Opel Mokka-e: Em busca do tempo perdido

26/04/2021

Primeira proposta 100% elétrica do crossover compacto espelha o futuro rosto e coração da Opel.

É uma espécie de revisão filosófica do tempo, ao melhor estilo da obra-prima de Marcel Proust, “Em busca do tempo perdido”. O Opel Mokka, que despertou este mês de abril para uma nova vida comercial, conhece, pela primeira vez, uma variante 100% elétrica, que acrescenta um “e” ao seu apelido: Mokka-e. Na sua memória, guarda o erro de ter caído num absurdo sistema de classes de portagens nacional, que o taxou como “2”. Mas a nova geração deste crossover com ar de SUV, ou vice-versa (classe 1, diga-se), acredita ser possível recuperar o tempo perdido, colocando, no mesmo plano, passado, presente e futuro.

A nova geração do Mokka não abdica dos motores tradicionais a gasolina e Diesel, todos eles mais limpos e eficientes. Mas foquemo-nos neste Mokka-e, que representa a nova existência da Opel no universo Stellantis (ainda que tenha entrado para o grupo ainda na era PSA). Começa por ser um manifesto estético, com o verde a demarcar a sua existência elétrica das restantes. Mas é mais do isso. Esta nova geração do modelo é o rosto do futuro da marca.

O “Vizor”, assim chama a Opel ao conceito de design, marcará a expressão pura e fluida de todos os modelos da marca nos próximos anos – elétricos ou não. A equipa de Mark Adam, vice-presidente da Opel para o design, criou uma secção dianteira inspirada na viseira de proteção de um capacete, onde integra a grelha, os faróis e o logótipo, tudo num único módulo. Uma herança, recorde-se, da primeira geração do Opel Manta, desportivo apresentado em 1970 e que exibia (até) um verde semelhante ao que dá cor a esta versão elétrica.

A influência estilística recua ainda ao eterno “rã das folhas”, da década de 20 do século passado, que marcou o início da produção de modelos em série da marca. Ou seja, esta versão não poluente combina, desta forma, o verde da carroçaria com o negro do capot e tejadilho, detalhe que as opções de combustão mantêm e conjugam com cores ditas “normais.

Para iluminar o caminho num mercado nacional mergulhado nas “trevas”, conta, exclusivamente, com a tecnologia LED, de elevada qualidade, incluindo a mais recente geração de faróis de matriz IntelliLux.

Tecnologia pura

A revolução também se fez por dentro. Ou não estreie este o habitáculo o conceito Pure Panel. Trata-se de um painel de instrumentos 100% digital e de elevado conteúdo tecnológico, mas simplificado de modo a mostrar em destaque a informação relevante. Os ecrãs são de grande amplitude e estão voltados para o condutor de modo a facilitar a sua visibilidade, eliminando uma variedade de comandos.

O painel de instrumentos dispõe das mais recentes tecnologias digitais e presta as informações mais importantes ao condutor. Exemplo? A gestão da energia armazenada na bateria do Mokka-e, sem ter de recorrer a qualquer tipo de estímulo visual (sempre) incomodativo. A redução ao mínimo de teclas e controlos permite um equilíbrio entre digitalização e operação puramente intuitivo, sem necessidade de passar através de submenus.

Com 4,15 metros de comprimento, a designação do modelo surge, pela primeira vez, no centro da tampa da bagageira, recorrendo a um tipo de letra moderno.

 

Ritmo elétrico

Como se comporta o Opel Mokka-e na estrada? O melhor elogio possível será dizer que, ao fim de poucos quilómetros, ser 100% elétrico já não era questão. Recorre aos préstimos de um motor elétrico de 100 kW (136 cv) de potência e 260 Nm de binário instantâneo, o que garante uma condução “solta” e prestações surpreendentes: 9,0 segundos é o que demora para cumprir os tradicionais 0-100 km/h. E 3,7 segundos é o tempo no arranque 0-50 km/h. A velocidade máxima está limitada, eletronicamente, aos 150 km/h para não gastar demasiada energia e encurtar a viagem.

O sistema permite escolher entre três modos de condução: Normal, Eco e Sport. A bateria é de 50 kWh de capacidade, garantindo uma autonomia de 324 km. Num posto rápido, a bateria do novo Mokka-e recupera 80% do seu estado de carga em apenas 30 minutos (corrente contínua a 100 kW). Mas o modelo permite várias opções de recarregamento, desde instalações monofásicas até trifásicas de 11 kW, desde wallbox à tomada doméstica.

A Opel oferece uma garantia de oito anos/160.000 km para a bateria. E da gama de acessórios consta um útil cabo de recarregamento “universal”, equipado com múltiplos adaptadores que permitem a ligação à grande maioria dos postos de recarregamento existentes na Europa. Algo a ter em conta, sobretudo, em viagens mais longas.

 

FICHA TÉCNICA
Opel Mokka-e
Motor: íman permanente, síncrono
Potência: 136 cv
Binário máximo: 260 Nm
Aceleração 0-100: 9,1 s
Velocidade máxima: 150 km/h (limitados)
Bateria: 50 kw/h, iões de lítio
Consumo: 18 – 17,4 kW/h
Autonomia: 313-324 km (WLTP)
Tempo de carga: 5,15 horas com wallbox (CA trifásico) a 11 kW
Bagageira: 310/1.060 litros
Preço: 42.100 euros (versão Ultimate)*
*Desde 36.100 euros