Ensaio Mercedes-Benz GLB 180d: Assuntos de família

Alargando a família de modelos compactos da Mercedes-Benz, o GLB assume-se como a escolha sensata para quem tem uma família mais numerosa – até sete elementos – e ambiciona uma prática mais aventureira mais individualista nos dias de ‘escapadinhas’ pela natureza.

Um design mais robusto com extremidades curtas para um modelo mais versátil e funcional a todos os níveis. Com 4634 mm de comprimento, 1834 mm de largura e 1658 mm de altura (1662 mm para o modelo de sete lugares, como é o caso da unidade ensaiada), este GLB demarca-se ainda pela distância entre eixos de 2829 mm, o que supera o Classe B em 10 mm para um interior mais espaçoso em que a grande prioridade foi o aproveitamento das dimensões disponíveis.

Isto partindo exatamente da mesma plataforma que deu origem aos Classe A, Classe B, CLA, CLA Shooting Brake e GLA de nova geração, o que quer dizer que traz consigo uma boa dose de polivalência e dinamismo.

Aproveitando o facto de se poder movimentar a segunda fila em 14 cm, quem viaja nos lugares posteriores não tem qualquer problema de espaço, sobretudo quando se atenta na margem disponível para as pernas – ao contrário da largura, que nem por isso é excelente e pode causar constrangimentos para três adultos na fila intermédia de bancos.

Mas a movimentação da segunda fila é também fundamental para se poder montar a terceira fila de bancos, duas unidades muito compactas (opcionais por 950€) que, quando não estão em uso, ficam escondidos no piso da bagageira. Sem serem muito espaçosos, conseguem ser acolhedores para pessoas até 1,70 m (a Mercedes-Benz diz 1,68 m…), desde que os ocupantes da segunda fila também ajudem – isto por causa da colocação das pernas – ao aceitarem perder algum do seu espaço para as pernas.

Para pessoas mais altas do que os tais 1,68 m não se recomenda a viagem na terceira fila, porque os joelhos terão de ficar muito altos e dobrados, com pouco suporte também para a zona inferior das pernas. Garantido é que as crianças terão ali um lugar para explorar nas suas viagens, podendo até ligar os seus aparelhos portáteis a tomadas USB existentes nas laterais. Nota, ainda, para os airbags de cortina, ISOFIX e espaços de arrumação de objetos nesses mesmos lugares.

Também mais apelativo a crianças do que a adultos é o acesso à terceira fila, pois obriga a uma dose de contorcionismo que pessoas de menor agilidade terão dificuldade em encontrar, sobretudo ao sair.

Se a versatilidade acrescida pelo incremento dos dois bancos traseiros é proveitosa, já a bagageira é muito afetada nessa configuração, perdendo muita da sua capacidade para longas viagens – apenas 130. Retomando a configuração de cinco lugares, o GLB torna-se bem mais competente enquanto transportador, oferecendo então 500 litros (na configuração de cinco lugares em posição normal) ou 640 litros com a segunda fila ‘avançada’ ao máximo.

Robusto e de boa qualidade

Se, por fora, o desenho remete para uma influência mais aventureira, com extremidades curtas e proteções inferiores da carroçaria que enfatizam o seu caráter off-road, o interior replica, em grande parte, o visual dos Mercedes-Benz mais recentes, com o painel de instrumentos e o ecrã central ‘fundidos’ numa só superfície horizontal, embora no GLB ensaiado o painel de instrumentos fosse o de 7″, o mais pequeno, fazendo-se acompanhar do ecrã tátil central de 10.25″. O sistema MBUX, grande cartão-de-visita da gama Mercedes-Benz, é de série e proporciona utilidades como a facilidade de ditar comandos vocais para a navegação ou climatização.

Diferenciador é elemento tubular que alberga não só as saídas da climatização como se prolonga para o lado do passageiro, conferindo um visual mais ‘off-road’ ao habitáculo – tradicionalmente, nos jipes 4×4 mais exaustivos para o TT servem de pegas para o passageiro se agarrar nos saltos e ressaltos. Não é bem o caso aqui – serve mais um propósito estético. Esse formato tubular é replicado depois noutros elementos do interior, como nas pegas das portas. A construção está em muito bom nível na generalidade dos locais, assim como os materiais escolhidos conferem qualidade acrescida.

