Contacto Mercedes-AMG A35 4MATIC: Algo poderoso vem a caminho

05/12/2018

Foram cerca de 40 quilómetros bem medidos nas montanhas de Palma de Maiorca que mostraram uma faceta incrível e quase assustadora do novo produto saído das instalações da divisão desportiva Mercedes-AMG em Affalterbach.

O novo modelo de entrada da AMG, que ficará abaixo de um mais potente A 45 4MATIC que será revelado em 2019 com mais de 400 CV, tem aspeto relativamente discreto se se ignorarem elementos como os discos de travão sobredimensionados e a carroçaria mais rente do solo ou a dupla saída de escape. Mas o foco neste compacto é mesmo o dinamismo e os primeiros quilómetros mostraram bem como todos os elementos concorrem para uma experiência rítmica impressionante, elevando rotações e batimentos cardíacos em doses muito semelhantes.

Não deixa de ser já algo comum encontrar automóveis desportivos com potências em redor dos 300 CV ou até mais (casos do Focus RS, do Golf R ou do Civic Type R, apenas para citar aqueles com filosofia semelhante), mas no caso deste A 35 as prestações oferecidas ao condutor colocam-no a rodar de forma muito aproximada à de um superdesportivo, como atesta a aceleração dos zero aos 100 km/h em apenas 4,7 segundos.

Até há alguns anos atrás, este seria um número apenas ao alcance de mais exóticos desportivos, mas, fruto da evolução técnica, eis um Classe A com 306 CV extraídos de um novo motor turbo de 2.0 litros e quatro cilindros, que surge associado a caixa automática de sete velocidades de dupla embraiagem (AMG Speedshift DCT-7G) e tração integral 4MATIC avançada, capaz de efetuar uma gestão eficaz da motricidade em todos os momentos. A velocidade máxima é de 250 km/h, estando limitada eletronicamente. A caixa de velocidades tem patilhas atrás do volante para controlo manual/sequencial.

O melhor ‘shaker’ matinal

Foi com estes valores no pensamento que deslizámos para as seguríssimas bacquets desportivas (com sistema ENERGIZING que melhora a postura em viagens mais longas e função de massagem) montadas na unidade de provas em Palma, com os primeiros raios de Sol ainda a despontarem no horizonte. Mas no asfalto, depressa se começou a ouvir o troar de uma tormenta.

Na verdade, era apenas o escape do AMG A35, que no modo de condução mais desportivo, Sport+, exibe um entusiasmante borbulhar de cada vez que se tira o pé do acelerador ou em reduções de caixa. Mas, no texto, acrescenta sempre algum dramatismo…

Se esse é um aspeto sempre importante dos desportivos (para a geração atual, uma vez que a futura não quererá saber de silvos e de ‘pipocas’ no escape, preferindo a eficácia silenciosa elétrica), muito mais relevante é o comportamento. O motor é reativo e impressiona pela forma como entrega a potência – brusca e imensa – com o sistema de tração integral a fazer um ótimo trabalho na transmissão da potência ao asfalto. Impacta a maneira como ganha velocidade, mas também como trava, mercê do sistema de travagem majorado para responder à maior exigência dinâmica.

Assim, foram instalados discos ranhurados de 350 mm de diâmetro no eixo dianteiro e de 330 mm atrás. Ao cabo de muito abuso e de vários dias de utilização na mão dos jornalistas em apresentação internacional, registou-se alguma fadiga dos travões na nossa unidade, tornando o pedal mais ‘esponjoso’, mas percebe-se…

Acelerar até à curva, travar forte (por vezes em apoio) e atirar a frente do carro para o interior da curva e fazê-lo descrever a mesma de forma eficaz e precisa, com direção precisa e reativa, acaba por ser inebriante. O amortecimento, que tende a ser bastante firme no modo Sport+ (bem mais simpático em Comfort) contém sem mácula as transferências de peso em curva e o AMG A 35 4MATIC segue, composto, veloz e intenso pela montanha acima. Com uma nota de confiança bastante elevada.

