Mantendo o desenho diferenciador e único, o Civic foi sujeito a uma ligeira atualização de meio de ciclo. Tão ligeira que é necessário ter olho de lince para descobrir o que mudou neste facelift para 2020. O que se mantém é a excelência do binómio motor/chassis, que continua a ser de enormíssima qualidade.

A décima geração do Civic causou surpresa pela sua imagem mais agressiva, mas causou também grande agrado pela condução, uma vez que a sua agilidade e competência dinâmica estavam acima da média no seu segmento.

Na atualização apresentada em março de 2020, o Civic mantém praticamente inalteradas as suas características estéticas, embora conte com um para-choques ligeiramente redesenhado, com entradas de ar agora quase integralmente tapadas com um elemento na mesma cor da carroçaria nas aberturas laterais, onde também se encontram os faróis de nevoeiro circulares. Mais acima, a grelha foi também retocada. Na traseira, existe uma replicação dos mesmos elementos nas aberturas do para-choques, também na cor da carroçaria e pouco mais. Os faróis são agora Full-LED de série, dispondo de luzes de circulação diurnas com novo estilo. A verdade é que o compacto nipónico de cinco portas se mantém muito atual em termos visuais, pelo que se não der pelas diferenças…

No interior, há novidades maiores ao nível da interação com o sistema de infoentretenimento, que ganhou um muito requisitado botão físico de volume de teclas de atalho no lado esquerdo do ecrã tátil, que continua a ser centro de comando de um sistema algo datado na sua apresentação e interação, bem visível na navegação, por exemplo. Vale, porém, que está bem colocado, tem boa visibilidade e permite ligação com os smartphones por Android Auto e Apple CarPlay.

Sem alterações de monta no interior, a construção mantém-se em bom nível, com recurso a bons materiais na sua generalidade, mas não o suficiente para se colocar num patamar de referência na sua classe. Nota, ainda, para os muitos espaços de arrumação no interior, que tornam a vida quotidiana mais simples.

A habitabilidade é interessante para uma pequena família, com espaço mais do que suficiente para quatro adultos, sobressaindo pela amplitude oferecida atrás em praticamente todos os aspetos em análise: a menos positiva é a altura, mas ainda assim longe de importunar os ocupantes adultos. Sobressai, por outro lado, pelo espaço para as pernas e em largura, muito boa. Verdadeiramente impressionante, a bagageira é ampla e oferece 478 litros de capacidade, contando com um fundo falso também muito espaçoso.

Enérgico e seguro

A Honda não mexeu nas motorizações, com o 1.0 Turbo i-VTEC a manter-se como a base da gama nas propostas a gasolina, ainda que agora com 126 CV em lugar dos 129 CV até aqui declarados. Uma alteração que não faz qualquer diferença num compacto que continua a dispor de uma das melhores mecânicas de três cilindros do mercado, tanto em termos de prestações, como de refinamento.

Associado a uma caixa manual de seis velocidades muito bem escalonada e com um manuseamento preciso, este motor permite acelerações vivas e, sobretudo, atendendo à sua elasticidade, recuperações muito lestas, com um binário de 200 Nm a servir bem os propósitos de movimentação deste Civic. Apenas quando se quer assumir uma condução mais desportiva é que o recurso à caixa de velocidades se assume como preferencial.

 

E aqui entramos naquele que é um dos conceitos fundamentais desta geração do Civic, que é a sua condução. Extremamente ágil e seguro, este compacto oferece uma sensação de enorme competência ao volante, com direção precisa, boa transferência de massas (fruto da boa rigidez do chassis e do amortecimento muito equilibrado entre dinamismo e conforto) e precisão de trajetória que faz com que seja divertido de conduzir. Vale a pena frisar que uma das razões para este comportamento tão meritório passa pelo desenvolvimento conjunto do chassis do Type R em paralelo com o modelo de base, pelo que a sua resposta geral está entre as melhores do segmento, sem penalizar o conforto com conjunto de pneus 235/45 R17 e sem sistema de amortecimento adaptativo.

O consumo varia entre os cinco litros e os sete litros por cada 100 quilómetros, sendo numa condução mais pacata e com recurso ao modo ‘ECO’ (em botão ao lado da alavanca da caixa) suavizar os consumos de forma ligeira sem impactar muito nas prestações. No nosso ensaio, registámos 6,3 l/100 km, não muito longe dos 6,1 l/100 km anunciados pelo consumo misto WLTP.

A versão Elegance Navi surge com diversos equipamentos que lhe concedem valor, como o já supracitado sistema de navegação, a iluminação Full-LED ou o pacote de segurança Honda SENSING, bastante composto nas suas valências e que é também de série. O custo da unidade ensaiada ascendia aos 26.880€, destacando-se ainda a existência de garantia de sete anos sem limite de quilómetros.

VEREDICTO

A imagem será sempre polarizadora de opiniões, mas esta atualização de meio de ciclo tocou nalguns pontos que eram criticados desde o lançamento, embora nada se altere em demasia. Os detalhes cosméticos no exterior são mínimos e no interior há detalhes mais interessantes, sobretudo ao nível da interação Homem-Máquina (embora o sistema de infoentretenimento se mantenha e o funcionamento do computador de bordo também seja o mesmo, ou seja, algo confuso.

Porém, o Civic continua a compensar isso tudo com uma postura de condução que poucos no segmento igualam (Ford Focus é rival a ter em conta), a par de um motor de três cilindros compacto mas que é sólido no refinamento e nas prestações. Além disso, é familiar adequado, com espaço abundante e robustez a vários níveis.

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.