O Honda Civic Type R continua a ser um dos modelos desportivos mais almejados entre os familiares compactos de tração dianteira, envergando ainda a excentricidade digna de um filme de ‘Mad Max’, mas a concorrência vai cerrando fileiras. Estará o Type R ainda no topo da cadeia? Um regresso rápido ao Motor24 dissipa as dúvidas.

Lançado em 2018 com elogios de diversos quadrantes, o Civic Type R rapidamente se tornou no rei do segmento dos desportivos compactos de tração dianteira, sobretudo pela sua competência dinâmica associada a um motor muito eficaz e de rápida resposta. No capítulo mecânico, tudo na mesma: o motor 2.0 i-VTEC Turbo de 320 CV de potência e 400 Nm de binário máximo mantém-se, sempre associado a uma fiel caixa manual de seis velocidades, com manuseamento quase perfeito e escalonamento acertado.

Ora, não sendo ainda a versão atualizada, o Civic Type R mantém a sua enormíssima estabilidade quando ‘puxado’ ao máximo, oferecendo ao condutor uma sensação de controlo e de eficácia em curva que muitos dos seus rivais não conseguem oferecer, com este Civic desportivo a mostrar-se, até certo ponto, como um prolongamento das intenções do condutor.

A direção dotada de uma precisão assombrosa e um chassis rígido que obedece sem mácula às ordens do volante, potencia uma estabilidade direcional que quase se torna sobrenatural, com o trabalho da suspensão a destacar-se, tanto em modo ‘Sport’, como em modo ‘+R’, este preferencialmente para os circuitos, mas que não se torna ‘irascível’ em pisos bem conservados de estrada pública, mesmo que deixe a condução mais ao risco do condutor.

É, pois, nesse modo que o Type R revela a sua verdadeira natureza, com uma resposta do motor pronta, subindo de regime e galgando velocidade com entusiasmo, esmagando qualquer receio de ‘turbo lag’ nas respostas. O motor nunca está em falta e obedece com digna prontidão à maior pressão no acelerador, sendo este um dos seus pontos fortes – uma mecânica potente e voraz, dando a impressão de estar longe do seu limite e, sobretudo, capaz de empolgar, associada ao já referido acerto da caixa de velocidades.

Nessa sua ‘alma’ tão própria, o Civic Type R, quando levado ao limite, parece quase um carro de competição civilizado, mas não chega ao mesmo extremo do Renault Mégane R.S. Trophy-R, guiando-se de forma decidida em percursos sinuosos, sendo de enaltecer a forma ordeira como o eixo traseiro e o dianteiro trabalham em conjunto para passagens velozes em curva. Também aqui o consumo tende a ser mais elevado, o que também é óbvio, ficando usualmente na casa dos oito ou nove litros por cada 100 quilómetros. No ensaio, em condução sem grandes excessos, média de 8,7 l/100 km, apenas mais 0,2 l/100 km do que o homologado.

O conforto varia entre o muito aceitável em modo ‘Comfort’ e o muito mais firme no modo ‘+R’, que sem ser impiedoso em mau piso, naturalmente, traduz poucos benefícios para o bem-estar dos ocupantes, que tiram partido de habitáculo repleto de detalhes desportivos, como as bacquets dianteiras com o símbolo Type R e ótimo encaixe para o corpo. Ainda por dentro, espaço muito adequado à frente e atrás para quatro ocupantes, tendo a bagageira ainda uma boa folga para pequenas famílias irem de férias. Construção também positiva, mesmo que se mantenham também os materiais de agradabilidade variável e um sistema de infoentretenimento confuso, o mesmo se aplicando no computador de bordo, cuja lógica é algo estranha.

A sonoridade dos escapes é ambígua. Por um lado, nas viagens mais longas, não é intrusiva e é até agradável, mas falta-lhe carisma quando no modo ‘Sport’ ou ‘+R’, pouco se dando a ouvir… Mas aqui haverá sempre gostos contraditórios.

No entanto, o Civic Type R é máquina especial, que é algo que se mantém desde o lançamento. Um concentrado de competência dinâmica que os seus rivais continuam a ter de ultrapassar, mesmo se em prestações puras outros lhe possam levar a melhor – como são os exemplos do Mercedes-AMG A35 4MATIC ou do Renault Mégane R.S. Trophy-R.

Na versão GT, a mais equipada, há quase tudo a que tem direito em termos de equipamento opcional, com um preço ajustado de 51.750€.
VEREDICTO
Continua a ser um dos desportivos compactos mais desejados e o mais excêntrico em termos visuais. No entanto, corresponde em cada centelha ao que seria de esperar de um modelo deste género. Mecânica impetuosa de 320 CV, montada num chassis com carácter quase irresistível e uma vivência que nos afasta amiúde da realidade quotidiana para um âmbito mais ficcionado dos circuitos. Tudo orientado ainda por um consumo moderado e habitabilidade correta.
Se é ainda o melhor dos compactos desportivos de tração dianteira. No geral, sim. Em sensações e performances, neste momento, apenas igualado pelo mais caro e muito mais extremo Mégane RS Trophy-R, que retira peso como quem fez dieta ao longo de dois anos a comer apenas folhas de alface. Crucialmente, também, muita da sua acessibilidade diária, que é algo que o Civic mantém.
MAIS
Prestações entusiásticas
Comportamento magistral
Habitabilidade aceitável
Consumo moderado
MENOS
Sonoridade dos escapes ‘anónima’
Utilização do computador de bordo
Sistema de infoentretenimento a precisar de ‘melhores dias’

 

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