Dacia Sandero SL Adventure TCe 90 GPL: ‘Dá-lhe gás’ para andar e poupar!

23/07/2019

A Dacia tem feito um caminho bastante interessante no mercado europeu ao longo dos últimos anos. Embora não tenha deixado o seu posicionamento como marca de baixo custo, estratégia assumida e que, seja-se realista, tem dado bons frutos, a Dacia tem vindo a crescer de forma significativa, dando boa conta de si num mercado cada vez mais populado.

Nos primeiros seis meses de 2019, a marca do Grupo Renault registou um aumento de 10,5% nas vendas europeias, para um total de 311.841 unidades, o que dá um claro indício da vitalidade da Dacia.

Neste sentido, a nova geração do Sandero tem dado um grande contributo, uma vez que o novo compacto tem sido particularmente bem-sucedido, sobretudo no caso da versão de aspeto mais aventureiro Stepway, que reveste a carroçaria com alguns plásticos protetores e maior altura ao solo para chamar a atenção aos mais jovens (ainda que esta seja uma versão especial Adventure que traz um pouco mais de emoção à estética, mas não muito diferente de um Stepway comum). Missão cumprida, uma vez que o estilo, não sendo revolucionário, é suficientemente atraente para todos os que procuram um modelo duradouro e económico.

E se falamos de economia, esta é a versão que deverá merecer a maior atenção por parte dos interessados, já que o motor 0.9 TCe de três cilindros passa a ter a funcionalidade ‘bifuel’, ou seja, a possibilidade de funcionar a gasolina e a gás de petróleo liquefeito, vulgo GPL, que permite uma maior autonomia com proponente baixo custo.

Como funciona?

Um sistema fácil: o motor conta com dois sistemas de injeção e dois depósitos distintos, um para a gasolina e outro para o GPL (com capacidade para 18 kg), sendo este escondido sob o piso de carga da bagageira, que apenas retira espaço ao pneu sobressalente e não à capacidade, que é assim igual à dos modelos a gasolina ou a gasóleo. Na prática, a sua aplicação permite maior autonomia e, de igual forma, maior poupança – mesmo que o consumo seja ligeiramente superior. Porém, a poupança prometida é bastante interessante, sobretudo quando se atenta no custo de cada litro de GPL (com um preço médio de 0,60€) em comparação com um litro de gasolina de 95 octanas (acima dos 1,5€) e com um litro de gasóleo simples (cerca de 1,40€).

Ou seja, a poupança em relação à gasolina, ao cabo de 100 quilómetros, pode ficar acima dos quatro euros, um valor que quanto mais se amplia a quilometragem. O mesmo é válido para o gasóleo, ainda que aqui o menor consumo de combustível ajude a atenuar, ainda que a autonomia e o custo continuem a fazer pender a balança para o lado do GPL.

Como se conduz?

Reconhecido pela sua robustez, o Dacia Sandero acaba por ter no GPL um bom aliado para aquele que é o seu propósito maior – poupar. O funcionamento da motorização 0.9 TCe de 90 CV não é particularmente suave, mas é uma mecânica muito competente em praticamente todas as utilizações, promovendo acelerações com rapidez e retomas igualmente adequadas, sem que exija recurso constante à caixa manual de cinco velocidades (cujo manuseamento é algo ríspido). A entrada em ação do turbo é particularmente notória, dando azo a uma subida de ritmo, de acordo com o facto de os 140 Nm de binário surgirem às 2250 rpm.

Mas há ainda um outro ‘truque’. Para maior poupança, o Sandero conta com um botão ‘Eco’ (escondido pelo lado esquerdo do volante…), que atenua a resposta do acelerador e a intensidade da climatização. Se, por um lado, ao limitar de certa forma a resposta do motor tricilíndrico, incrementa o potencial de poupança, por outro, também torna o motor algo ‘estrangulado’, aí sim, levando a maior necessidade de recurso à caixa manual para as recuperações. Uma troca que, no entanto, compensa, até porque a resposta do motor é suficiente na grande maioria dos casos. Caso pretenda levar mais carga a bordo ou frequente muito a autoestrada, evite o modo ‘Eco’.

