Ford Fiesta Active+ 1.0 EcoBoost: Na cidade a sonhar com as escapadelas pelo campo

26/10/2018

Num determinado momento, um Fiesta de terceira geração estaciona ao lado do nosso Fiesta Active, lançado em meados deste ano, e a constatação é imediata: ‘como cresceu este utilitário da Ford ao longo dos anos!’. Agora, ultrapassa os quatro metros de comprimento e diversifica-se cada vez mais para responder aos novos tempos.

E, se o Fiesta é já um dos modelos mais bem-sucedidos da marca oval, a melhor forma de aumentar as vendas é com uma nova carroçaria decalcada dos princípios SUV que tanto sucesso fazem neste momento. Ou quase, porque nalguns aspetos continua a ser um bom discípulo da filosofia Fiesta.

Mais alto, mais forte

Voltando às dimensões do Fiesta, a noção de aumento no seu tamanho é ajudada pelo facto de ter agora uma série de elementos na carroçaria que tornam o seu visual mais agressivo: são disso exemplo as proteções inferiores da carroçaria a toda a volta, à frente e atrás combinando o plástico negro com componentes em prateado. Nas cavas das rodas também há proteções, dando-lhe maior largura, algo que é reforçado pela maior largura de vias (mais 10 mm) e pelo aumento da distância ao solo em 18 mm.

As jantes específicas de 17 polegadas ‘Active’ também são um dos elementos que mais reforçam a aparência campestre deste modelo, embora a sua apetência por maus caminhos se resuma a estradas de terra batida ou às (muitas) más estradas nacionais repletas de buracos e de irregularidades. Sem tração integral (deixa esse espaço para o Ecosport, SUV dedicado que tem tração às quatro rodas), o Fiesta Active vale-se então da maior altura ao solo e das proteções laterais, além de um modo dedicado de condução denominado ‘Slippery’, (baixa motricidade) que doseia a entrega da potência pelo eixo dianteiro para assim limitar perdas de aderência.

Além desse, o botão de modos de condução permite ainda alternar entre o Eco e o Normal, sendo que ambos são praticamente autoexplicativos. O primeiro remete para uma maior eficiência na condução, permitindo dessa forma ganhos nos consumos, que são um dos valores muito positivos deste modelo equipado com um premiado bloco de três cilindros EcoBoost (de apenas 1.0 litro) e com 100 CV de potência e 170 Nm de binário.

Elástico e com uma entrega de potência muito progressiva, sobretudo após as 1500 rpm, o motor de 100 CV permite uma agilidade digna de registo para este Fiesta Active, para respostas com fulgor tanto em cidade, como fora dela, aqui tendo ainda como bónus o facto de o motor redondo permitir recuperações eficazes sem recurso excessivo à caixa de velocidades, com um escalonamento acertado, mas com uma sexta relação pensada essencialmente para conter os consumos, sendo longa.

Esta motorização acaba, mesmo, por ser um dos pontos positivos mais importantes (não o único) da versão ensaiada, combinando o fulgor das prestações com os consumos contidos na fronteira entre os cinco e os seis litros. No nosso ensaio, com um percurso de 100 km feitos a velocidades legais e com 60 km de vias de cidade e os restantes 40 de vias rápidas, obtivemos 5,9 l/100 km.

Também a suavidade da mecânica é de salutar, tratando-se de um bloco de três cilindros, não existem praticamente vibrações, excetuando no arranque a frio, não havendo igualmente ruído excessivo proveniente do compartimento do motor. Vale a pena mencionar, pois, o bom trabalho de insonorização feito pela Ford.

Quem procure uma opção que agrade na condução tem aqui uma solução interessante, uma vez que o Fiesta Active mantém os bons predicados dinâmicos que são partilhados também com o modelo que serve de base: ou seja, elevada estabilidade direcional, segurança na mudança de direção e travagem eficaz. Além da largura de vias acrescida, houve também mudanças na suspensão (como se percebe pela maior altura ao solo), barras estabilizadoras mais grossas e direção com outra afinação. No cômputo geral, estas alterações resultaram num modelo que é divertido de conduzir, dando uma sensação de segurança e de solidez que o deixa numa posição de referência no segmento B. Não obstante, não será o mais confortável para os passageiros, notando-se as irregularidades do piso. Não em excesso, mas sentem-se.

Evolução interior

O habitáculo mostra que a Ford dedica grande atenção ao rigor e qualidade. Tablier com materiais suaves ao toque na parte superior, em combinação com plásticos de boa qualidade na zona inferior do habitáculo (exceção feita às portas, que na sua parte superior têm plástico duro) são boas credenciais do Fiesta. A montagem de painéis e controlos têm igualmente ótima qualidade, embora para a próxima talvez fosse uma boa solução optar por botões dedicados para os modos Eco e Escorregadio dos modos de condução.

