Vem aí a maior revolução de sempre na Fórmula 1

31/10/2019

Maior competitividade em pista, mais emoção e maior justiça financeira com um teto orçamental para gastos. Eis os objetivos declarados da Fórmula 1 com os seus novos regulamentos para a modalidade a partir de 2021, que visam criar mais espetáculo em pista e tornar o pelotão mais renhido.

Será possivelmente a maior revolução em termos regulamentares na história da Fórmula 1. Uma nova filosofia de design radical será apresentada com carroçaria fluida, asas dianteiras simplificadas, asas traseiras de maiores dimensões, efeito solo, suspensão simplificada e jantes de 18 polegadas com pneus de baixo perfil. Esta série de novidades terá como condão uma maior proximidade dos carros em condições de corrida, eliminando-se o efeito de perturbação aerodinâmica que impede que dois carros circulem muito juntos em pista.

Este desenho radical ficará completo ainda com elementos que pretendem melhorar a informação para os espectadores, com luzes LED circulares nas jantes e um ecrã também na carroçaria para o mesmo efeito.

A Federação Internacional do Automóvel (FIA) garante que não só se procurou obter um resultado estético agradável para os adeptos, como também melhorar a competitividade em pista, com a redução da aerodinâmica a permitir que os carros rodem mais juntos, aumentando por exemplo a hipótese de ultrapassagens em pista.

De acordo com os dados da F1, competir no ‘ar sujo’ atrás de um outro carro em 2019 representa uma perda potencial de 40% na carga aerodinâmica (com o resultado a ser a perda de aderência na frente), enquanto no desenho de 2021 esse efeito cai para um valor entre 5 e 10%, sendo o fluxo de ar dos monolugares mais ‘limpo’ e menos penalizador para quem segue atrás.

Grandes Prémios mais compactos

Também os formatos dos Grandes Prémios serão alterados, sendo condensados para uma experiência melhorada por parte dos adeptos, ao mesmo tempo permitindo uma melhor gestão do calendário de cada temporada, já que o número de corridas por ano irá subir para os 25 como limite.

As conferências que antecedem o evento serão transferidas da quinta-feira para a sexta-feira, antes dos dois primeiros treinos livres, enquanto o terceiro treino livre irá ser aquele a partir do qual os monolugares ficarão em parque fechado, ou seja, com acesso limitado por parte das equipas. Noutra novidade, os carros deverão ser ‘devolvidos’ ao parque fechado na mesma configuração anterior ao TL1, pelo que qualquer peça ensaiada nos dois primeiros treinos será removida.

Todas as equipas devem ainda tomar parte em pelo menos duas sessões de treinos com peilotos que tenham completado dois ou menos Grandes Prémios.

Teto orçamental

Além disso, pela primeira vez na sua história, os orçamentos serão controlados, graças à imposição de um teto orçamental “para tornar o desporto mais justo e mais sustentável”. Será imposto um teto orçamental de 175 milhões de dólares por equipa, anualmente, aplicando-se a toda a performance em pista – no entanto, esta verba irá excluir os custos relacionados com o marketing, salários dos pilotos e os três principais responsáveis de cada equipa.

O objetivo é acabar com a grande discrepância de orçamentos existentes na Fórmula 1 e que tratou de distanciar os grandes construtores das mais pequenas equipas do pelotão desde meados de 1980.

Para reduzir também os gastos, haverá limitações nos componentes a desenvolver e um aumento de peças padronizadas. As novas regras ditam que as evoluções técnicas por cada grande prémio serão limitadas e o número de melhorias a aplicar durante a temporada igualmente, reduzindo por isso o custo de desenvolvimento ao longo do ano. Entre as partes padrão, a FIA inclui já as bombas de combustível ou coberturas das jantes. Entre as limitações mais importantes encontram-se também aquelas que dizem respeito à substituição das pastilhas de travão, que será também limitada.

Quanto às unidades motrizes, foram goradas as expectativas de grandes novidades, mantendo-se idênticas às atuais – V6 turbo com unidades elétricas associadas –, ainda que os sistemas de escape estejam agora integradas na lista de componentes do motor que serão limitados por ano, com cada piloto a poder usar apenas seis unidades antes de serem penalizados.

Os carros serão 25 kg mais pesados, em resultado dos novos pneus, alterações no chassis e na unidade de potência, tendo a FIA confirmado a manutenção das coberturas térmicas para os pneus em 2021 e 2022, embora a sua utilização vá passar a ter restrições. Os ensaios no túnel de vento serão igualmente limitados por semana, com o foco a ser colocado no menos dispendioso ciclo de simulações por computados (CFD).

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