Em comparação com um carro a gasolina e mesmo tendo em conta um aumento no consumo de cerca de 15%, quem fizer 10.000 quilómetros por ano beneficia de uma poupança anual superior a 400€ apenas se utilizar o depósito GPL, que no nosso ensaio ‘durou’ mais de 200 quilómetros. O gasto de gasolina decorre apenas no momento de arranque, que é feito sempre a gasolina, mudando depois automaticamente – se assim estiver selecionado no comutador colocado na consola central) para o GPL. De forma impercetível e sem qualquer perda notória de rendimento.

Aliás, durante a condução, nada indicia que circula a GPL, a não ser claro o comutador com indicação luminosa ao lado da alavanca da caixa de velocidades. Não obstante, outra das vantagens deste combustível é a sua maior eficiência ambiental, não emitindo partículas nocivas e gases poluentes por a sua combustão ser quase total (uma poupança na ordem dos 13% em emissões de CO2).

Noutro parâmetro, a condução deste Dacia é simpática, mas sem entusiasmar. Com amortecimento muito suave e boa ‘digestão’ do mau piso, o Sandero Stepway é preferencialmente utilizável em ritmos mais prazenteiros, não convidando a grandes pressas, dado o rolamento da carroçaria e, também, a direção algo pesada e pouco comunicativa. Não se pode ter tudo e a Dacia sabe como apelar noutros campos para que ninguém se lamente por não estar ao volante de um desportivo.

O plástico não engana

Poderia ser o algodão, mas aqui é mesmo o plástico. Elemento predominante no habitáculo, o plástico rijo serve o seu propósito, mostrando robustez, ainda que nalguns pontos exista propensão para alguns ruídos parasitas. Mas, nada que surpreenda. O espaço a bordo está na média do que se espera de um carro de segmento B, com boas cotas de habitabilidade em altura e em largura (aproveitando bem este aspeto), sem brilhar particularmente no espaço para as pernas dos passageiros atrás. A bagageira, sem prejuízo da aplicação do depósito de GPL, é ponto positivo com os seus 320 litros, tirando ainda partido do rebatimento dos bancos traseiros, caso seja necessário levar mais carga.

Ponto ainda que importa reter: ao entrar ou sair dos lugares traseiros, pede-se atenção ao utilizador devido ao formato pontiagudo na parte superior das portas, que sobressai e pode levar os mais incautos a um ‘encontro imediato’ com a chapa. E esta ganha sempre…

Por fim, o equipamento: a versão Sandero conta com uma edição especial limitada denominada Adventure, que tem por base a variante Stepway (daí termos utilizado esta denominação ao longo do artigo), demarcando-se por aplicações específicas na carroçaria e no interior. De série, por 14.004€, o cliente leva itens já considerados comodidades como o sistema de ajuda ao arranque em subida, câmara de marcha-atrás, cruise control, ar condicionado automático, vidros elétricos à frente e atrás, retrovisores exteriores com regulação elétrica e sistema multimédia/navegação Media Nav Evolution compatível com Android Auto e Apple CarPlay.

VEREDICTO

A fórmula de poupança máxima é aqui aplicada pela Dacia com bons resultados, até porque a marca já conta com experiência no capítulo do GPL. Olhando apenas os dados de 2018, 67% dos carros vendidos a GPL eram da Dacia, à medida que muitos clientes vão olhando para esse combustível como uma alternativa mais rentável face à gasolina com poucos ou nenhuns prejuízos em termos de conforto de utilização ou de dinamismo. O motor 0.9 TCe permite andamentos folgados na maior parte das vezes e utilização agradável em modo normal (nem tanto no modo Eco), dando a este Sandero maiores veleidades em termos de prestações.

Se a poupança é ponto forte – tendo um ‘value for money’ muito interessante -, a adição do GPL acentua esta sua vertente, colocando-o num patamar de utilização em que é ainda mais amigo da carteira dos utilizadores. Proposta honesta de conduzir, sem falsas pretensões, este compacto cumpre todos os requisitos básicos para um condutor que procure baixos custos de manutenção e de operação, juntando algumas comodidades mais avançadas, sobretudo nesta variante especial Adventure.

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