Tiago Monteiro e o WTCR: “Temos capacidade para lutar pelo campeonato”

05/04/2019

Tiago Monteiro (Honda Civic) em ação nos testes oficiais de Barcelona
O traçado citadino de Marraquexe, em Marrocos, é o palco, este fim-de-semana, da jornada de arranque da WTCR, a Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo.

Tiago Monteiro está de regresso, a tempo inteiro, a um campeonato em que a concorrência é muito forte e numerosa: sete campeões do mundo FIA, igual número de marcas, uma grelha com 26 pilotos de 14 nacionalidades e que totalizam 43 títulos.

Um cartaz de grande nível para a edição deste ano da WTCR, em que o italiano Gabriele Tarquini (Hyundai) defende o título, conquistado o ano passado, com escassos três pontos de vantagem para Yvan Múller (Cyan Lynk & Co.), vencedor de quatro campeonatos.

A estreia do campeão do mundo de ralicrosse, Johan Kristofferson (VW Golf) integrado na Sebastien Loeb Racing, equipa que conta ainda com Robert Huff e com Mehdi Bennani; Thed Björk (Cyan Lynk & Co.), Jean Karl Verney (Audi), Ma Qing Hua (Alfa Romeo), Nicky Catsburg e Norbert Michelicz, ambos em Hyundai, e os regressos do tricampeão Andy Priaulx (Cyan Lynk & Co.), do brasileiro Augusto Farfus (Hyundai) e de Tiago Monteiro despertam justificada expectativa.

O piloto do Porto continua fiel à Honda, agora integrado na equipa KCMG — o húngaro Attila Tassi, o mais jovem (19 anos) piloto do campeonato é o colega de equipa ) — e não esconde elevada ambição, como confessou ao MOTOR 24:

“Temos capacidade para lutar pelo campeonato e com a minha experiência e o conhecimento que tenho desta competição posso dar ajuda neste sentido”.

O piloto do Porto não tem dúvidas quanto ao potencial do Honda Civic Type R:

“Posso garantir que o nosso carro é bom, não tem grandes defeitos e funciona relativamente bem, sem grandes problemas, em todas as pistas. É certo que não sabemos o que os outros fizeram, mas testaram muito. Talvez menos a Alfa Romeo e a Cupra. Mas, não sei o que evoluíram”, referiu Tiago Monteiro.

“Com a minha experiência e o conhecimento que tenho desta competição posso dar ajuda neste sentido”, acrescentou.

Tiago Monteiro está moralizado na hora do regresso a tempo inteiro ao WTCR

O piloto, que mantém há sete anos a ligação à Honda, confessou estar “fisicamente a 100 por cento. Sinto-me ao mesmo nível e antes do acidente, mas já esqueci esse momento. Aliás, é engraçado ver como nosso cérebro funciona, ma vez que pôs de parte muita coisa. É como se não nada tivesse acontecido. Tive muitos dias de testes e nem uma só vez me lembrei do acidente. Aprendi com tudo isto e só tenho dados positivos; a única cosia negativa foi ter perdido o campeonato. Vou voltar mais forte, física e desportivamente”.

Tiago Monteiro sublinhou que “não é bom ter passado por algo semelhante, mas fazer um resert é importante. Agora, sinto a a motivação de um miúdo de 18 anos que está a correr com a experiência de um indivíduo de 40 anos com a experiencia de mais de 20 de corridas», salientou.

“Estou melhor que dantes”

Muito moralizado e confiante, sublinhou: “Estou muito melhor que dantes, mas voltei a ter prazer e já vou em 38 viagens este ano. Não me queixo, porque isto faz parte da minha vida. No fundo, não podia passar sem isto. Mas, o ano passado, não sabia se voltava. A partir do momento em que tive o Ok para voltar, a decisão estava nas minhas mãos. O que pesou foi a necessidade de tudo isto, da adrenalina, dos testes, das corridas. É agressivo, é duro, a tal ponto que às vezes e pensamos: mas, o que estou aqui a fazer? É um bocado estranho, mas não podemos viver sem isto”.

É um outro Tiago Monteiro que está de regresso a tempo inteiro. “Agora vejo tudo por outro lado É renascer”.

Para que tal acontecesse, “a família foi decisiva. Filhos, mulher, pais. Sem eles não estaria de regresso. Tal como sem o apoio do Emiliano Ventura, da equipa médica liderada pelo doutor Paulo Barbosa, que montou, no Porto, toda a estrutura, e pelo Tiago Teles, que coordenou toda a logística, muito complicada. A ligação à Honda, os seguros. Dei duas voltas ao mundo, fui a 14 países e visitei 14 médicos”, recordou o piloto portuense.

Para trás ficou uma temporada no papel de observador…

“Assisti a todas as corridas ao longo de 2018. Falava com toda a gente, no fundo, eu não estava a correr e as pessoas abriam-se um pouco mais. Consegui perceber algumas queixas, ouvi críticas de pilotos, comentários de diretores de equipas. Aprendi com isso, somando informações e no fundo, fiquei a perceber quais eram os problemas”.

Agora, uma nova temporada está pela frente. “O carro é, praticamente, igual, mas com outro grau de desenvolvimento. Desde 2013 ou 2014 que não testávamos tanto. Demos a volta ao mundo, fomos a quase todos os circuitos, exceção feita às pistas citadinas, em que trabalhámos no simulador. A nível de preparação foi bom», salientou Tiago Monteiro.

Resta esperar pelo desenrolar da época. A primeira das 10 provas de fogo é já este fim-de-semana, em Marraquexe, cidade que há 10 anos recebe o campeonato de carros de Turismo.

Programa

Sábado (6 de abril) : 1.ª corrida às 16.30 horas.

Domingo (7 de abril): Qualificação às 11.00 horas; 2.ª corrida às 16.30 horas; 3.ª corrida às 17.45 horas.