O lugar do Diesel

Acreditando que muita gente não vá utilizar o GLB para fins de todo-o-terreno, acreditamos que a versão 180d será a mais procurada. Equipada com uma variação do ainda jovem motor 2.0 turbodiesel (nome de código OM 654q), a versão de acesso convence com apenas 116 CV de potência.

Mesmo que a ficha técnica pareça indicar um valor escasso, a verdade é que a mecânica Diesel permite sempre andamentos ritmados, o que é em grande parte justificado também pela eficácia da caixa automática 8G-DCT, que extrai tudo o que este bloco tem para oferecer, sobretudo, em retomas, com os 280 Nm logo às 1300 rpm a servirem para animar o GLB de novo para outras andanças. Acerca da caixa de dupla embraiagem, de enorme suavidade, fica apenas o reparo de, nalgumas ocasiões, insistir em manter a mesma mudança por mais tempo do que o desejado. Nada de grave, porém.

Numa apreciação global, acaba mesmo por surpreender a maneira como o GLB responde às exigências na grande maioria das situações, embora a eventualidade de uma lotação esgotada a bordo (logo, mais peso) possa trazer consigo maiores dificuldades para os 116 CV desta unidade. Atendendo ainda ao facto de ser uma versão de tração dianteira e não integral, a 180d permite ótimo compromisso com a vertente económica, com os 5,2 l/100 km registados no nosso ensaio a deixarem uma boa imagem no que aos consumos diz respeito (o modo ECO do Dynamic Select ajuda neste capítulo ao permitir que role por inércia).

De igual forma, o comportamento dinâmico do GLB é bastante satisfatório, graças a uma suspensão ‘Comfort’ de série assente em esquema MacPherson na frente e multi-link atrás com trabalho especial ao nível do ruído e vibrações, que privilegia – lá está – o conforto, mas que não desaponta em curva, permitindo uma abordagem mais rápida às curvas, valendo-se ainda de direção precisa e com bom feedback. A forma como isola os passageiros do mau piso é um bom argumento para a família, mas também não deixa os seus critérios dinâmicos por mãos alheias, mesmo que, acelerando o ‘passo’ não esconda algum rolamento da carroçaria. Mas tudo efetuado de forma muito controlada e segura.

Com uma lista de equipamento generosa, o GLB mantém um cunho Premium também no preço, com um custo base de 42.500€, embora a unidade ensaiada tivesse já um custo total de 49.276€, graças aos opcionais montados, como a já referida terceira fila de bancos (950€), pintura metalizada Branco Digital (950€), Linha Style (1550€) ou o Pack Advantage (2250€).

VEREDICTO

Na grande leva de diversificação de produtos compactos na Mercedes-Benz, o GLB acaba por convencer e assumir até um pouco o papel de concorrente do Classe B, valendo-se de um estilo robusto a querer imitar um Classe G, mas com uma tónica no conforto muito apreciável que torna este SUV num ótimo modelo para as famílias mais numerosas. O facto de poder contar com sete lugares sob a forma de uma terceira fila de bancos dá-lhe igualmente uma vantagem face ao Classe B e pode ser determinante para quem procura essa pontinha de versatilidade suplementar.

Por outro lado, o motor 2.0 da versão 180d mostra ampla capacidade para movimentar o GLB em todos os seus percursos, algo que fica patente por exemplo nos 11,3 segundos que leva a acelerar dos zero aos 100 km/h, desfazendo a ideia de que 116 CV podem ser limitados. Não são e o GLB com o novo motor 2.0 turbodiesel – já em nada relacionado com o antigo bloco Renault – exibe ânimo até em baixos regimes, sendo preciso também salientar a eficácia da caixa automática.

Com um preço base justificado em pleno pelo equipamento de série, é importante também observar os muitos packs de equipamento que, embora aumentem o custo final, podem tornar a vida a bordo muito mais simples e fácil.

Por fim, de forma até algo surpreendente, o GLB mostra-se facilmente recomendável para todos os assuntos de família – desde as viagens de férias às escapadinhas pelo mato. Mas, sem exageros: a tração dianteira não faz magia.

MAIS

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Versatilidade

 

MENOS

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