre bastante próximos.

Uma fase de safety car à passagem da 20ª volta, devido a um despiste de Logan Sargeant (Williams), que espalhou alguns detritos pela pista enquanto voltou para as pessoas para substituir o nariz do carro, levou praticamente todos os pilotos às boxes para a mudança de pneus, montando então compostos duros para durarem até à linha de meta. As únicas exceções foram Verstappen, Pérez e Bottas, que subiram assim algumas posições por ficarem em pista. Sainz manteve o comando, então à frente de Verstappen e de Pérez, ao passo que Russell ficou em quarto, com Norris, Hamilton e Leclerc nas posições seguintes.

Com pneus bastante desgastados, os dois Red Bull acabaram por ser presas fáceis para os pilotos que seguiam atrás, sendo superados com relativa facilidade, num ‘comboio’ que passou a ter como ordem Sainz, Russell, Norris, Hamilton e Leclerc, com Verstappen e Pérez a perderem depois o contacto com o quinteto da frente, parando à 40ª volta.

Porém, a prova viria a conhecer uma reviravolta quando Esteban Ocon (Alpine), que vinha a fazer uma excelente corrida, sofreu problemas mecânicos e parou o seu carro à saída da via das boxes na 43ª volta. Tal obrigou a um período de safety car virtual (com os pilotos a seguirem um ritmo mais baixo, mas sem necessidade da entrada em pista do safety car), no qual apenas os dois Mercedes-AMG decidiram parar para montarem pneus médios novos, uma vantagem que tanto Russell como Hamilton dispunham.

Preferindo ficar em pista, Sainz, Norris e Leclerc rapidamente viram a aproximação dos carros pretos da Mercedes-AMG, que chegavam a rodar dois segundos por volta mais depressa. Leclerc não teve qualquer argumento para se defender e ficou para trás, enquanto Russell e Hamilton seguiram em formação para o ataque final à dupla da frente, que se mantinha separada por cerca de um segundo.

Os dois pilotos da Mercedes-AMG chegaram à traseira do McLaren de Norris à 55ª das 62 voltas de prova, mas foi então que Sainz evidenciou uma exibição de brilhantismo estratégico que lhe viria a dar o triunfo – sabendo que era mais rápido nas retas do que Norris, mesmo com o DRS deste, deixou que o seu ex-colega de equipa ficasse sempre a menos de um segundo para que este beneficiasse da vantagem nas retas e assim manter Russell atrás de si.

A estratégia funcionou na perfeição e apenas por uma vez Norris teve que se defender de forma séria de Russell, na 60ª volta, quando ambos chegaram a estar lado a lado. Sainz manteve a calma e deu a Norris a ajuda necessária para que este se mantivesse no segundo posto, funcionando, na prática, como um escudo perante a ameaça dos dois Mercedes, a qual teve um revés na última volta, com George Russell a levar longe de mais o seu esforço e a bater na barreira de pneus a apenas meia volta da bandeira de xadrez, quando era terceiro.

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Com isso, a ordem na meta ficou decidida com Sainz a obter o seu segundo triunfo da carreira, obtido de forma notável, à frente de Norris e de Hamilton, que beneficiou do despiste de Russell para alcançar um pódio (além de um ponto suplementar pela volta mais rápida da corrida)

Para a Red Bull, a prova de Singapura foi anacrónica: habituada a dominar a temporada até aqui, uma descida de forma levou Max Verstappen a partir de 10º lugar e Pérez de 13º, com o neerlandês a recuperar até ao quinto posto, praticamente colado a Leclerc, naquela que foi uma boa recuperação para o líder do campeonato de pilotos, mas que não deixa de ser intrigante no fim de semana em que entrou em vigor uma nova Diretiva Técnica da FIA para controlar melhor a flexibilidade de diversos elementos dos monolugares. Seja como for, está terminada a sucessão de triunfos de Verstappen e da Red Bull, com Pérez a ficar no oitavo lugar, embora esteja a ser investigado por um contacto com o Williams de Alex Albon, que atrasou bastante o piloto da equipa britânica.

Pierre Gasly foi o sexto e compensou a desistência de Ocon, num bom resultado para o piloto gaulês, ao passo que Oscar Piastri (McLaren) terminou em sétimo. Liam Lawson (AlphaTauri) teve uma excelente corrida e alcançou os seus primeiros pontos na modalidade, ao finalizar em nono, logo à frente de Kevin Magnussen, que recolocou um Haas nos pontos após uma longa ausência.

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