Os consumos médios anunciados variam entre os 7,4 e os 7,3 l/100 km, consoante o equipamento escolhido e as jantes, mas esse valor combinado parece-nos complicado de atingir. Ainda assim, será possível rodar com médias entre os oito litros e os dez litros, mas… pé mais pesado pode fazer elevar o consumos para valores em redor dos 13 litros.

Tecnicamente, conforme nos explicaram os responsáveis da AMG com quem falámos, este modelo é quase totalmente diferente de um Classe A de base com reforços estruturais na dianteira, por exemplo, no compartimento do motor e trabalho também ao nível da suspensão, que neste caso conta com o sistema designado AMG Ride Control com componentes em alumínio de maior ligeireza, embora a companhia ofereça ainda como opção a suspensão com amortecedores adaptativos com três modos de firmeza. A direção também foi melhorada para maior precisão.

Os modos dinâmicos de condução permitem variar diversos parâmetros do veículo, incidindo na resposta do motor, sonoridade, caixa e gestão do sistema 4MATIC de tração integral. Em condução normal e sem exigências de maior em termos de motricidade, transmite toda a potência ao eixo dianteiro, mas pode repartir em 50:50 a força pelos dois eixos. Também o ESP tem funcionamento triplo, com um modo desportivo mais permissivo e um em que o mesmo é desligado por completo.

Por dentro, o ambiente desportivo impera, com elementos em fibra de carbono ou o volante de efeito espetacular com botões integrados para controlo de funcionalidades como os modos de condução. Tudo sem tirar as mãos do volante, como num carro de corrida. Já o sistema MBUX, estreado no Classe A, continua a evoluir e a mostrar a sua adaptação a novos formatos de veículo, com visuais únicos para a unidade AMG na instrumentação, além de modos específicos para utilização em pista com a possibilidade de carregar traçados mundialmente famosos para que os clientes possam testar as suas faculdades dentro das pistas. Continua a responder ao comando vocal ‘Hey Mercedes’ e a responder a pedidos para aumentar a temperatura a bordo, por exemplo. Como bónus, não enjoa em curvas…

Exteriormente, o visual é nitidamente mais desportivo, incluindo para-choques diferentes, com entradas de ar dianteiras mais amplas na frente e difusor atrás, enquanto um dos pontos de destaque é igualmente o spoiler superior na traseira, a que se juntam as jantes de 19 polegadas para uma composição visual efetiva.

Em suma…

O A 35 4MATIC é arrebatadoramente eficaz e deliciosamente viciante para, com ‘apenas’ 306 CV de potência e 400 Nm de binário, oferecer as prestações que oferece num modelo de segmento C Premium. O preço de 62.500€ a pagar está longe de ser um abuso, mas convém recordar que essa é a verba pedida pelo modelo de base, ao qual se podem adicionar dezenas de opcionais ao prazer de cada um (e do tamanho da carteira), sendo que este Mercedes-AMG tem um potencial enorme de condução, mais emotivo do que o anterior A 45 4MATIC e, arriscamos dizer, ainda mais eficaz.

Num mercado onde as propostas começam a ser muitas e todas muito interessantes, a divisão AMG merece ser congratulada pela conceção de um desportivo musculado para trajetos sinuosos ou track-days, mas também ‘afável’ nas viagens mais comedidas do dia-a-dia.

O spoiler superior tem duas versões. Esta, a mais simples, é a do modelo de base, sendo a mais complexa uma das primazias do nível Edition 1 de lançamento.

FICHA TÉCNICA

Mercedes-AMG A 35 4MATIC
Motor: Gasolina, quatro cilindros em linha, Turbo, injeção direta
Cilindrada: 1991 cm3
Potência: 306 CV às 5800-6100 rpm
Binário: 400 Nm às 3000 – 4000 rpm
Velocidade Máxima: 250 Km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h: 4,7 segundos
Transmissão: Tração integral 4MATIC otimizada; caixa automática de 7 velocidades
Peso: 1555 kg
Consumo Combinado: 7,3 l/100km
Emissões de CO2: 167 g/km
Preço desde: 62.500€

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