Se na qualidade o Fiesta Active é um bom representante da filosofia de construção da Ford, aquilo em que não se destaca pela positiva é no espaço para os ocupantes dos bancos traseiros, sobretudo para as pernas de ocupantes mais altos. Até porque a linha descendente do tejadilho junto ao pilar C também não faz muito pela altura interior. Ainda assim, passageiros até 1,80 poderão viajar com comodidade. Já a bagageira não brilha, mas também não ‘penaliza’, com 311 litros.

 

Há ainda um ponto que revela, de certa forma, alguma concessão ao capítulo do design em detrimento da funcionalidade: os espelhos retrovisores exteriores parecem sempre curtos em relação ao que é norma no meio automóvel. Um pouco como a solução que o antigo Golf tinha do espelho direito mais curto do que o esquerdo… A rever, portanto.

Relação preço/equipamento que é ‘canhão’

No que ao equipamento diz respeito, o Fiesta Active surge aqui no nível ‘+’ (Active+, portanto), que recheia o modelo de itens importantes. Aliás, o Fiesta Active+ tem uma relação preço/equipamento que é quase ‘canhão’, dada a quantidade de sistemas que incorpora face ao preço (que já iremos detalhar) a que é proposto. Por 20.577€, este Fiesta beneficia do sistema SYNC 3 com ecrã tátil de 8” (cujo funcionamento é rápido e muito simples), com possibilidade de conectividade aos sistemas CarPlay da Apple e Android Auto. O sistema de navegação também faz parte do equipamento, bem como o sistema de áudio Premium da B&O Play, cuja qualidade sonora é altíssima. Nota, ainda, para os sistemas de segurança de série, que incluem a travagem automática de emergência, o alerta de saída de faixa ou o sistema de reconhecimento dos sinais de trânsito.

Mesmo os opcionais têm um preço acessível, como disso são exemplo a pintura metalizada (432€) ou a câmara traseira (457€) com sensor de tráfego cruzado, que completa o já de si elevado conjunto de elementos de segurança. Outros itens como a tecnologia de acesso e arranque sem chave, têm um custo de 254€,

Ora, aos tais 20.577€que a Ford ‘pede’ por este Fiesta Active+ há que ‘somar’ os descontos propostos e que fazem deste modelo uma tentação no segmento. Por um lado, há um desconto direto de 2410€, a que se junta ainda um incentivo à troca do carro antigo por mais 1200€ e oferta de equipamento no valor de 800€ à escolha do cliente. Na prática, o equipamento opcional do modelo ensaiado, por exemplo, pode ficar coberto por esta benesse…

VEREDICTO

Sendo preferível assumir o Fiesta Active+ como um aventureiro mais pensado para as urbes, este é um modelo que traça um padrão muito forte no segmento B, ficando na fronteira com um segmento acima, o do Focus, sobretudo em matéria de qualidade, acabamentos, equipamento e condução.

A solidez oferecida pelo chassis e pelos principais comandos, aliada à motorização que continua a ser uma das melhores em matéria de ‘downsizing’ (pelas prestações, pela suavidade e pela economia) fazem do Fiesta Active um automóvel com muitos pontos positivos e pouquíssimos pontos a melhorar (o espaço atrás é o que se pode apontar de forma mais fácil). Além disso, o manancial de equipamento proposto por preço mais do que ajustado tornam este robusto aventureiro urbano uma proposta tão apelativa quanto racional. A Ford complementa a gama com mais uma variante e tem aqui mais uma proposta fortíssima.

FICHA TÉCNICA

Ford Fiesta Active+ 1.0 EcoBoost 100 CV

Motor: Gasolina, três cilindros em linha, injeção direta, turbo, intercooler
Cilindrada: 999 cm3
Potência: 100 CV às 4500-6000 rpm
Binário máximo: 170 Nm às 1500-4000 rpm
Suspensão Dianteira: Multibraços, independente McPherson, barra estabilizadora
Suspensão Traseira: Barra de torsão
Tração: Dianteira
Caixa: Manual, seis velocidades
Aceleração (0-100 km/h): 11 segundos
Velocidade máxima: 181 km/h
Consumo médio (medido): 5,0 (5,9) l/100 km
Emissões de CO2: 113 g/km
Peso: 1164 kg
Bagageira: 311-1093 litros
Comprimento/Largura/Altura (mm): 4068/1756/1498
Distância entre eixos (mm): 2493
Preço: 20.577€ (campanha com desconto de 2410€, mais incentivo ao abate de 1200€ e 800€ de equipamento gratuito)

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