Publicidade Continue a leitura a seguir

Honda Civic 1.0 Turbo VTEC: A arte de saber arriscar

2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic
2017 Honda Civic

Publicidade Continue a leitura a seguir

A história do Japão está repleta de lendas associadas à arte dos samurai. Empregando traços firmes de força, disciplina, rigor e, acima de tudo, honra, os samurai povoam, ainda hoje, o imaginário de muitos aficionados pela cultura nipónica, podendo-se até tecer uma comparação entre o que os samurai representaram para o Japão e o que os ‘cowboys’ significaram para forjar o passado recente (pelos cânones históricos) dos Estados Unidos da América. Agora, há um samurai que está de volta, mais evoluído do que nunca, adaptado aos novos tempos e com grande vontade de dominar o segmento dos compactos familiares. O Samurai X está de volta.

Reconhecendo a importância do Civic, a Honda promoveu uma renovação completa daquele que é historicamente um dos seus modelos mais importantes (cerca de 92.000 modelos vendidos só em Portugal ao longo das nova gerações anteriores). Acima de tudo, a marca quis mostrar que quem sabe, nunca esquece. Não se pouparam esforços: uma plataforma completamente nova, munida das mais recentes tecnologias e uma gama de motores que, sendo toda turbo, tem nesta fase dois representantes muito meritórios a gasolina (Diesel só em abril de 2018).

Afinal, à Honda tem se dar o mérito de saber arriscar. O novo Civic representa uma mudança substancial face ao modelo da nona geração, o qual não chegou a convencer no mercado europeu. Para responder aos desafios dos tempos modernos, a marca construiu uma plataforma completamente nova para o seu familiar compacto de segmento C, mais leve e de maior rigidez estrutural, além de uma nova família de motores que torna este Civic num modelo de elevada competência.

Primeiro que tudo, salta à vista o ganho nas dimensões. O Civic está grande (com 4,52m de comprimento, mais 15 cm do que o anterior) e musculado, como se tivesse passado uma tarde inteira num ginásio para transformar as ‘gordurinhas’ em linhas bem definidas. O estilo pode não ser do agrado de todos (a estética é a mais subjetiva das apreciações), sobretudo a secção traseira com as grandes saídas de ar simuladas, mas acaba por ser um modelo agradável, com linhas muito aerodinâmicas que trabalham para uma maior eficiência (atente-se, por exemplo, na face interna do spoiler superior, que conta com pequenas arestas para gerar maior eficácia aerodinâmica).

Na frente, os faróis e a grelha têm como ponto em comum a lâmina horizontal que atravessa aqueles dois elementos, com um capot longo, ao passo que na traseira, um pequeno spoiler divide o óculo traseiro, mas com a visibilidade a não ser afetada a partir de dentro.

Odisseia do espaço

No interior, aliás, o Civic volta a marcar pontos com uma construção cuidada e boa seleção de materiais (mas não perfeita…) e muito espaço a bordo. Começando por este ponto, ao novo compacto da Honda não falta espaço para os ocupantes, qualquer que seja o parâmetro avaliado, embora a altura atrás possa levantar problemas a passageiros de maior estatura (acima do 1,85 cm será mais complicado). O muito espaço para as pernas revela que o aumento nas dimensões, sobretudo na distância entre eixos, trouxe grandes vantagens. Mesmo a largura está em muito bom nível para três passageiros atrás (agora 2.697 mm), cotando-se como um modelo com capacidade para levar cinco passageiros com facilidade. Também a mala obtém um valor de excelência com cavernosos 478 litros de capacidade, mesmo que, por outro lado, o rebatimento dos encostos dos bancos atrás não gere um piso plano na bagageira. Por outro lado, perdeu os bancos mágicos, mas o seu ‘adeus’ acaba por não ser pesaroso…

Pelo lado dos materiais, alguns pontos ainda merecem revisão, com superfícies macias ao tato na parte superior do tablier e plásticos na parte inferior, mas não muito escondidos. Além disso, alguns parâmetros de ergonomia não são muito interessantes, como por exemplo a colocação das tomadas USB e HDMI num patamar inferior e escondido na consola central, algo que já no HR-V existia. Noutra nota, a substituição de um botão rotativo de volume do áudio por um comando tátil no ecrã do sistema de infoentretenimento não é intuitivo. Mas esta não é uma situação exclusiva da Honda, pelo que se pode dizer que é mais um traço de feitio do que um ponto negativo. O sistema de comandos no volante também poderia ser melhor, acabando por ser confuso e pouco intuitivo.

Em contraponto absoluto está também a visibilidade geral (tema já ligeiramente abordado acima), que é agora muito melhor, sobretudo ao nível posterior (a visbilidade para trás em três quartos já quase não tem ângulos cegos).

Ao volante, que diferença!

Mas é ao volante que o novo Civic sobressai e impressiona pela suas credenciais. Este é um modelo que alia conforto e dinamismo de forma assinalável, assumindo-se, muito possivelmente, como o melhor representante da sua classe no que a este parâmetro diz respeito (taco-a-taco com o Ford Focus). A opção pelo eixo traseiro multibraços permite-lhe uma competência exemplar em troços sinuosos, mudando de direção com precisão assinalável sem que os ocupantes sejam ‘chocalhados’ em mau piso, numa prova do acerto de suspensão.

