“N” razões do Hyundai i30 Fastback para ter saudades da estrada

08/04/2020

Em tempos de quarentena, consulto as notas do ensaio do Hyundai i30 N Fastback. São muitas as razões para ter saudades de ir para a estrada com este motor de 2,0 litros turbo de 275 cv. Até o som ficou na memória.

A monotonia provocada pelo isolamento social imposto pelo novo coronavírus contrasta, em tudo, com o entusiasmo sentido, na estrada, ao volante de determinados modelos. Confinado em casa, consulto a memória e espreito apontamentos para escrever sobre o Hyundai i30 Fastback N. O “N” não está aqui por acaso. É uma expressão utilizada para referir vários motivos. Na matemática, por exemplo, o “N” representa o conjunto dos números naturais, que vão de zero ao infinito. Não serão infinitas as qualidades deste modelo sul-coreano, admitamos. Mas o segundo modelo da marca, na Europa, a carregar a “letra” alusiva ao Centro de Pesquisa & Desenvolvimento de Namyanga, na Coreia do Sul (unidade onde são testados os projetos mais selvagens) tem muitas.

 

Esta carroçaria de cinco portas conjuga as caraterísticas de um modelo familiar com um coupé de cariz desportivo. Uma ousadia algo incomum entre as marcas não premium.

Ficam particularmente bem ao i30 N as jantes de 19 polegadas, os pneus específicos Pirelli P Zero, os discos de travão reforçados à altura das performances e o sistema de escape cuja sonoridade seduz os enamorados dos motores térmicos de competição. Mas já lá vamos.

O que o distingue da versão convencional? Uma carroçaria 30 mm mais baixa e uma suspensão rebaixada em 5 mm e 15% mais rígida. Só estas afinações já “mexem” e muito com o seu comportamento. Mas há outras. Vias traseiras mais largas do que as dianteiras, uma elasticidade das molas aligeirada no eixo dianteiro e leis especificamente desenhadas para a direção – modificações impostas pelos 120 mm de comprimento extra do Fastback.

Prazer de condução

A estética do i30 N Fastback impõe a presença na estrada. Releio nos meus apontamentos. “Parece-me um modelo mais atraente ao vivo do que nas fotos”. E ao olhar para as imagens que acompanham este texto, reafirmo a minha opinião inicial. Não que não seja fotogénico. Longe disso. Mas há pormenores que parecem escapar à lente.

Melhor do que o visual, porém, é o conteúdo. O motor de 2.0 T-GDI de 275 cv de potência às 6.000 rpm (com o pack Performance), e o binário de máximo de 353 Nm às 1450-4700 rpm, são garantias de prazer de condução. Como o provam os 6,4 segundos que demora na tradicional aceleração 0-100 km/h. Tudo sempre acompanhado pela banda sonora perfeita: um gerador eletrónico de som, que emite uma espécie de rugido de animal feroz.
Segundo valores da marca, os consumos combinados são de 8,2 l/100 km, mas, na realidade, este é um registo que facilmente se ultrapassa com uma condução apimentada.

No bloco onde apontei as considerações, encontro uma nota sobre a caixa manual de seis velocidades, “rápida e bem escalonada” e ainda sobre o sistema N Grin com cinco modos de condução à escolha e acionáveis no ecrã central de 8’’ ou através de um botão situado próximo dos braços do volante. São eles o “Eco”, de cariz ambiental (emite 188 g/km de CO2); “Normal”, “N” e “N Custom”, permitindo este afinar a suspensão, o motor, a direção e o próprio controlo de estabilidade (pode ser desligado), consoante as emoções pretendidas pelo condutor. O travão continua a ser de mão, para que não se perca nunca a verdadeira ligação entre a mecânica e quem vai ao volante.

Um dos últimos apontamentos do meu bloco é sobre o preço: 45.722 euros do i30 N. Um valor que, entre os rabiscos, aparece a palavra: “justificados”. Estará o confinamento a exacerbar os sentimentos?