Garantindo ter tomado a decisão de se afastar das redes sociais assim que terminou a corrida, Latifi considera que as situações de abuso online e as mensagens de ódio, embora não surpreendentes, não devem ser ignoradas ou silenciadas.
“Assim que a bandeira de xadrez foi mostrada, sabia como as coisas se iriam passar nas redes sociais. O facto de eu ter sentido que seria melhor se apagasse o Instagram e o Twitter do meu telemóvel por uns dias diz tudo o que precisamos sobre o quão cruel o mundo online pode ser”, escreveu Latifi numa declaração partilhada no seu site oficial e nas suas redes sociais.
“Usar as redes sociais como um canal para atacar outra pessoa com mensagens de ódio, abuso ou ameaças de violência é chocante – e algo que estou a denunciar”.
O piloto da Williams admite que “o ódio, o abuso e as ameaças que se seguiram nas redes sociais não foram verdadeiramente uma surpresa para mim, uma vez que são apenas a dura realidade do mundo em que vivemos agora. Não sou estranho a comentários negativos online sobre mim, penso que qualquer pessoas que compita num desporto com palco mundial sabe que estão sob escrutínio extremo e isso vem com o trabalho, por vezes”.
“Mas, como vimos por diversas vezes, em diferentes desportos, basta um incidente no momento errado para ter as coisas extrapoladas e trazer ao de cima o pior das pessoas que se apelidam de ‘adeptos’ do desporto. O que me chocou foi o tom extremo de ódio, abuso e até as ameaças de morte que recebi”, prossegue.“Algumas pessoas disseram que eu estava a competir por uma posição que não interessava apenas com algumas voltas pela frente. Mas quer eu esteja a competir por triunfos, pódios, pontos ou até pelo último lugar, eu dou sempre tudo até à bandeira de xadrez. Passa-se o mesmo com todos os outros pilotos quanto a isso”, acrescenta Latifi, negando que quem prossiga depois para os insultos e ameaças seja um adepto do desporto.
“Felizmente, estou suficientemente confortável na minha pele e tenho estado neste mundo há tempo suficiente para fazer um bom trabalho de não me deixar qualquer negatividade levar a melhor. Mas, sei que não estou sozinho ao pensar que um comentário negativo parece sempre perdurar mais – e pode, por vezes, ser suficiente para afundar 100 dos positivos”, prossegue, deixando um alerta para os efeitos mais negativos que este tipo de comentários ou ações podem ter noutras pessoas psicologicamente mais fracas.
“Muitos dos comentários que recebi na semana passada cruzaram a linha para algo muito mais extremo. Preocupa-me como alguém poderá reagir se este mesmo nível de abuso lhes for dirigido. Ninguém deveria deixar que as atividades de uma minoria ruidosa dite quem eles são. Os eventos da semana passada fizeram-me ver o quão importante é trabalharmos em conjunto para parar este tipo de coisas de acontecerem e apoiar aqueles que estão no lado recetor”.
“Sei que será improvável que consiga convencer aqueles que agiram dessa forma contra mim a mudarem as suas atitudes – e podem até tentar usar esta mensagem contra mim – mas denunciar este tipo de comportamento e não permanecer em silêncio é o mais correto”.
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