Mesmo a direção assume precisão e competência no feedback, pautando-se este modelo pela sua estabilidade direcional. Como extra, a marca propõe o sistema de amortecimento variável. É um bónus que permite melhorar o comportamento em curva, tanto mais que existe uma variação evidente no amortecimento – desligado, o conforto sai beneficiado, ligado é o dinamismo que sai valorizado. Útil sobretudo para quem pretende maior controlo nas operações, embora a suspensão de série nos pareça igualmente muito competente e suficiente para uma dinâmica envolvente. A nova plataforma, 16 kg mais leve e com aumento de 52% na rigidez, também tem a sua quota-parte de responsabilidade na condução desportiva.

Naturalmente, toda essa competência é igualmente aproveitada pela versão Type R, percebendo-se que esta é uma boa base – leve, ágil e desportiva -, mesmo quando, no caso do modelo ensaiado existem ‘apenas’ 129 CV de potência e 200 Nm (às 2.250 rpm) à disposição. Aqui, a propósito do motor 1.0 Turbo VTEC, vale a pena salientar que este é, muito provavelmente, o motor 1.0 tricilíndrico mais interessante do seu segmento (o Ecoboost da Ford também está lá bem em ‘cima’, mas o Honda é algo mais redondo), com uma capacidade de resposta que chega a impressionar pelo pulmão com que sobe de regime. A Honda levou muito tempo a desenvolver este motor, mas o trabalho desenvolvido no Japão revela-se muito positivo.

Unindo turbocompressor, intercooler e injeção direta a gasolina, este motor tem também algum do antigo carácter do VTEC, mas agora não vale a pena levar o ponteiro das rotações até perto do ‘redline’. Uma boa parte do binário está presente logo em baixas rotações – à volta das 1.300 rpm já se obtém uma boa resposta -, evidenciando o facto de ser uma unidade muito ‘redonda’, o que lhe vale recuperações também de muito bom nível. Também a caixa de seis velocidades tem um tato e uma precisão muito superiores, permitindo também um manuseamento rápido e desportivo. No geral, sente-se rápido, mais do que os 11,2 segundos da aceleração dos 0 aos 100 km/h deixam transparecer.

Se nas prestações o motor 1.0 Turbo se revela uma surpresa muito agradável, já nos consumos o caso é um pouco mais ‘pálido’, uma vez que este é um motor que tende a rondar a casa dos seis litros por cada 100 quilómetros. No nosso ensaio, com 60% de percurso em cidade e os restantes 40% em nacionais e vias rápidas sempre a velocidades de cruzeiro, obtivemos um valor de 5,9 l/100 km, mas em utilização algo mais ‘afoita’, o valor tende a subir. Notas ainda a melhorar: o ruído e as vibrações a frio, embora a velocidades mais altas a insonorização seja muito boa.

Quanto ao valor a pagar, o Civic com este motor 1.0 Turbo começa nos 23.300 euros, mas a versão ensaiada e mais completa em termos de equipamento, a Executive Premium, chega perto dos 30 mil euros (29.730 euros). Contudo, para justificar este preço há um pacote total de extras, como os bancos em pele, suspensão adaptável, o sistema de infoentretenimento Honda Connect NAVI, bancos aquecidos à frente e atrás e jantes de 17 polegadas. Ponto em que este modelo está também muito bem representando é no do equipamento de segurança, com o pack Sensing disponível para todos os níveis de equipamento. Nesse incluem-se o Sistema de Paragem de Emergência, Sensor de pressão dos pneus, Sistema de Travagem Atenuante de Colisões, Avisador de Colisão à Frente, Sistema de Assistência à manutenção na faixa de rodagem, Avisador de Saída de Faixa Sistema Atenuante de Saída de Estrada, cruise control adaptativo e Sistema de Reconhecimento da Sinalização de Trânsito.

Note-se que, no lançamento, o novo Civic conta com 1.500 euros de valorização adicional da retoma, acumulável com a campanha de financiamento de desconto 1.250€. Ou seja, potenciais menos 2.750 euros no preço final.

VEREDICTO

O Samurai X (‘X’ de décima geração, mas também pela evocação do samurai ficcionado ‘Himura Kenshin’, para quem conhece a história do manga), esperou pelo momento certo para atacar e chegou repleto de vontade de se tornar numa das referências no segmento dos familiares compactos.

Mesmo com alguns pontos melhoráveis (essencialmente a bordo), o novo Honda Civic assume-se como um dos modelos mais interessantes e relevantes do seu segmento, aliando boas prestações, dinâmica exemplar, conforto de muito bom nível, tecnologia de ponta, espaço a rodos e uma bagageira que é a melhor do segmento para lidar, cara a cara, com modelos como o Volkswagen Golf, Peugeot 308 ou Renault Mégane, apenas para mencionar alguns dos concorrentes neste importante segmento. É difícil não tecer elogios a um carro que tem uma base tão ágil e um pacote tão completo de características, em que o motor 1.0 Turbo é uma verdadeira surpresa positiva, com desempenho que o coloca num patamar cimeiro. No geral, um modelo muito recomendável.

Nota: Tendo por inspiração a ‘Trilogia dos Três Sabores de Gelado’, pensada pelos britânicos Simon Pegg e Edgar Wright em adequação a cada um dos seus filmes (de ‘Shaun of The Dead‘ a ‘The World’s End‘, passando por ‘Hot Fuzz’) eis o segundo dos ensaios com inspiração em séries de animação japonesa. Chamemos-lhe a ‘Trilogia do Anime’. O primeiro foi este.